Meninas de 13 anos procuram a pílula do dia seguinte

Jornal de Jundiai (2/1/2011)

Meninas com até 13 anos já fazem uso da pílula do dia seguinte – mas quem compra o remédio são os parceiros delas. A informação é do farmacêutico José Luiz Camaroto, que atua em um estabelecimento no Jardim Santa Gertrudes. Ele já conhece até o perfil médio do consumidor que entra na farmácia em busca do medicamento. Oitenta por cento dos compradores são homens, que têm entre 18 e 25 anos e que entram desacompanhados na farmácia, conta. Segundo ele, na maioria das vezes, as parceiras estão por perto (geralmente, esperando no carro ou na calçada).

Mas, segundo Camaroto, as mulheres que procuram a farmácia em busca da pílula do dia seguinte são mais velhas. A grande maioria tem acima de 25 anos, acredita. Ele diz, também, que muitas mulheres casadas procuram pelo levonorgestrel – o nome genérico do medicamento. Em alguns casos, o farmacêutico tem que explicar que a eficácia não estará assegurada.

Já atendi clientes que chegaram quatro dias depois da relação sexual. E levaram a pílula do dia seguinte, apesar de eu explicar que a recomendação é para tomar até 72 horas depois.

A caixa com o medicamento Levonorgestrel vem com dois comprimidos de 0,75 miligramas. O primeiro deve ser ingerido assim que foi adquirido – e o segundo, 12 horas depois. O farmacêutico tem, ainda, uma teoria para a grande procura pela pílula do dia seguinte. É muito barato, custa entre R$ 12 e R$ 15. Deveria custar por volta de R$ 100, para ajudar a inibir o mau uso.

————————————————————-

Em todos os dias do dia seguinte, (2/1/2011)

Jornal de Jundiai

Levonorgestrel. Este é o nome da substância que está fazendo a cabeça da juventude – e que vende tanto ou mais que sua ´meia-irmã´, a pílula anticoncepcional. Quem chega às farmácias, no entanto, poucas vezes sabe pronunciar o palavrão – e já vai pedindo, de verdade, o que ficou popularizado nacionalmente como a pílula do dia seguinte. O problema é que, segundo uma pesquisa publicada na revista Cadernos de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apenas 19% dos jovens entrevistados sabem em quais situações a anticoncepção de emergência é indicada.

Os jovens usam como se fosse um anticoncepcional, afirma, sem medo, o farmacêutico José Luiz Camaroto. Não adianta a gente explicar ou orientar. A moçada entra na farmácia e já sabe o que quer. Algumas garotas explicam que não vão tomar anticoncepcional todo dia. ´Pra quê, se a pílula do dia seguinte faz o mesmo efeito?´ É o que eu ouço, prossegue Camaroto.

Claro que a pílula do dia seguinte não faz o mesmo efeito, afirma a ginecologista e mastologista Edna Maia. O único método anticoncepcional seguro é o uso da pílula. Eu sempre recomendo às minhas pacientes que, além do anticoncepcional, também usem o preservativo, conta a médica. Mas ela sabe que, saindo do consultório, a história pode mudar. Principalmente entre os jovens, poucos são os que usam camisinha. O problema é que os namorados dizem para as garotas que, ´já que elas tomam a pílula, não há necessidade da camisinha´. Mas isso não é correto.

A doutora Edna Maia explica como age a pílula do dia seguinte. A pílula é composta por um hormônio feminino, capaz de retardar a ovulação – ou de diminuir a velocidade do óvulo. A médica diz que, até por isso, a pílula não é abortiva, como se discute em algumas religiões.

Os riscos da anticoncepção de emergência, no entanto, começam a aumentar com o uso desenfreado da pílula do dia seguinte. A pílula não deve ser usada de forma rotineira, porque há riscos de ter o efeito diminuído, afirma a especialista. Segundo ela, o ideal é que o medicamento seja tomado o mais precocemente possível, após uma relação sexual não protegida. Usada nas primeiras 24 horas após a relação, tem mais eficácia. Mas pode ser tomada até 72 horas depois, informa Edna Maia.

CARLOS SANTIAGO

matéria que encontramos no site da Comissão de Cidadania e Reprodução (www.ccr.org.br)