por Larry Cahill* – Scientific American Brasil
O cérebro masculino e o feminino são bem diferentes em termos de arquitetura e atividade. Pesquisas sobre essas variações podem levar a tratamentos mais adequados a cada sexo para problemas como depressão e esquizofrenia.
Num dia cinzento de janeiro, Lawrence Summers – o presidente da Universidade Harvard – sugeriu que diferenças inatas na estrutura do cérebro masculino e do feminino poderiam ser um fator determinante para a relativa escassez de mulheres na ciência. As declarações reacenderam um debate que se desenrola há um século, desde que os cientistas que mediam a dimensão do cérebro de ambos os sexos começaram a sustentar a idéia, baseados em sua principal conclusão – a de que o cérebro feminino tende a ser menor -, de que as mulheres são intelectualmente inferiores aos homens.
Até hoje ninguém conseguiu nenhuma evidência de que as diferenças anatômicas tornem as mulheres incapazes de obter distinção acadêmica em matemática, física ou engenharia. E o cérebro de homens e mulheres comprovou ser muito semelhante em vários aspectos. Por outro lado, ao longo da última década, pesquisadores que estudam questões diversas, do processamento da linguagem à navegação, passando pela gravação de memórias emocionais, também revelaram uma série impressionante de variações estruturais, químicas e funcionais entre cérebro de homem e de mulher.
Essas divergências não são apenas idiossincrasias curiosas para explicar por que os homens gostam mais dos Três Patetas do que as mulheres. Elas suscitam a possibilidade de precisarmos desenvolver tratamentos específicos de acordo com o sexo para problemas como depressão, vício, esquizofrenia e transtorno do stress pós-traumático.
Estudiosos da estrutura e do funcionamento do cérebro devem levar em consideração o sexo de seus objetos de pesquisa ao analisar dados – e incluir tanto homens quanto mulheres em estudos futuros, para evitar resultados enganosos.
Larry Cahill Completou doutorado em neurociência em 1990 na Universidade da Califórnia em Irvine. Depois de passar dois anos na Alemanha, usando técnicas de imagem para analisar a memória e o aprendizado em roedores, voltou a Irvine, onde hoje é professor do Departamento de Neurobiologia e Comportamento e pesquisador do Centro de Neurobiologia do Aprendizado e da Memória.