Fim do processo eleitoral comprova: esquerda recuou e o fundamentalismo religioso ganhou força

Neste domingo (30 de outubro), 57 cidades do país foram para o segundo turno, e envolveram certa de 32,9 milhões de eleitores segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O único partido de esquerda a conquistar um pleito foi o PCdoB em Aracaju. O PT e o PSOL não tiveram vitória em nenhuma das cidades em que concorreram.

O Partido dos Trabalhadores estava no segundo turno em sete prefeituras, mas não saiu vitorioso em nenhuma. O PSOL disputou duas, Manaus e Rio de Janeiro, mas perdeu para o PSDB e para o PRB, respectivamente.
Apenas mulher foi eleita no segundo turno (Raquel Lyra, do PSDB, foi eleita na cidade de Caruaru-PE), confirmando a tendência de pouca representatividade feminina do primeiro turno.

É importante lembrar que apesar de algumas candidatas feministas, com campanhas posicionadas, terem conquistado boas votações como vereadoras, em boa parte das cidades os partidos de esquerda perderam espaço nas câmaras. Na atual conjuntura política essa é uma importante base de apoio para o governo golpista de Michel Temer.

Vitorioso no Rio, Marcelo Crivella, pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, marca a chegada de um candidato ligado às igrejas evangélicas à prefeitura de uma grande capital. Em seu discurso de vitória, Crivella reforçou seu compromisso com a diversidade religiosa (embora só tenha agradecido às igrejas cristãs) e com o enfrentamento a temas como a legalização do aborto e a “ideologia de gênero”. Se o acesso ao aborto já vinha sendo dificultado gradativamente nos últimos anos, agora com o empenho do novo prefeito vai ser muito difícil as mulheres conseguirem atendimento mesmo nos casos previstos em lei.

No resultado, é possível perceber que Crivella contou com o apoio das pessoas da Zona Oeste e das favelas, onde Freixo teve menor inserção. É um desafio para o PSOL e demais partidos de esquerda angariar apoios nesses territórios.

Uma prefeitura fundamentalista vai exigir do movimento feminista mais estratégia para conseguir barrar os retrocessos e conter as ações do governo. Depois de um grande ciclo de mobilizações, talvez seja a hora de pensar como construir outras formas de luta.

Texto de Priscilla Brito para a Universidade Livre Feminista.

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