MEEL lança manifesto pelo Estado Laico

O MEEL – Movimento Estratégico pelo Estado Laico, formado por movimentos e organizações ligados às temáticas LGBT, racial, feminista, religiosa e estudantil lançaram um manifesto em que defendem a laicidade nas eleições 2014.

Foto: CFEMEA
Foto: CFEMEA

Resultado de um seminário realizado em Brasilia na semana passada, o manifesto denuncia “a corrida das principais candidaturas para conseguir votos de líderes religiosos que negociam a fé de fiéis no período eleitoral”. Segundo o MEEL, o “diálogo privilegiado com um setor religioso compromete qualquer futuro governo e ameaça a laicidade que marca o Estado brasileiro”.

O manifesto também afirma que o diálogo com as religiões não pode resultar em retrocesso político. “Entendemos que a pauta que abarca as religiões é a da liberdade de culto e credos e da diversidade religiosa. Reafirmá-las não pode tornar-se antagônico à garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, da igualdade racial e de gênero, da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica, da redução de danos e de uma nova política sobre drogas que não sirva ao encarceramento e extermínio da população jovem, pobre e negra. A religiosidade não pode ser elemento obstrutor do processo democrático, histórico, afirmativo e reparatório em curso no Brasil”.

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Manifesto na íntegra:

Bloco do Estado Laico – em defesa da laicidade nas eleições 2014

Causa-nos profunda preocupação, nessas eleições presidenciais de 2014, a corrida das principais candidaturas para conseguir votos de líderes religiosos que negociam a fé de fiéis no período eleitoral. O diálogo privilegiado com um setor religioso compromete qualquer futuro governo e ameaça a laicidade que marca o Estado brasileiro.

Entendemos que o Estado Laico é uma conquista de muitas mulheres e homens que sacrificaram suas vidas defendendo seus cultos em cenários de imposição religiosa que marcaram a história do mundo – como a Inquisição. Assim, foi para garantir a liberdade de crença a todas as demais religiosidades que o Estado tomou para si o ideal da laicidade furtando-se da adoção de um sistema religioso oficial.

A forma como essa disputa tem sido feita soa para nós como um sinal de retrocesso do ponto de vista deste princípio republicano, nos acende um sinal de alerta. Entendemos que a pauta que abarca as religiões é a da liberdade de culto e credos e da diversidade religiosa. Reafirmá-las não pode tornar-se antagônico a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos, da igualdade racial e de gênero, da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica, da redução de danos e de uma nova política sobre drogas que não sirva ao encarceramento e extermínio da população jovem, pobre e negra. A religiosidade não pode ser elemento obstrutor do processo democrático, histórico, afirmativo e reparatório em curso no Brasil.

Entendemos que a busca pelo poder ou a sua manutenção não deve ser justificativa para ações e/ou alianças não republicanas, que envolvam candidaturas baseadas em lógicas rasas e meramente eleitoreiras, não contribuindo para as mudanças profundas e as reparações tão necessárias que necessitam o povo brasileiro. Acreditamos na conquista de corações e mentes e que é preciso respeitar as heranças culturais que marcam a historicidade e religiosidade da nossa nação, repudiando assim alianças que venham marcadas por atitudes contrárias aos princípios democráticos e as liberdades de expressão e manifestação, sejam de crenças ou afetos, em nome de uma desesperada corrida eleitoral.

Entendemos a importância de todas as religiões como uma decisão de foro íntimo. Não pertencemos a um Estado religioso. Convocamos todas para somarem-se no próximo período a uma ampla mobilização e defesa da laicidade nas eleições 2014. Conclamamos a organizações e pessoas, candidaturas e plataformas, democratas, republicanos e progressistas, a igualmente somarem-se na constituição de um grande bloco histórico e plural que defenda o Estado laico.

Somos diversidade! Lutamos por uma democracia que respeite nossa pluralidade, sem privilégios ou sobreposições de nenhum grupo ou setor em relação às agendas e necessidades dos demais. Somos umbanda, espiritismo, candomblé, catolicismo, budismo, islamismo, protestantes, de tradições indígenas, judaísmo, ateísmo, hinduístas, agnósticos! Somos lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais! Somos quilombolas! Somos cidadãs e cidadãos! Somos povo brasileiro – a verdadeira aliança capaz de refletir a democracia que queremos.

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