UnB: Sindicância vai apurar denúncia de ofensa às mulheres

Thássia Alves< – Da Secretaria de Comunicação da UnB

Reitoria e Faculdade de Agronomia e Veterinária e Administração vão compor comissão para investigar acusações de desrespeito às mulheres


Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência

trote de estudantes da agronomia UnB/violência contra mulher

 

A Universidade de Brasília vai abrir sindicância para apurar denúncia de discriminação contra mulheres durante o trote da Agronomia. Uma comissão formada pela direção da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) e integrantes da Reitoria vai verificar em que situação o trote ocorreu, quais alunos participaram e se houve infração penal. Terá 30 dias para se pronunciar.

O reitor José Geraldo de Sousa Junior também anunciou que os decanos vão concluir na próxima segunda-feira, 31 de janeiro, as diretrizes para as políticas estudantis de convivência comunitária. O documento vai passar por consulta pública e depois será encaminhado ao Conselho Universitário (Consuni).

Cícero Lopes, diretor da FAV, recebeu do reitor o pedido de esclarecimento encaminhado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Ele conta que desconhecia a participação de integrantes do Centro Acadêmico no trote.

 

Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência
trote de alunos da agronomia/UnB - violência contra a mulher
Secretaria de Políticas para Mulheres denunciou trote humilhante 

“No semestre passado, fui até o CA e perguntei se eles haviam participado da brincadeira da linguiça. Eles negaram. Agora que vi as fotos, percebi que eles participaram, sim, junto com os alunos do 2º semestre”, disse.

No dia 11, às 10 horas, 250 estudantes divertiram-se com um ritual sexista patrocinado pelo Centro Acadêmico de Agronomia: uma fila de calouras obrigadas a chupar uma linguiça lambuzada de leite condensado pelo presidente do CAAGRO, Caio Batista, que estava fantasiado de mulher e usava uma faixa presidencial. Todos os presentes ouvidos pela UnB Agência gostaram da “brincadeira” e as meninas disseram que não foram obrigadas a participar. Embora os autores da “festa” tenham dito que não houve consumo de bebidas alcoólicas, um dos alunos entrevistados, muito alegre, teve dificuldades para formular uma frase.

Em julho do ano passado, a prática já era citada em matéria da UnB Agência. Leia aqui.

De acordo com o reitor, é preciso verificar se houve dolo. “A prática excedeu aquilo que consideramos regras de convivência. Concordo com a Secretaria de Políticas para Mulheres e acredito que houve agressão à dignidade”, afirmou José Geraldo.

Ele ressalta que a sindicância não terá caráter demonizador. “Somos uma instituição educadora. Devemos criar punições educadoras e transformar essas práticas. Afinal, essas são atitudes que ferem a ética universitária”, disse.

“Não há como saber quais são as punições. Isso depende das investigações da sindicância”, explica o professor Cícero. O diretor ressalta que, após a repercussão do trote do 1º semestre de 2010, enviou uma carta ao Centro Acadêmico.

No documento, o professor alertava sobre a possibilidade de punição. “A Administração Superior da UnB possui mecan
ismos próprios de punição, que vão da advertência por escrito ao desligamento do infrator. Essa carta foi uma maneira de alertá-los sobre o que pode acontecer”, disse Cícero.


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