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O relatório deve servir para criar políticas públicas que ajudem no desenvolvimento da mulher
A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou hoje (20/10), em Nova York (EUA), o documento As Mulheres do Mundo 2010: Tendências e Estatísticas. O relatório contém dados recentes sobre os progressos alcançados pelas mulheres em todo o mundo em oito áreas: população, família, saúde, educação, trabalho, poder e tomada de decisões, violência contra as mulheres, meio ambiente e pobreza.
O Secretário-Geral das ONU Ban Ki-moon afirma, no documento, que há progresso para garantir a igualdade entre homens e mulheres em muitas áreas, incluindo o acesso à escola, saúde e participação econômica. Mas, ele enfatiza que muito ainda precisa ser feito, em especial para fechar a desigualdade de gênero na vida pública e para evitar as muitas formas de violência a que são submetidas as mulheres. Para Sha Zukang, Subsecretário-Geral para Assuntos Econômicos e Sociais, o relatório também deve servir de modelo para criar perfis estatísticos similares em países, regiões, províncias e regiões, apoiando assim o desenvolvimento de políticas.
Alguns dados do relatório: As Mulheres do Mundo 2010
PODER E TOMADA DE DECISÃO
· Chefes de Estado ou de Governo são cargos que ainda são quase que “imperceptíveis” para as mulheres. Em 2009, apenas 14 mulheres no mundo ocupavam estas posições, este ano o número saltou para 18 em 192 países pesquisados.
· Presença ainda rara das mulheres na liderança de governos. No ano passado, havia apenas sete mulheres ocupando funções de chefe de Estado contra 143 homens, segundo a ONU, e 11 mulheres na chefia de governos de um total de 192 países.
· Em apenas 23 países, as mulheres compõem uma massa crítica – mais de 30% – no Parlamento nacional.
· A possibilidade de se tornar uma chefe de Estado ou de governo ainda é rara para as mulheres na maioria dos países. Apenas 14 mulheres em todo o mundo estão nessa posição.
· Nos últimos 15 anos, a partipação das mulheres como chefes de Estado ou governantes não mostrou aumento expressivo: em 1995 havia 12 mulheres nessa posição e em 2009 o número passou para 14. Nesse período, exemplos notáveis incluem a eleição de mulheres para governos ou chefes de Estado na Islândia (Jóhanna Sigurðardóttir) em 2009, no Haiti (Michele Pierre-Louis) e na República da Moldávia em 2008, na Argentina (Cristina Kirchner), Índia (Pratibha Patil) e Ucrânia (Yulia Timoshenko) em 2007, no Chile (Michelle Bachelet) em 2006 e na Alemanha (Angela Merkel)e na Libéria (Ellen Johnson Sirleaf) em 2005.
Parlamento
Embora as mulheres constituam cerca da metade do eleitorado e tenham conquistado o direito de votar e ocupar cargos em quase todos os países do mundo, elas também continuam sendo sub-representadas nos parlamentos nacionais.
Nos últimos anos, houve uma melhora lenta e constante na representação das mulheres nos parlamentos nacionais em todo o mundo. Em 1995, as mulheres ocupavam uma média de 10 % das cadeiras das câmaras — este valor aumentou para 17% até abril de 2009.
Desde 1995, todas as regiões do mundo têm mostrado progresso em promover o equilíbrio de gênero nos parlamentos nacionais. Em todas as sub-regiões da África e em quatro de cinco sub-regiões da Ásia, a proporção de mulheres no parlamento dobrou ou mais que sobrou. A maioria dessas sub-regiões tinha em 1996 menos de 10% de integrantes mulheres. A exceção é a Ásia Ocidental, onde a representação feminina aumentou de um nível muito baixo – 4% em 1995 – para cerca de 9%. O sul da Ásia teve uma melhora particularmente notável, devido a intervenção dos governos que através da legislação adotaram medidas como adoção de cotas e reserva de cadeiras. Quatro dos nove países da sub-região adotaram a política de cotas: Afeganistão, Bangladesh, Nepal e Paquistão.
A Europa Ocidental tem a maior representação, mais de 29%. Na África do Sul, no Sudeste Asiático, na América do Sul e outras regiões desenvolvidas fora da África, a representação feminina alcançou ao menos 20%.
Em apenas 23 países as mulheres têm participação expressiva – mais de 30% das cadeiras – no parlamento, nas câmaras baixas ou em países de câmara única. O número ainda é baixo, mas expressivo se comparado à marca de 1995: apenas cinco países.
Os países que atingiram a marca dos 30% estão bem distribuídos no espectro do desenvolvimento: nove deles estão na Europa Ocidental e sete na África Subsaariana. A maior proporção do mundo foi registrada em Ruanda, que realizou eleições em 2008. O país se tornou o primeiro da história a atingir o equilíbrio de gênero no parlamento nacional (56% – um aumento significativo comparado aos 17% de 1995). O motivo apontado pelo relatório da ONU são os esforços para promover o equilíbrio de gênero durante a reconstrução do país após a guerra e também o fato de que a maioria dos sobreviventes foram mulheres.
Além da Ruanda, outros sete países registram ao menos 40% de mulheres no parlamento: Argentina, Cuba, Finlândia, Islândia, Holanda, África do Sul e Suécia.
