Acaba de ser lançado o relatório do Fórum Permanente de Mulheres Negras: avaliação dos 30 anos do I Encontro Nacional de Mulheres Negras, um marco para o movimento de mulheres negras no Brasil. A avaliação foi realizada pela Articulação de Ongs de Mulheres Negras Brasileiras, nos dias 14 e 15 de março deste ano, durante o 13 Fórum Social Mundial, em Salvador/BA. Juntamente com a AMNB, participaram do processo organizações nacionais que compõem o Comitê Mulheres Negras Rumo ao Planeta 50-50 em 2030.
O Fórum Permanente de Mulheres Negra: Avaliação dos 30 anos do Encontro Nacional de Mulheres Negras constituiu-se em momento especial de avaliação da trajetória de organização das mulheres negras brasileiras nessas últimas três décadas. Os relatos e memória das ações de preparação do 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras incluíram desde as estratégias de articulação política àquela época às suas
metodologias. Uma avaliação de percurso e trajetória, que sem deixar de apontar embates e avanços, culmina com a realização da Marcha das Mulheres Negras – Contra o Racismo, a violência e pelo Bem Viver – 2015, com a participação de maisde 50 mil mulheres negras de todo o país, em Brasília, no dia 18 de novembro de 2015.
Nesses 30 anos, as mulheres negras brasileiras protagonizaram a tarefa de dar visibilidade à sua agenda de direitos, atuaram firmemente para a criação de organizações de mulheres negras, e qualificaram o embate/debate político-ideológico sobre o racismo e o sexismo que imperam na sociedade brasileira. As mulheres negras brasileiras protagonizaram avanços no plano organizativo, no plano das políticas
públicas e marcaram a trajetória política de desmonte do “mito da democracia racial”. As mulheres negras brasileiras travaram à luta e a crítica contra o capital, as relações de classe, e todas as formas de opressão, propondo uma sociedade com base na dignidade humana, no desenvolvimento humano, social e equitativo. Ou seja, as mulheres negras tem reivindicado o estabelecimento de um novo Pacto Civilizatório para o Brasil. “Se fomos vitoriosas?…” Os debates apontaram que, parcialmente, sim,
mas que ainda tem-se muito a percorrer.
O debate também proporcionou a análise de conjuntura sobre o acirramento do racismo, aprofundamento das desigualdades, empobrecimento da população negra, concentração de riquezas, feminicídio de mulheres negras, assassinato de jovens negros, encarceramento da população negra, crescente encarceramento das mulheres negras em todo o país, precarização do trabalho, apropriação dos bens produzidos por todas e todos pelo capital transnacional. Um quadro substancialmente agravado nos últimos três anos.
Fonte: Relatório Final do Fórum Permanente de Mulheres Negras: Avaliação dos 30 anos do Encontro Nacional de Mulheres Negras.
Informações: http://www.amnb.org.br/