ONG acusa faculdade de cancelar evento com cartaz de beijo de lésbicas em MG

JULIANNA GRANJEIA
colaboração para a Folha de S.Paulo

O presidente da organização MGM (Movimento Gay de Minas), Marco Trajano, afirmou que irá processar a Faminas (Faculdade de Minas) de Muriaé (MG) por discriminação e homofobia. A faculdade teria vetado a divulgação de um cartaz (veja abaixo) com a imagem de duas mulheres se beijando e demitido a coordenadora do curso de serviço social, Viviane Pereira.

De acordo com Trajano, o cartaz seria utilizado para divulgar a 7ª Semana Acadêmica do Serviço Social, que aconteceria nesta semana na Faminas, com o tema “Fortalecer as lutas sociais para romper com a desigualdade”. No entanto, a direção da faculdade vetou o uso do cartaz, que também tem imagens de negros, índios, deficientes e sem-terra.

“A direção exigiu que a coordenadora retirasse a imagem das duas meninas se beijando, ela se recusou e foi demitida. A professora Viviane também disse que iria comunicar aos alunos e palestrantes do evento o motivo pelo qual o evento foi cancelado. E foi o que ela fez. Eu seria um dos palestrantes”, afirmou o presidente da MGM.

Em nota divulgada nesta terça-feira, a Faminas informou apenas que o evento cancelado será realizado no segundo semestre e que as atividades culturais da instituição “se pautam no respeito à diversidade, na busca constante da diminuição das distancias sociais”.

A assessoria da Faminas informou também que somente o procurador da instituição, Eduardo Goulart, poderia falar sobre o assunto e que ele estava viajando.

Denúncia

Segundo Trajano, a imagem do cartaz foi copiada da capa da agenda de 2010 do Conselho Federal de Serviço Social. “A Faminas alegou que o cartaz era ofensivo à família mineira e que dentro dos muros da faculdade a homofobia poderia ser abordada, mas que não queria que a faculdade fosse relacionada, externamente, com o assunto”, disse o presidente da ONG.

Trajano afirmou que vai processar a faculdade com base na lei 14.170 do Estado de Minas Gerais. “É uma lei de combate á homofobia e, sendo uma personalidade jurídica, vamos questioná-la. Também vamos fazer uma denúncia junto ao MEC (Ministério da Educação) porque essa postura é contrária às orientações do ministério. E, no dia 31, vamos promover um beijaço em frente ao prédio da faculdade”, disse.

A Enesso (Executiva Nacional de Estudantes do Serviço Social) divulgou uma nota de repúdio “a atitude conservadora, discriminatória e autoritária protagonizada pela mantenedora da Faminas” e a demissão da coordenadora.

Na nota, os estudantes caracterizaram a atitude da instituição como absurda. Eles dizem que o código de ética do profissional de serviço social prega o empenho na eliminação de todas as formas de preconceito e incentiva o respeito à diversidade e é contrário a qualquer tipo de discriminação.

A Folha tentou entrar em contato com a ex-coordenadora do curso de serviço social, mas ela não foi encontrada para comentar o assunto.

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