O documentário independente Formigueiro – A Revolução Cotidiana das Mulheres,que faz um registro audiovisual da mobilização de mulheres em todo o país em defesa de autonomia total sobre suas escolhas e contra a violência, chega agora à reta final de produção. Para concluir a obra, a equipe – 100% formada por mulheres – conta agora com o crowdfunding, que é o financiamento colaborativo de indivíduos e empresas para tirar do papel projetos bastante autorais, que ficam de fora do apoio cultural mainstream.
“A ideia surgiu do nosso envolvimento pessoal com a militância feminista de base, com a Marcha Mundial das Mulheres, que leva o feminismo para além dos grandes centros e une, em torno de um cotidiano de luta por garantia de direitos, as mulheres urbanas e rurais, como as agricultoras, as ribeirinhas, as de comunidades indígenas e quilombolas”, comenta Bruna Provazi, diretora do documentário.
Após finalizado, o filme viajará o país em um circuito de exibição popular itinerante, especialmente onde o acesso a salas de cinema ainda é limitado. Posteriormente, o longa será disponibilizado também na internet. “Um filme em que as mulheres se veem representadas é uma forte ferramenta de empoderamento. Queremos levar esta problematização para diferentes audiências e contamos muito com o apoio dessa rede que tem se fortalecido na internet para concluir este projeto”, explica Tica Moreno, uma das produtoras do filme.
O apoio ao Formigueiro – A Revolução Cotidiana das Mulheres começa com valores a partir de R$20 e pode ser feito no site Benfeitoria, clicando aqui. Para conhecer mais sobre a produção acesse o site oficial do filme ou siga a página do filme no Facebook.
A diretora de fotografia, Yasmin Thomaz, reforça a importância do registro audiovisual para o fortalecimento do feminismo. “O cinema tem o poder de revelar as intersecções entre quem filma, quem é filmado e quem assiste. Funciona como uma ponte conectando pessoas que, aparentemente, não têm elos porque vivem em realidades diferentes, mas que, no final das contas, estão submetidas à mesma dinâmica”, comenta. “Este documentário vai contar não apenas a história das mulheres retratadas nele. Mas a sua, a minha, a história de todas as mulheres”, completa Li Fernandes, que divide com Yasmin os créditos pela fotografia.
O nome Formigueiro vem do que a equipe entende ser o trabalho de formação feminista hoje. “O país avançou em muitos aspectos, mas entendemos que estas mudanças poderiam ser ainda mais relevantes para as mulheres, não fosse o machismo tão enraizado em nossa cultura, que ainda estabelece alguns papeis a elas, dentro e fora de casa. A percepção disso, por mulheres e homens, no entanto, depende de uma mudança mais profunda. É um trabalho de formiguinha mesmo, que precisa mudar séculos de uma organização social que não dá o devido protagonismo às mulheres”, diz Ana Paula Farias, também produtora do longa.