Bispo de Jales critica "fundamentalismo" de religiosos que condenam plano

LARISSA GUIMARÃES
da Sucursal de Brasília

O bispo de Jales (SP), dom Luiz Demétrio Valentini, criticou ontem o “fundamentalismo” de religiosos da Igreja Católica, que querem condenar todo o 3º PNDH (Plano Nacional de Direitos Humanos). Os bispos estão reunidos em Brasília, na 48ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), e deverão apresentar nesta quarta-feira um documento com críticas ao plano dos direitos humanos.

De acordo com dom Valentini, parte dos bispos vê o plano como uma “provocação” e, por isso, quer condenar em bloco todo o PNDH-3. Ele disse temer que seja fechado um documento “marcado pelo fundamentalismo”, pois para ele o plano de direitos humanos traz muitos avanços.

“A gente percebe que existe um patrulhamento externo, mandam centenas de e-mails [para os bispos], invocando o evangelho para condenar em bloco [o plano], para mandar o presidente para o inferno e mais não sei quem junto”, disse dom Valentini.

“Alguns bispos parece que se sentem mais motivados por esse tipo de posicionamento, que para mim é caracterizado por um fundamentalismo incompatível com os nossos tempos”, completou.

O PNDH-3 tem provocado polêmica desde o início do ano, por tratar de temas como o aborto, o que enfureceu setores da Igreja Católica. Após pressões, o governo resolveu modificar o trecho que tratava do aborto e poderá também alterar o item sobre a ostentação de símbolos religiosos, como crucifixos nas paredes. A versão final do plano dos direitos humanos deverá ser assinada pelo presidente Lula e divulgada pelo governo.

Segundo dom Valentini, a discussão sobre o PNDH-3 na última segunda-feira foi marcada por tensão e falta de consenso. De acordo com o bispo de Jales, parte dos religiosos não aceita que o plano de direitos humanos trate de questões como a profissionalização de prostitutas, a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo e a união civil gay.

“Tenho esperança de que prevaleça o bom senso. Tenho a esperança de que não vamos fazer um documento marcado pelo fundamentalismo”, afirmou.

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