Associação europeia conquista prêmio ODM Brasil ao adaptar trabalho filantrópico com gestantes à realidade de cidade da periferia do Amapá.
Quando veio para o Brasil, há 15 anos, a associação italiana A Nossa Família tinha a intenção de desenvolver um projeto destinado a melhorar a saúde de grávidas portadoras de necessidades especiais, iniciativa que se mostrou um sucesso no país europeu.
A ideia era adaptá-lo à realidade brasileira, mais especificamente à do Amapá, um dos Estados mais pobres da nação, embora detenha, junto com o Amazonas, o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Norte e do Nordeste – indicador, no entanto, superado por todas as unidades federativas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Ao chegar ao país, a instituição filantrópica, sem fins lucrativos e de orientação católica, deparou-se com uma necessidade mais aguda: a de auxiliar as gestantes do bairro de Fonte Nova, na cidade de Santana, uma das mais pobres do Amapá. Os voluntários e coordenadores da associação perceberam que a maior parte delas estava abaixo do peso, não realizava os exames pré-natal da forma apropriada e era carente.
Decidiram, então, mudar o foco da iniciativa, que acabou se tornando o programa Promovendo a Vida e o Desenvolvimento Saudável, um dos 20 ganhadores da terceira edição do Prêmio ODM Brasil. Ao todo, a premiação teve 1.477 práticas inscritas, que foram avaliadas por um comitê técnico de especialistas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
“Aqui no centro de saúde pediátrica, nós não fazemos distinção de raça ou religião, e atendemos mães grávidas que não conseguem inserção nos hospitais da rede pública”, explica a diretora da associação A Nossa Família, Antonella Rota. Diariamente, passam pela clínica cerca de 150 gestantes, que têm consulta com hora marcada, para evitar filas e desconfortos às futuras mamães.
Saúde infantil e materna
Nas consultas mensais, as grávidas se pesam, fazem exames pré-natal, de laboratório e sorologia (soro sanguíneo) e recebem vacinas que ainda não tenham tomado, além de assistirem a palestras e receberem aconselhamento de terapeutas. O centro também faz o acompanhamento da saúde das crianças até completarem cinco anos de idade.
Caso apresentem problemas de saúde como hipertensão e diabetes, as gestantes são monitoradas por médicos especializados, e recebem medicamentos prescritos pelos profissionais e uma orientação de seu modo de utilização. “Nós tínhamos um neurologista, que fazia exames como o eletroencefalograma, mas o médico saiu da clínica, e ficamos sem esse serviço”, lamenta Antonella.
Ao todo, 30 funcionários trabalham no centro, e somente cinco deles são voluntários. Os demais recebem salário de acordo com sua função. Para se manter, o local conta com convênios com a Prefeitura de Santana, com a Secretaria de Estado da Saúde do Amapá e com a ajuda de doadores da Itália e do Brasil, que auxiliam, entre outras coisas, a comprar alimentos e remédios às frequentadoras da clínica.
A fama do centro já ultrapassou a fronteira do bairro de Fonte Nova e atraiu gestantes de outras localidades amapaenses. “Elas sabem que, aqui, as crianças crescem saudáveis e são bem acompanhadas até os cinco anos”, acrescenta Antonella. Na clínica, as grávidas também aprendem a fazer o enxoval do bebê, com materiais distribuídos de forma gratuita.
Em 2009, o centro realizou 2.711 consultas de pré-natal e 4.934 exames nas gestantes, enquanto foram registradas 4.182 consultas pediátricas e 4.957 exames laboratoriais.
(Envolverde/PNUD Brasil)