Gabriel Miranda – Redação Saúde Plena – Correio Braziliense
De acordo com pesquisadores norte-americanos, a pílula anticoncepcional pode ser substituída por um gel contraceptivo aplicado diretamente sobre a pele. Chamado de Nestorone, o produto está sendo desenvolvido pela Antares Pharma, indústria farmacêutica americana, e o estudo foi apresentado durante a conferência da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, em Denver (EUA).
O remédio pode ser aplicado como um creme no abdome, nas coxas, braços e ombros e é rapidamente absorvido pela pele sem deixar resíduo.
Testes clínicos preliminares mostraram que o creme é eficaz e tem boa tolerância, sem produzir os efeitos colaterais secundários associados à pílula, como náusea, aumento de peso e acne.
O ingrediente mais importante é um novo tipo de progesterona sintética, muito parecida com o hormônio natural. O produto também tem uma classe de estrogênio quimicamente idêntico ao produzido pelas mulheres.
Segundo os cientistas, o medicamento também pode ser usado por mulheres que estão amamentando, ao contrário da pílula, que pode interferir na produção do leite materno.
Três miligramas
A médica Ruth Merkatz, do centro de pesquisa da organização sem fins lucrativos Population Council, com sede em Nova York, fez o estudo sobre o produto com 18 mulheres entre 20 e 30 anos. De acordo com o estudo, a dose ideal é de três miligramas do creme por dia.
No período de sete meses nenhuma das mulheres que usou o tratamento ficou grávida. Os exames hormonais mostraram que o gel conseguiu suprimir a produção de óvulos nos ovários das mulheres testadas.
“Estamos nas primeiras etapas de seu desenvolvimento, mas agora poderíamos continuar testando em muitas outras mulheres”, afirmou Merkatz.
O novo creme funciona da mesma forma que o adesivo anticoncepcional, disponível atualmente em alguns países. O adesivo é colocado sobre a pele e libera uma dose regular de progesterona e estrogênio, que evita que os ovários liberem um óvulo a cada mês.
No entanto, o adesivo tem duas grandes desvantagens em relação ao gel: é visível e pode se soltar da pele.
Alternativa
Apesar dos estágios iniciais dos testes, os cientistas afirmam que o novo creme poderia oferecer uma alternativa à pílula anticoncepcional, usada por milhões de mulheres em todo o mundo.
“Qualquer sistema contraceptivo que aumente a seleção de métodos disponíveis para as mulheres e ajude a evitar a gravidez indesejada é bem-vindo”, afirmou Natika Halil, diretora de informação da Associação Britânica de Planejamento Familiar.
Porém, Halil alerta que “este produto não será conveniente para todas as mulheres, apenas para aquelas que se sintam confortáveis ao usá-lo na pele”.
Principais métodos hormonais
– Pílula: composta por vários tipos de hormônios, cada pílula tem uma característica que a faz adequada para cada tipo de mulher. Algumas têm o esquema de uso de 21 dias, com pausa de sete dias. Outras são usadas 24 dias, com pausa de quatro dias. Outras não têm pausa. Você pode escolher menstruar ou não menstruar. Não deve ser esquecido nenhum dia, pois isso compromete o efeito anticoncepcional. Tomar sempre no mesmo horário todos os dias. Procure seu ginecologista para conversar e escolher a sua.
– Anel vaginal: composto por dois tipos de hormônios (estradiol e progesterona) que são liberados diariamente em pequena quantidade. É um anel flexível que deve ser colocado na vagina e permanece por três semanas, quando é tirado por uma semana para menstruar. Mais fácil de usar, pois não precisa ser lembrado de tomar todos os dias. Exige um conhecimento do corpo e capacidade de se manipular para colocá-lo. Não atrapalha durante a relação sexual e não se sente que está usando.
– DIU Mirena: tem mesmo efeito do DIU comum e é medicado com progesterona, que é liberada em doses pequenas todos os dias, fazendo com que a paciente não menstrue. Pode ser colocado por qualquer mulher, mas é especialmente indicado para as que têm cólicas intensas e endometriose. Dura cinco anos.
– Adesivo: composto por dois tipos de hormônios (estradiol e progesterona) que são liberados diariamente em pequena quantidade. É colado na pele limpa e seca, fora das regiões de dobras, é trocado a cada semana por três semanas, quando é tirado por sete dias para menstruar. Mais fácil de usar, pois não precisa ser lembrado de tomar todos os dias. Às vezes pode descolar e isso compromete o efeito anticoncepcional.
– Injetável: existem os de uso mensal (que menstrua) e os de uso trimestral (somente com progesterona, que faz não menstruar). Mais fácil de usar porque não precisa ser lembrado de tomar todos os dias. A aplicação é dolorosa por dois dias e não se deve fazer compressas no local ou exercícios no dia da aplicação.
– Pílula do dia seguinte (anticoncepcional de emergência): usada quando houver falha de algum método acima e ocorrer o risco de gravidez. Composta por dois comprimidos de progesterona em altas doses, que devem ser tomados (os dois juntos ou um a cada 12 horas, dependendo da bula) até 72 horas da relação sexual desprotegida. Quando mais cedo tomar, melhor. Não deve ser usado de rotina, pois falha em uma a cada quatro mulheres (25% de falha) e altera muito o ciclo menstrual.
– Implante: como é composto somente com progesterona, quem coloca o implante não menstrua. É colocado com anestesia local, geralmente na região o braço. Não atrapalha e não dói. Mais fácil de usar, já que não precisa ser lembrado de tomar todos os dias. Dura cinco anos.