No oposto da inclusão, em 2009 seis países ainda não tinham nenhuma mulher no parlamento: Belize, Estados Federados da Micronésia, Omã, Qatar, Arábia Saudita e as Ilhas Salomão.
Na chefia dos parlamentos, em 2009, apenas 21 de 179 câmeras baixas ou únicas no mundo e 10 de 73 câmeras altas eram presididas por mulheres. A maior concentração foi encontrada em países desenvolvidos: 14 mulheres chegaram à presidência das câmaras alta, baixa ou única.
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
· As mulheres são submetidas a diversas formas de violência: física, sexual, psicológica e econômica – tanto dentro como fora de suas casas.
· Taxas de mulheres vítimas de violência física pelo menos uma vez na vida variam 12% a mais de 59%, dependendo de onde vivem.
· A mutilação genital feminina mostra uma ligeira diminuição na África.
POPULAÇÃO E FAMÍLIAS
· Existem aproximadamente 57 milhões mais homens que mulheres no mundo. Em 2010, algumas regiões têm uma “escassez” óbvia de homens, enquanto outras de mulheres. Em geral, a Europa é o lar de muitas mais mulheres do que de homens. Em contraste, alguns dos países mais populosos têm “falta” de mulheres. A China tem uma proporção de 108 homens por cada 100 mulheres, na Índia são 107, no Paquistão e em Bangladesh.
· Embora a proporção de mulheres com 60 anos e superior a esta idade seja acima de 50% em todas as regiões, na Europa Oriental é muito mais elevada, com 63%. Na África Austral, a proporção também é elevada, com aproximadamente 59%.
· Enquanto a proporção de mulheres casadas com 15 anos ou menos é geralmente muito baixa, na Nigéria é de cerca de 20%.
SAÚDE
· As mulheres são mais propensas do que os homens a morrerem de doenças cardiovasculares. Globalmente, estas doenças foram a principal causa de morte em 2004: cerca de 32% das mulheres e 27% dos homens morreram de doenças cardiovasculares naquele ano.
· Apesar do aumento na proporção de mulheres que receberam assistência pré-natal, a África Subsaariana sozinha registrou 270 mil mortes maternas em 2005, isto é, metade das mortes maternas no mundo.
· No Panamá e México, respectivamente, 36 e 34% das mulheres foram considerados obesas. Catar e Emirados Árabes Unidos tiveram, respectivamente, 45 e 31% das mulheres consideradas obesas.
· No campo da saúde, o relatório destaca que o câncer de mama, entre as mulheres, e o de pulmão, entre os homens.
· As mulheres representam 60% dos adultos soropositivos que vivem na África Subsaariana. O local abriga dois terços dos 22 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da aids no mundo.
EDUCAÇÃO
· Em nível global, a taxa de meninas em ida
de escolar matriculadas na escola primária aumentou de 79 para 86% no período de 1999 a 2007. Mas na África Ocidental e Central existia uma das menores taxas do mundo, com menos de 60% das meninas em idade escolar, matriculadas na escola.
· Na virada do milênio, um número estimado de 105 milhões de meninos e meninas em idade escolar em todo o mundo não estavam matriculadas na escola. Esse número baixou para cerca de 72 milhões até 2007, representando um declínio de 31%. As meninas representam 54% das crianças em idade escolar fora da escola (58% em 1999). A proporção de meninas fora da escola é maior nos Estados Árabes: 61%.
· No ensino superior, o domínio dos homens foi invertido em nível global e o equilíbrio entre os sexos mudou em favor das mulheres, exceto na África Subsaariana e na Ásia Meridional e Ocidental.
TRABALHO
· Mulheres entre 25 e 54 anos agora têm maior taxa de participação no mercado de trabalho na maioria das regiões, em comparação com os anos de 1990.
· Os salários das mulheres representam entre 70 e 90% dos salários de seus colegas masculinos.
· “O emprego vulnerável” – trabalho por conta própria e contribuição para o trabalho familiar – é predominante na África e na Ásia, especialmente entre as mulheres.
· As mulheres ainda são raramente empregadas em trabalhos com status, poder e autoridade, e em ocupações tradicionalmente masculinas.
· A maternidade continua a ser uma fonte de discriminação no trabalho. Mesmo com a legislação protegendo a maternidade, muitas mulheres grávidas ainda perdem seus empregos, e processos nesta área são comuns nos tribunais.
MEIO AMBIENTE
· As mulheres nas zonas rurais da África Subsaariana são geralmente responsáveis pela coleta de água. Uma viagem de ida e volta para a fonte de água leva em média uma hora e 22 minutos em áreas rurais na Somália e uma hora e 11 minutos em áreas rurais na Mauritânia.
· A maioria das famílias na África Subsaariana e no Sul e Sudeste da Ásia utilizam combustíveis sólidos para cozinhar ou fogões tradicionais sem chaminé, afetando desproporcionalmente a saúde das mulheres.
POBREZA
· As leis existentes limitam o acesso das mulheres à terra e outros tipos de propriedade, na maioria dos países da África e cerca de metade dos países da Ásia. Elementos da desigualdade de gênero no que diz respeito aos direitos de herança foram identificados em 45 dos 48 países africanos analisados e em 25 dos 42 países asiáticos.
Fonte: ONU
Comunicação Social da SPM