PAÍSES ANDINOS: Estudo destaca falta de políticas exclusivas para mulheres migrantes

Karol Assunção *

Adital – Quem são as mulheres andinas migrantes? Por que migram? Essas são algumas perguntas que a organização “Abrindo Mundos” quis responder com o estudo: “Mulheres Migrantes Andinas“. De acordo com a pesquisa, apesar da crescente “feminização” migratória, ainda são poucas as experiências de políticas de apoio exclusivas para mulheres migrantes.

O documento destaca as mulheres que saíram de quatro países andinos (Bolívia, Equador, Peru e Colômbia) rumo à Espanha. Segundo o estudo, no início do ano passado, o país europeu possuía 128.088 trabalhadoras bolivianas, 209.101 colombianas, 161.557 equatorianas e 68.634 peruanas. A maioria delas se concentrava em três comunidades espanholas: Madri, Barcelona e Valencia.

Mesmo com o aumento da migração de mulheres andinas, a pesquisa revela que o fenômeno ainda é pouco estudado, o que contribui para a falta de políticas voltadas para essa parcela da população. Com base nisso, o estudo ressalta a importância de se ter políticas de apoio específicas para as mulheres por conta de suas particularidades de gênero.

A pesquisa cita, por exemplo, que as mulheres são mais vulneráveis à exploração trabalhista por conta das atividades que realizam para outras pessoas – principalmente quando não possuem documentos -, e ao comércio sexual.

Quem são as migrantes andinas?

O estudo destaca que as migrantes andinas da atualidade têm entre 23 e 35 anos, possuem ensino médio completo – muitas até com ensino superior ou técnico também completo. Entretanto, apesar o grau de escolaridade relativamente alto, vão, geralmente, realizar serviço doméstico familiar e de cuidado, tarefas de limpeza, e trabalhar em hotéis, comércio, turismo e prostituição.

Apesar das diversidades culturais, sociais e econômicas, o relatório consegue apresentar aspectos semelhantes na migração das mulheres andinas. “os testemunhos deixam entrever nos processos migratórios das mulheres padrões similares de violência e exclusão, ao mesmo tempo, experiências que dão conta de processos de autonomia e empoderamento”, destaca o resumo executivo do estudo.

De acordo com a pesquisa, as mulheres atuais não estão mais migrando acompanhadas de esposos ou companheiros. Muitas já vão sozinhas para o outro país, “como protagonista de um projeto familiar” ou profissional. “São as mulheres que assumem na prática concreta aspirações de melhores condições materiais de vida – como é a moradia própria ou investimentos para instalar um negócio, por exemplo – ou de mudança de status social, expressado geralmente na educação de filhos e filhas e no desejo de uma melhor vida para eles”, aponta.

Prova disso é que, conforme o estudo, mesmo com salários menores, as mulheres enviam aos familiares que ficaram no país de origem mais dinheiro e com maior frequência do que os homens. Com base em recente pesquisa, o relatório mostra que elas contribuem com cerca de 60% das transferências efetuadas por migrantes para os países de origem e enviam aproximadamente 40% de seus salários. Enquanto isso, os homens enviam apenas 14% de suas remunerações.

Para ler o estudo completo, acesse: http://www.intermonoxfam.org/UnidadesInformacion/anexos/11945/101103_mujeresandinas.pdf

* Jornalista da Adital

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