ANDRÉA JUSTE – Especial para O Tempo (MG)
Reprodução assistida.Mulheres acima dos 35 anos procuram mais ajuda
As mulheres que sonham em engravidar e que optaram pela fertilização in vitro (FIV) ganharam um aliado no cálculo das possibilidades de sucesso com o procedimento. Uma fórmula desenvolvida por cientistas das universidades de Glasgow e Bristol, no Reino Unido, avalia as condições gerais das pacientes e informa a porcentagem da probabilidade de nascimento com vida.
Mesmo sendo necessário consultar um especialista, a vantagem do método é a compreensão sobre o processo de fertilização, além de a paciente poder se orientar melhor sobre a decisão de se submeter à fertilização.
O estudo para a fórmula – disponível emwww.ivfpredict.com, somente na versão em inglês – teve como orientação 144 mil ciclos de FIV e analisou diversos fatores clínicos correlacionados. O cálculo é feito a partir de nove parâmetros, como idade, tempo que a mulher tenta engravidar, se ela tentou a FIV ou utilizou gametas doados, além dos motivos da infertilidade.
Segundo o médico Juliano Scheffer, do Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida, a maioria das mulheres que buscam ajuda para ter um bebê na capital mineira tem, em média, 38 ou 39 anos. A mudança no estilo de vida das brasileiras é a justificativa. “A maternidade foi postergada, pois a profissão e o estudo são prioridades. Após os 35, a qualidade dos gametas femininos fica prejudicada”, alerta.
Scheffer diz que é relevante utilizar a fórmula, ainda que ela não considere os problemas imunológicos, sanguíneos e alguns outros que podem comprometer a fertilidade dos pacientes. “Cada caso é específico, mas é fundamental que a paciente tenha essa orientação para discutir com o médico”, considera o especialista.
Por ter baixa produção de óvulos, a paciente F. N., 33, gerente administrativa de um bar em Belo Horizonte, está tentando engravidar pela segunda vez com o método da fertilização in vitro e, segundo o resultado da calculadora, tem 24% de chances. Ela e a companheira, F. S., 37, com quem se relaciona há nove anos, economizaram e estão confiantes. “Vai ser ótimo se forem gêmeos”, diz F. N.
Das pacientes submetidas à FIV utilizando os próprios gametas, 48% engravidam. Quando optam por utilizar doadores de óvulos e espermatozoides saudáveis, a chance cresce para 52%.
Infertilidade
– No mundo, cerca de 15% dos casais são inférteis.
– Nos países em desenvolvimento, as principais causas da infertilidade são problemas nas tubas uterinas, provocados, na maioria das vezes, por doenças sexualmente transmissíveis.
– Dos tratamentos em clínicas de reprodução assistida, 12% usam gametas doados.
Um ano de tentativas convencionais é o prazo médio para um casal para conseguir conceber um filho naturalmente. Após o período, os especialistas recomendam que a paciente procure ajuda. “Um casal que mantém duas relações sexuais semanais, sem contraceptivos, por um ano, tem 97% de chances de engravidar no período”, explica o médico Juliano Scheffer.
Após a avaliação médica dos dois parceiros, será constatada a necessidade da fertilização in vitro (FIV) ou inseminação artificial.
A fertilização é utilizada em casos mais complexos, quando o óvulo é retirado da paciente com ajuda de um ultra-som endovaginal e fecundado fora do corpo, para então ser introduzido na mulher, por um cateter. Na inseminação, a mulher usa medicamentos para induzir a ovulação e o homem tem os espermatozoides selecionados, para que o médico os insira na parceira.
Em média, o investimento para se fazer a FIV é de R$ 9.000. Para a inseminação, em torno de R$ 1.500. Isso sem considerar os medicamentos. (AJ)