Do G1, em São Paulo
‘Eva mitocondrial’ é mulher africana, segundo Universidade Rice, nos EUA. Trabalho foi publicado na revista ‘Theoretical Population Biology’.
O ancestral em comum dos humanos pode ter sido uma mulher africana, que viveu há 200 mil anos, segundo confirma estudo da Universidade Rice, nos Estados Unidos, divulgado na versão online da revista Theoretical Population Biology nesta terça-feira (17).
Estatísticas desenvolvidas pela equipe liderada pelo professor Marek Kimmel usaram 10 modelos genéticos de humanos para determinar quando a “Eva mitocondrial” viveu. Os cientistas usaram hipóteses sobre a migração, expansão e distribuição de humanos na superfície terrestre.
Perfis genéticos de doadores de sangue são comparados. Com base nas semelhanças e diferenças entre determinados genes, os pesquisadores conseguiram associar um número que representa o grau de parentesco entre duas amostras.
Para descobrir a idade da Eva mitocondrial, os cientistas precisaram converter medidas de parentesco em unidades de tempo. Essa operação gera coeficientes, constantes matemáticas que são aplicadas em uma equação que informa o período no qual a mulher africana viveu.
“Nossas descobertas destacam a importância de levar em conta os processos naturais para definir populações como crescimento e extinção”, afirma Kimmel. “Modelos clássicos, deterministas, alguns dos quais já foram usados para estimar a idade da Eva mitocondrial não dão conta de todas essas variantes.”
Genoma mitocondrial
Mitocôndrias são estruturas dentro da células responsáveis pela produção de energia na forma de moléculas de ATP para as funções mais vitais do corpo humano.
As organelas possuem DNA próprio, diferente do material genético do núcleo da célula. Possuem 37 genes que raramente mudam e uma região do genoma sujeita a muitas mudanças, rápidas o suficiente para permitir um “relógio molecular” calibrado com períodos referentes à vida da humanidade moderna na Terra.
Pessoas herdam o genoma mitocondrial das mães, o que indica que toda a humanidade teve um ancestral em comum, feminino. A única fonte para o DNA mitocondrial de um zigoto humano é a mãe.
Trabalhar o material genético de mitocôndrias é mais simples do que considerar todo o genoma humano e seus mais de 20 mil genes. Nem mesmo os computadores mais rápidos do mundo dão conta de viablilzar uma comparação entre tantas variantes.
Enquanto as mitocôndrias possuem apenas 16 mil ligações ou degraus na cadeia de seu DNA, a versão humana conta com 3 bilhões de unidades.