Dia de Luta pelo Fim da Violência Contra a Mulher é marcado por ato político no Rio de Janeiro

ABONG

A Camtra (Casa da Mulher Trabalhadora), associada da ABONG e outras organizações da sociedade civil participam nesta quinta-feira (25), Dia Internacional de Luta pelo Fim da Violência Contra a Mulher de um ato político na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro (Rua Moncorvo Filho, 8, sala 408), às 18h e na Estação Central do Brasil às 15h. A Camtra participa ainda de outras atividades em comemoração ao dia (Veja aqui a programação completa).

 

Leia abaixo o manifesto assinado pela Camtra e por outras organizações pelo fim da violência contra a mulher.

 

Por mim, por nós e pelas outras: Pelo fim da violência contra as mulheres

Eliza Samudio, Maria Islane, Orestina Soares, Antônia Eliane Farias, Dayana Alves da Silva, Mércia Nakashima, Mônica Peixinho, Márcia Regina de Souza Pacheco, Sandra Maria Carneiro, Mônica Burgos, Altair Gonçalves Lage…


Todas estas mulheres foram assassinadas ou brutalmente violentadas por seus “companheiros” ou ex. Elas fazem parte do grande número de mulheres vítimas da violência no Brasil.


Pesquisas apontam que as agressões contra as mulheres no Brasil ocorrem a cada 15 segundos e os companheiros são responsáveis por quase 70% dos assassinatos do sexo feminino.


Nós estamos nas ruas neste mês de novembro em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11) e o Dia Internacional Pelo Fim da Violência contra a Mulher (25/11), para exigir do governo brasileiro iniciativas públicas para prevenir, coibir e condenar casos de violência contra a mulher.


Ao longo das décadas a violência contra a mulher foi encarada como um problema privado. Mas com a luta e organização dos movimentos de mulheres e feministas, trouxemos este tema para o debate público, dizemos que não é um problema só das mulheres e que toda a sociedade deve se comprometer para erradicar a violência contra a mulher. Para nós, em briga de marido e mulher sim, se mete a colher!


Em 2006, foi sancionada a Lei 11.340 mais conhecida com Lei Maria da Penha ( em homenagem a uma mulher vítima de violência pelo marido), com objetivo de prevenir, coibir e punir a violência contra a mulher.


Entretanto, isso não foi suficiente para proteger as mulheres de sofrerem as mais diversas agressões. Desde a aprovação da lei o Governo cortou verbas de assistência às mulheres e as vítimas de violência não contam com uma efetiva proteção. Faltam delegacias de mulheres, casas abrigo, atendimento jurídico e psicológico adequados.
Outro problema que enfrentamos é a interpretação machista que algumas vezes é feita da lei, como no caso de Elisa Samúdio, onde a juíza que a atendeu interpretou que a lei não se aplicaria ao caso dela, pois se tratava de uma relação eventual. Para nós, a lei deve proteger a todas as mulheres que a ela recorrerem. Além disso, há muita demora em efetivar a proteção à mulher. O caso de Maria Islaine é categórico. A cabeleireira denunciou seu ex-marido 8 vezes, mas isto não o impediu de assassiná-la. Defendemos a rápida proteção da mulher.


O fato é que não podemos ficar impotencializadas perante aos casos repetidos de violência no nosso cotidiano. Ou nós mulheres coletivamente assumimos o compromisso de lutar pela mudança dessa situação ou estaremos fadadas a cada vez mais sermos violentadas e assassinadas com requinte de crueldades, sem qualquer segurança de nossas vidas e nossos direitos.


A violência contra a mulher se manifesta de diversas formas: preconceito, seja de natureza racial, estética, pela orientação sexual, educação e cultura machistas, salários mais baixos que os recebidos pelos homens, assédio sexual e moral, trabalhos precários, pela falta de equipamentos públicos para manutenção coletiva das famílias como creches, restaurantes e lavanderias públicas, dupla e tripla jornada de trabalho para as mulheres, etc.
A dependência econômica dos “companheiros” e o fato de não ter onde deixar (as) os filhas (os), muitas vezes contribui para que as mulheres mantenham relações onde sofrem agressões, pois não vêem perspectivas para seu sustento e de sua família.


As mulheres necessitam de empregos, salários dignos e creches para alcançarem sua independência financeira.
Por fim, nós mulheres de diversos movimentos estamos neste dia, e em todos os dias, denunciando e exigindo o fim da violência contra todas nós mulheres. Basta de machismo! Basta de violência! Basta de mortes!


Histórico 25 de Novembro

O 25 de Novembro foi definido como o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher ou Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres no I Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, realizado em 1981, em Bogotá, Colômbia, para lembrar a luta das irmãs Mirabal, brutalmente assassinadas pelo ditador Trujillo em 25 de novembro de 1960 na República Dominicana. Neste dia, as três irmãs regressavam de Puerto Plata, onde seus maridos se encontravam presos. Elas foram detidas na estrada e assassinadas por agentes do governo militar. A ditadura tirânica simulou um acidente. Este horroroso assassinato produziu o rechaço geral da comunidade nacional e internacional em relação ao governo dominicano, e acelerou a queda do ditador Rafael Leônidas Trujillo. Somente em março de 1999, o 25 de novembro foi reconhecido pelas Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. Histórico 20 de Novembro No dia 20 de novembro é celebrado no Brasil, o Dia da Consciência Negra, esse dia surge a partir de iniciativas do Movimento Negro Brasileiro na década de 1980, para a reflexão da sociedade brasileira sobre a situação da mulher e do homem negro no país e as formas de lutas pelo fim do racismo no Brasil e na diáspora. Esta data foi escolhida também para homenagear o líder quilombola Zumbí dos Palmares, que morreu neste dia no ano de 1695. Ele com milhares de outros quilombolas liderou por mais de 100 anos o quilombo de Palmares na Serra da Barriga, em Alagoas.

 

Assinam

ANEL – Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre ABONG Sudeste – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais
AMB – Articulação de Mulheres Brasileiras/RJ
COMZO – Conselho de Mulheres da Zona Oeste
CAMTRA – Casa da Mulher Trabalhadora
CSP-CONLUTAS – Central Sindical e Popular /Coordenação Nacional de Lutas
INTERSINDICAL
Laços e Acasos
MML – Movimento Mulheres em Luta
MTL – Movimento Terra, Trabalho e Liberdade
PSOL – Partido Socialismo e Liberdade
PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
SEPE/RJ – Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação
UBM – União Brasileira de Mulheres

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