Diário do Nordeste
Advogada iraniana quer que o Brasil vote a favor das resoluções da ONU que repreendem violações no país
Teerã. Em carta recém-entregue à presidente Dilma Rousseff, a advogada iraniana Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz de 2003, pede que o Brasil vote a favor de resoluções na Organização das Nações Unidas (ONU) que condenem violações dos direitos humanos no Irã.
Desde 2004, o País se absteve nas moções contra o Irã votadas na 3ª Comissão da Assembleia Geral da ONU. Ainda não há resposta oficial de Dilma.
Ebadi se diz “muito feliz” com a eleição de uma mulher à Presidência da República. Ela descreve a situação das mulheres no Irã, contrastando sua presença em várias áreas com as leis que reduzem seus direitos em relação aos dos homens.
A vencedora do Nobel fala de “crise” dos direitos humanos no país e cita aumento da aplicação da pena de morte e punições como amputação e lapidação.
Além disso, Ebadi ressalta que o caso de Sakineh Ashtiani, cuja condenação à morte por apedrejamento foi criticada por Dilma, não é isolado. “Com tristeza, tenho que informar que (…) há mais de dez mulheres e homens esperando essa punição”, lamenta a advogada.
A Nobel da Paz atuou na defesa de presos políticos no Irã, incluindo sete dos líderes da religião Baha´i. Ela vive na Europa desde 2009, depois que seu escritório em Teerã foi invadido por agentes do governo antes da reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Ebadi chega ao Brasil em 7 de junho. Ela participa nos dias 13 e 14 do seminário Fronteiras do Pensamento. A iraniana pretende encontrar parlamentares e dirigentes da Ordem dos Advogados (OAB), segundo o cineasta de origem iraniana Flavio Rassekh, que ajuda a organizar sua agenda. A Nobel gostaria ainda de se reunir com Dilma, mas não formalizou o pedido.
Ebadi chama atenção para a sessão de março do Conselho de Direitos Humanos da ONU, do qual o Brasil é membro. No ano passado, o Irã foi submetido à revisão do conselho. O Brasil fez recomendações sobre igualdade de gêneros e presos políticos. O Irã aceitou analisar 120 sugestões, e este foi um dos argumentos da diplomacia brasileira para se abster na 3ª Comissão.