I EFLAC: Bogotá, Colômbia

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Os preparativos para este Encontro começaram em maio de 1980 e foram marcados por intensos debates. Seus objetivos eram:

“Fazer uma reunião de mulheres latinoamericanas comprometidas com uma prática feminista, para trocar experiências, opiniões, identificar problemas e avaliar as distintas práticas desenvolvidas, assim como planejar tarefas e projetos para o futuro. A participação será individual, o que não exclui delegadas de grupos feministas autônomos. As mulheres que ali vão se encontrar terão uma prática feminista e um interesse particular pelo avanço no processo de organização e liberação da mulher”.

Uma parte do movimento defendia que o Encontro fosse amplo e incluísse mulheres de distintas organizações e se setores de movimentos de esquerda. Outra parte, queria que o encontro fosse reservado às mulheres com alguma prática feminista. Essa tensão já refletia um debate que marcaria os primeiros 5 encontros: a relação entre os movimentos feministas e a esquerda masculina revolucionária, e mais tarde, à medida que o movimento crescia, a relação entre os movimentos feministas e o mais amplo movimento de mulheres.

A tensão não foi superada e o consenso foi pela definição de um Encontro, sugerindo uma construção coletiva e descentralizada.

Finalmente, entre 18 e 21 de julho, o Encontro aconteceu no espaço do Instituto Nacional de Estudios Sociales (INES). 189 feministas de 19 países se dividiram em 4 comissões de trabalho para discussão de diversos temas, como Sexualidade e Vida Cotidiana, Mulher e Cultura, Mulher e Trabalho e Feminista e Luta Política. O tema da violência contra as mulheres esteve presentes em todos os grupos.

Em Feminismo e Luta Política, o debate foi intenso em torno de perguntas como: O que busca construir o feminismo? Quais são as condições específicas do movimento feminista na América Latina? Quais são os obstáculos básicos que enfrenta? Como ampliar, fortalecer e aprofundar a participação organizada das mulheres dos setores populares? O que é o socialismo para as feministas?

Como parte das resoluções finais, se decidiu realizar em Lima o II Encontro Feminista, e se declarou o dia 25 de novembro como “Dia Mundial pelo fim da violência contra as mulheres”. Outra resolução foi exigir de organismos internacionais como a Onu e a Corte Internacional de Genebra pela investigação permanente dos casos de violação de direitos humanos das mulheres.

Segundo Alejandra Restrepo e Ximena Bustamante, dentre os principais legados do encontros estão:
– A especificidade do feminismo na América Latina e sua relação com os processos históricos de transformação no continente e também com a transformação da vida cotidiana.
– O feminismo foi definido como uma luta contra o capitalismo e as relações de subordinação entre os países e contra as relações de poder nas suas múltiplas expressões.
– Ao mesmo tempo, reconhecendo a importância da luta de classes, foi debatida a especificada das relações de dominação entre os sexos.
– Colocou-se a necessidade de independência em relação aos partidos políticos.

 

Referência: ENCUENTROS FEMINISTAS LATINOAMERICANOS Y DEL CARIBE: APUNTES PARA UNA HISTORIA EN MOVIMIENTO, de Alejandra Restrepo e Ximena Bustamante. 

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