Agência EFE
Assunção, 24 ago (EFE).- O presidente do Paraguai, o ex-bispo Fernando Lugo, passou hoje pela primeiro teste de paternidade imposto pela justiça após os escândalos motivados por reivindicações de paternidade que o fizeram cambalear no primeiro ano de seu Governo.
Lugo, de 59 anos, que descobriu faz 20 dias que tem um câncer linfático e há duas semanas realizou a primeira sessão de quimioterapia, tirou a amostra de sangue para o teste hoje na residência presidencial de Mburuvichá Róga. O exame foi ordenado no dia 10 pela juíza da Infância Ana Ovelar.
Ao mesmo tempo, também foram recolhidas amostras do suposto filho de três anos do presidente e da mãe da criança, Hortensia Morán. Ela afirma ter tido relações sexuais com Lugo durante a campanha eleitoral. Na época Hortensia militava em um dos partidos que apoiou a candidatura do ex-bispo.
A análise genética será realizada por três laboratórios privados de Assunção e os resultados devem levar ao menos duas semanas para ficarem prontos, segundo fontes judiciais.
“O processo de extrair as amostras da senhora Hortensia Morán, do menor, assim como do presidente ocorreu com total normalidade”, afirmou o advogado do chefe de Estado, Marcos Fariña, ao sair da residência presidencial.
“Acreditamos na seriedade, na responsabilidade e, sobretudo, na honestidade dos laboratórios”, disse por sua vez Morán, de 40 anos e diretora de uma creche social em Capiatá, nos arredores de Assunção.
O teste de DNA foi realizado após vários incidentes processuais e de arquivo do processo anterior de Morán, realizado em maio por ordem de um juiz de J. Augusto Saldívar, município vizinho a Capiatá.
Nesta mesma semana, Benigna Leguizamón, de 27 anos, que também tinha solicitado um teste de paternidade, anunciou que reativará o caso após denunciar que o governante não cumpriu com as promessas que fez depois que ela desistiu da primeira ação, em dezembro de 2009.
De origem humilde, Leguizamón mora em Ciudad del Este, a 330 quilômetros de Assunção, e tinha relatado uma história de sedução na época em que fazia trabalhos de limpeza no Bispado de San Pedro, a região mais pobre do país.
Segundo Leguizamón, dessa relação nasceu uma criança no dia 9 de setembro de 2002.
A mulher denunciou demoras na titulação da casa na qual passou a residir após retirar o processo.
Os escândalos de paternidade estremeceram o Governo de Lugo em abril de 2009, coincidindo com o primeiro aniversário de seu triunfo eleitoral à frente de uma coalizão de ampla base ideológica que pôs fim a hegemonia de 61 anos no poder do Partido Colorado (conservador).
O primeiro caso foi o de Viviana Carrillo, de 25 anos e mãe de Guillermo Armindo, de três anos, que no dia 13 de abril foi reconhecido publicamente por Lugo como seu filho.
Esses casos, que fizeram a popularidade de Lugo cair, foram instigados por uma sobrinha do chefe do Estado, Mirtha Maidana, que afirma que o ex-bispo é o pai biológico de uma jovem de 22 anos, Fátima Rojas. O presidente foi fotografado no casamento da moça, no dia 21 de novembro de 2009.
No dia 14, a mesma jovem e seu marido foram retratados pelos meios de comunicação na residência presidencial entre o reduzido grupo de pessoas que recebeu o governante depois da revisão médica e da primeira sessão de quimioterapia à qual ele se submeteu em um hospital do Brasil.
Durante a campanha eleitoral dirigentes do Partido Colorado acusaram o ex-bispo de ter vários filhos, embora nunca tenham apresentado provas.