8 de março de 2013
Fortalecer o feminismo,
Defender o Estado laico,
Construir uma sociedade democrática e justa,
Conquistar a liberdade para todas as mulheres!
Vivemos em um tempo em que muitos querem que esqueçamos todos os direitos conquistados, sob a alegação de que devemos honrar a família e valorizar o papel do homem. Querem que acreditemos que há um Deus que nos fez diferentes para que algumas pessoas fossem melhores do que as outras, um Deus que legitima a desigualdade e não a comunhão ou a solidariedade.
Querem nos convencer que não podemos ter autonomia e que devemos nos calar e apenas obedecer. Vivemos em um tempo em que os fundamentalismos religiosos querem o controle dos nossos corpos e das nossas vidas. Contra eles é preciso lutar, é preciso resistir. Disso depende a nossa liberdade.
Nesse contexto, nossos direitos sexuais e reprodutivos estão seriamente ameaçados. Temos acesso a pílula e outros métodos contraceptivos, mas ainda não temos total controle da nossa vida reprodutiva. Ainda corremos riscos de morte quando precisamos abortar e enfrentamos dificuldades para criar os filhos que escolhemos ter, em geral sozinhas ou com pouca participação dos homens e insuficiente responsabilização do Estado.
Nesse tempo, cresce a força política do fundamentalismo religioso que aqui no Brasil atua principalmente no interior de igrejas cristãs de distintas denominações. Vinculados a estas Igrejas, os fundamentalismos são também expressões políticas e se organizam ideologicamente. Usam da fé das pessoas para semear toda forma de intolerância e preconceito.
Para nós, esses fundamentalistas religiosos são a nova face da inquisição, expressão do poder patriarcal e conservador. É principalmente contra essas doutrinas e seus representantes que levantamos nossas vozes neste 8 de março.
Ao fincarem as suas raízes em todos os lugares do país, inclusive o Estado não chega, os fundamentalistas se organizam e estabelecem como alvo os direitos humanos, a liberdade das mulheres, a livre orientação sexual e a liberdade religiosa. Assim, facilmente se aliam a conservadores da elite, como a Bancada Ruralista no Congresso Nacional. A força política fundamentalista também está na mídia, controla muitos veículos de comunicação, e determina o que as pessoas podem saber.
Para nós mulheres os fundamentalistas religiosos reservam o lugar de coadjuvantes, auxiliares dos homens. A família, nessa concepção, tem uma estrutura fixa: é heterossexual e comandada pelos ‘chefes’ de família.
Apesar de todo esse poder, de tudo o que nos está sendo imposto, estamos na luta. Enfrentamos cotidianamente estes que querem nos oprimir e que em nome de uma crença propagam o ódio e a descriminação. Nós somos muitas, estamos em todos os lugares e continuaremos lutando pela igualdade e pela nossa liberdade!
Articulação de Mulheres Brasileiras, 8 de março de 2013
A AMB é uma organização política não partidária e feminista comprometida com as lutas anti-patriarcal,anti-racista e anti-capitalista. Atua potencializando a luta das mulheres brasileiras nos planos nacional e internacional e orienta sua ação para a transformação social e a construção de uma sociedade democrática, tendo como referência a Plataforma Política Feminista (construída pelo movimento de mulheres do Brasil, em 2002).
Atualmente, a AMB se orienta por cinco prioridades: a paridade na política; a mobilização pela vida das mulheres em defesa da legalização do aborto; a luta pelo fim da violência contra as mulheres; a conquista de políticas
públicas que efetivem os direitos das mulheres; o enfrentamento ao racismo e a lesbofobia e o enfrentamento ao modelo de desenvolvimento que agrava a crise social e ambiental no planeta. Sua Secretaria Executiva Nacional sediada na cidade de Belém e pode ser acessada pelo e-mail:
amb@articulacaodemulheres.org.br.