Diário do Nordeste
Números de matriculados na Educação Infantil da Capital em 2009 preocupam especialistas
De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), 30% das crianças de zero a três anos de idade deveriam estar matriculadas em creches. Porém, segundo o último Censo Escolar da Educação Básica de 2009, Fortaleza tem apenas 6,73% desta população matriculadas, ou seja, das 151.753 crianças, só 10.217 estão em creches.
Para a economista da Metas Pesquisa e Avaliação Educacional, Fabiana de Felício, que estará na Capital na próxima segunda-feira, 14, no auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, os números são preocupantes. Segundo a pesquisa desenvolvida por ela em 2009, o investimento em Educação Infantil como uma política pública se torna essencial por parte dos gestores públicos. “É eficaz para melhorar o desempenho dos estudantes, especialmente daqueles em situação socioeconômica mais vulnerável”, explicou a pesquisadora.
A conclusão da avaliação é que o ingresso mais cedo na escola tem efeitos positivos sobre a alfabetização das crianças. As diferenças aparecem principalmente em relação àqueles que só ingressaram na escola com seis anos ou mais. Não foram encontradas diferenças significativas sobre a alfabetização entre quem ingressou na escola com três e quatro anos, ou entre quatro e cinco anos. “Foram encontrados diferenças significativas entre quem ingressou com três anos ou menos e quem ingressou com cinco anos”.
A integrante do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil (MIEIB), Maria de Jesus Araújo Ribeiro, disse que a situação de Fortaleza teve uma evolução a partir do momento que educação infantil foi municipalizada, porém ainda falta estrutura, maior número de creches e profissionais capacitados para atuarem nos equipamentos públicos.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação (SME), informou que as novas demandas para a construção de mais creches são indicadas pela própria população no Orçamento Participativo (OP). E que este ano mais creches estão sendo inauguradas, portanto mais crianças serão atendidas.
Atualmente a população de zero a três anos está em 136 creches, sendo 79 municipais e 57 conveniadas, além de quatro escolas que atendem esse público. Foi informado também que as crianças matriculadas nas creches ganham mochila, sandália infantil, short e blusa. Na atual gestão, o número de vagas em creches aumentou em 98,8%.
Outro passo importante conquistado pela prefeita foi a construção de creches padrão MEC. Ao todo são sete creches com este formato. Nessas unidades, a estrutura é direcionada para acessibilidade, com rampas e banheiros adaptados. A meta é que sejam construídas mais creches neste formato.
Todos os dias nas creches do Município, diz a SME, as crianças são assistidas por um professor e um auxiliar em cada sala de 20 alunos, além do coordenador pedagógico presentes em todas as unidades. O número de alunos e espaço das salas segue a Lei de Diretrizes Básicas 9394/96 (LDB).
Saiba mais
Desempenho escolar
Estudos recentes sugerem que entre os efeitos das intervenções educacionais na primeira infância podem-se citar melhores desempenhos em testes de habilidades (aos nove e 14 anos); menor incidência de repetência (aos 15 anos) e evasão (aos 21 anos) e de engajamento em educação especial (aos 15 anos); melhores desempenhos escolares no colegial; maiores taxas de conclusão do Ensino Médio; maior probabilidade de estar frequentando a universidade (aos 21 anos); menor nível de prisões (aos 27 anos); maiores salários (aos 27 anos); menor utilização de assistência do governo (aos 27 anos). O estudo pode ser utilizado como forma de orientar o gestor público.