Bruno Folli, iG São Paulo
Ambientes pouco ventilados e sol forte favorecem a desidratação e a queda de pressão arterial
Calor em excesso pode colocar a saúde em risco
Não é raro encontrar alguém que reclame do calor quando os termômetros passam dos 30 graus.
Cansaço, tontura e suor em excesso são as principais queixas, especialmente de quem é obrigado a trabalhar com roupas formais e pesadas. E não pense que isso é frescura. O calor é capaz de fazer uma pessoa desmaiar e também pode desencadear quedas perigosas de pressão arterial.
A base dos problemas está na desidratação. O corpo libera mais suor para controlar a temperatura e isso gera duas consequências danosas. O sangue fica denso e passa a concentrar as substâncias que normalmente carrega, como o colesterol.
“Além disso, a capacidade vascular do organismo reduz e os vasos sanguíneos tentam compensar diminuindo seus orifícios”, explica José Luiz Cassiolato, cardiologista do Hospital Nove de Julho.
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A consequência disso é um imediato agravamento de eventuais lesões. “Se a pessoa tem uma lesão de 30% no vaso, ela passa a ser de 60%. Há risco de infarto”, adverte o médico. “Quanto menor o calibre do vaso, maior a chance de complicações. Por isso, também pode acontecer um AVC (acidente vascular cerebral)”, alerta.
As complicações vasculares não atingem apenas quem já tem algum histórico de cardiopatia, elas podem também ser a primeira manifestação de quem sequer desconfiava ter o problema. Isso porque as doenças vasculares costumam ser silenciosas, sem sintomas aparentes. Não raro o primeiro sinal delas é o próprio infarto.
Pressão arterial
O calor dilata os vasos sanguíneos e isso tem impacto direto na pressão arterial, fazendo-a despencar. É daí que surgem as sensações de cansaço e tontura. Há risco de desmaios. Se o quadro for combinado com desidratação, a pessoa estará sujeita aos problemas graves descritos acima.
Parece até razoável pensar que ser hipertenso represente alguma vantagem neste contexto, pois a queda da pressão alta a tornaria mais próxima da normalidade. Mas o raciocínio está errado. “O hipertenso é propenso a passar mal com quedas menores na pressão”, alerta Stela Mara Pereira Palácio, clínica médica do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos.
Desmaios
Se a pessoa não tiver nenhuma predisposição a problemas cardiovasculares, os desmaios devem ser a principal consequência negativa do calor em excesso. Eles acontecem porque os vasos sanguíneos acabam se dilatando com a exposição contínua ao calor e isso provoca queda na pressão arterial, quadro chamado de hipotensão.
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O oxigênio e outras substâncias presentes no sangue se acumulam na região inferior do corpo, deixando de alimentar o cérebro da maneira adequada. A sensação de tontura costuma chegar aos poucos, anunciando o desmaio que está por vir.
É possível reverter a situação se a pessoa for imediatamente para um lugar mais fresco e arejado. Ajuda bastante se ela também ingerir mais líquidos para se garantir uma boa hidratação.
“Se o desmaio for súbito, é mais provável que exista algum outro problema relacionado”, alerta a médica.
Seja como for, qualquer desmaio de calor implica na necessidade de uma consulta médica para avaliar se foi apenas uma queda de pressão ou se existem problemas cardiovasculares associados.
Como prestar socorro
Existem dois procedimentos básicos para prestar soc
orro a quem passa mal de calor. O primeiro é eficaz nos casos em que a pessoa esta prestes a apagar. Ela deve ser levada a um lugar mais fresco e arejado. Água, suco ou líquidos isotônicos também podem ajudar, caso a queda de pressão esteja sendo agravada pela desidratação.
Líquidos adocicados ou algum alimento podem ser úteis se a pessoa estiver tendo um quadro de hipoglicemia pela alimentação inadequada. Não é raro o calor do verão deixar as pessoas menos dispostas a se alimentarem bem, o que provoca falta de açúcar no sangue (hipoglicemia). “Um dos sintomas é a queda da pressão arterial”, afirma a médica clínica.
Se a pessoa chegar a desmaiar, a médica recomenda levantar as pernas dela para normalizar a circulação sanguínea. “Não dê nada via oral. Chame ajuda médica”, resume Stela Mara.
Idosos e crianças
Além dos cardiopatas, idosos e crianças compõem o grupo de risco para problemas com o calor. “O idoso responde mal à desidratação”, afirma Cassiolato. Eles também estão mais propensos a ter problemas de saúde pré-existentes, como pressão alta, diabetes e doenças pulmonares, ou a tomar medicamentos que interferem na pressão sanguínea ou na capacidade do organismo de regular sua temperatura.
Para evitar problemas, os médicos recomendam:
– Evite exposição solar nos horários de pico, entre 11h e 16h
– Não faça exercícios intensos nos horários de mais calor
– Evite locais abafados, sem circulação apropriada de ar, e ambientes com aglomeração de pessoas
– Use roupas leves e claras para facilitar o controle da temperatura corporal
– Ao se sentir cansado pelo calor, tente se refrescar e descanse por alguns minutos
– Mantenha-se hidratado. Sentir sede já é sinal de desidratação
– Não pule nenhuma refeição para evitar quadro de hipoglicemia
– Jamais deixe crianças esperando no carro, especialmente se o veículo estiver exposto ao sol
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