Por CFEMEA
Nós feministas temos um convite para te fazer: você conhece aquela alegria de estar entre milhares de mulheres que junto contigo podem transformar o mundo? A alegria de ser sujeito da nossa própria história, de pertencer, de ser parte e não ser excluída? Conhece aquela emoção que faz o coração saltitar? Aquela vibração que faz ressoar a sua indignação, sua sede de justiça e igualdade, abarcando todo mundo que está ao redor? Sabe aquele espaço capaz de abraçar e reverberar a expressão da sua alegria e também da sua revolta? Já viu aquela manifestação onde você pode chegar com as suas crianças, porque tem espaço construído colaborativamente para cuidar delas? Sabe quando você está no meio de um monte de gente e todo mundo sabe que é muito injusto as mulheres trabalharem mais horas que os homens, ganharem menos e terem menos direitos? um monte de gente que sabe e defende que o corpo é da mulher e é ela quem decide? que tem certeza que um não é um não? que maternidade é escolha e não obrigação? Conhece aquele lugar onde denunciamos a boçalidade e a brutalidade do conservadorismo reinante e somamos esforços para resistir e proteger nossos direitos? Já esteve naquele espaço onde se fiam redes para enfrentar as desigualdades e articular nossos projetos feministas e libertários, para despatriarcalizar, desracializar, e decolonizar as relações sociais e o poder?
O espaço da nossa manifestação no 8 de março é assim, se constrói entre todas nós, com a sua presença, a sua participação, com o cuidado entre nós! É o resultado de um processo, coletivo, intenso, vívido, contínuo, de muitas sinergias entre mulheres de todo o mundo!!!
Neste 8 de março, nós mulheres (você também!) estaremos protestando, nos manifestando, afirmando nossos direitos, nutrindo nossos sonhos, “pintando e bordando”, construindo desde já, um futuro onde todas e todos possamos viver bem, ter direitos e ser livres.
E você não pode perder este Dia Internacional da Mulher! Porque cada uma é muito importante para renovar a ousadia, redobrar a criatividade e potencializar a luta de todas por justiça e igualdade. Cada uma de nós é indispensável para impedir a rendição de muitas, submetidas a tanta truculência, tantas formas de exploração, discriminação e exclusão.
Façamos deste 8 de março mais um momento ímpar das nossas vidas e, ao mesmo tempo, mais um capítulo importante da nossa história.
Aqui no Brasil, em toda a América Latina, nos cinco continentes, tratemos de abrir espaço para a construção de redes que alimentem a nossa resistência já.
Contra o individualismo que nos torna impotentes, nos reunamos! Façamos deste momento do 8 de Março e dos processos coletivos que lhe sustentam uma nutrição poderosa para superar a imensa fragilidade que a individualidade desprovida de vínculos sempre nos impõe. Eu sou porque nós somos – Ubuntu. Reconheçamos umas às outras, nas nossas diferenças e desigualdades. E reconheçamos os outros, que solidariamente nos apoiam em nossas lutas.
Ocupemos as ruas com coragem e com cuidado, pratiquemos e afirmemos o cuidado como um dos princípios que nos orienta e sustenta nossa ação transformadora: o cuidar de si, o cuidado entre nós e também o cuidado com os bens comuns da terra e da humanidade.
Sejamos subversivas contra a ordem de cada uma por si, contra a mercantilização do cuidado, a privatização da seguridade social, a ditadura da estética, o lucro às custas das nossas vidas, contra o poder patriarcal que gera hierarquia e reproduz subordinações.
Reconheçamos as desigualdades e a diversidade que nos constituem como mulheres no mundo, Valorizemos nossas muitas experiências, saberes e capacidades e neste nosso país multirracial e pluriétnico, primemos pelo diálogo intercultural. Cuidemos dos princípios éticos e políticos que nos são tão caros: horizontalidade, solidariedade, reciprocidade, liberdade, igualdade e justiça.
Não tenhamos dúvida: a força das mulheres – a força de todas e cada uma de nós, o sentido que conferimos como feministas à transformação social é profundamente emancipatório, não só para as próprias mulheres. Pensar, organizar e mobilizar processos de transformação com e pelas mulheres é uma revolução! E nós a sustentamos todos os dias, na luta contra a dominação patriarcal, o racismo, o etnocentrismo, a lesbo-homo-transfobia e o capacitismo e a sujeição da vida de todos os seres no planeta à ganância capitalista.
Fonte: CFEMEA