PERU: Entidade defende inclusão do aborto nos debates presidenciais

 

Tatiana Félix – Jornalista da Adital

Adital – Aproveitando o momento eleitoral pelo qual passa o Peru, a DEMUS, instituição em defesa dos direitos da mulher, defende a inclusão do tema aborto nos debates entre os candidatos (as) à presidência do país. A entidade ressalta que como Estado laico é importante que a polêmica sobre o aborto seja debatida a partir de uma perspectiva de direitos.

A escolha de um novo ou nova presidente da República será no dia 10 de abril. Os cinco principais candidatos (as) são Ollanta Humala, Alejandro Toledo, Keiko Fujimori, Luis Castañeda e Pedro Pablo Kuczynski.

A diretora da DEMUS, Jeannette Llaja, comentou que os candidatos têm demonstrado “desconhecimento da realidade das interrupções de gravidez, seu impacto na vida das mulheres e da sociedade, e as recomendações que diferentes organismos de direitos humanos formularam ao Estado peruano para sua descriminalização”. Estima-se que anualmente mais de 300 mil mulheres recorram às práticas abortivas no Peru.

Para ela, os três candidatos, Keiko Fujimori, Luis Castañeda e Pedro Pablo Kuczynski, que são contrários à interrupção da gestação, demonstram influência religiosa. No entanto, ela ressalta que “segundo o artigo 50 da Constituição, o nosso é um Estado laico, pelo qual ficam diferenciados os assuntos públicos e da fé”.

Outros dois candidatos, Alejandro Toledo e Ollanta Humala, se mostram favoráveis ao aborto com restrições, em casos de violação ou doenças, por exemplo, mas ainda assim, não incluíram o assunto em seus planos de governo.

Diante disso, Jeannette enfatiza que as pessoas têm direito à liberdade religiosa, mas, quando se dispõem a comandar uma nação, ficam obrigadas à seguirem as normas nacionais e internacionais das convenções de direitos, às quais o país tenha adotado.

Por isso, de acordo com ela, “é inexplicável que pessoas que pretendem assumir a condução do país mostrem esse nível de desconhecimento que tem consequências diretas para a vida e saúde das milhares de mulheres que se veem diante do dilema de um aborto, que é também a terceira causa de mortalidade materna no país”.

“Pedimos aos candidatos que suas propostas estejam em concordância com as normas que reconhecem os direitos sexuais e reprodutivos como parte dos direitos humanos”, ressalta.

Segundo ela, o aborto não deve ser ignorado ou considerado apenas em casos de violações sexuais, mas é importante ter uma educação sexual laica nos colégios e melhor acesso aos métodos contraceptivos.

Eleições no Peru

De acordo com pesquisa de intenção de voto realizada pela Imasen, Alejandro Toledo, da aliança Peru Possível, conquista a maioria dos eleitores, com 30,7% das intenções de voto. Em segundo lugar, aparece Luis Castañeda, da Solidariedade Nacional, com 21,3% dos votos, e em terceira posição, aparece Keiko Fujimori, com 20,3% do eleitorado peruano.

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