Rede Feminista de Saúde
A saúde das mulheres e os seus direitos sexuais e reprodutivos são um tema político de primeira grandeza, cuja garantia depende de uma sociedade democrática e organizada, com a participação das mulheres e de um estado laico sem influência religiosa. Daí porque este é um assunto para ser tratado nestas eleições, quando se decide, mais uma vez, os destinos do Brasil.
A Rede Feminista de Saúde apresenta sua plataforma para as Eleições 2010. O objetivo é abrir o diálogo político com candidatas e candidatos às eleições de 2010 e subsidiar os movimentos de mulheres e feministas para que argumentem em favor da saúde baseada no direito das mulheres à saúde integral, direitos sexuais e reprodutivos e encorajem muitas mulheres a buscar cargos legislativos e executivos.
Estas eleições devem desafiar o país para ampliar o compromisso das pessoas que tomam as decisões para que de fato assumam as políticas para equidade. O II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres deve ser executado na integralidade pela união, estados e municípios e ampliado com as importantes deliberações da II Conferência Nacional não incluídas, como a iniciativa de descriminalização do aborto, um grave problema de saúde pública no país.
O Brasil tem um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, o Sistema Único de Saúde. Foi conquistado pelo povo brasileiro ao longo de muitas décadas de luta, com a participação das mulheres. A atual Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres resulta desta trajetória, que defendeu sempre a integralidade e a equidade na saúde.
Causas absolutamente evitáveis – As desigualdades de gênero, na vida privada e na vida pública, revelam-se na persistente violência, na menor remuneração no trabalho e são flagrantes na ocupação dos espaços de poder e decisão. Hoje, no Brasil, as mulheres brasileiras de todas as idades, ainda adoecem e morrem por causas absolutamente evitáveis.
Adoecem e morrem na gestação, no parto e no puerpério, porque não conseguem planejar, não desejam a gestação ou não a conseguem evitar. O sistema de saúde falha quando as mulheres mais precisam, porque suas necessidades e decisões encontram obstáculos quase intransponíves: se decidem ter filhos, a atenção é de má qualidade e difícil de obter. Se decidem interromper a gravidez, trilham o caminho da ilegalidade e do risco, porque o país restringe o direito de decidir.
Adoecem e morrem de câncer de mama e de colo de útero e outras enfermidades porque as detectam tardiamente e o tratamento chega muitas vezes quando a vida já está comprometida.
Em especial as mulheres pobres, negras, indígenas e rurais e as com menor escolaridade, são vitimadas pela negação do direito à saúde como direito humano. Estão mais vulneráveis à epidemia do HIV Aids. A violência ainda faz parte de uma entre quatro mulheres. Necessidades específicas são invisibilizadas, ficam fora do sistema de saúde. A atenção integral à saúde, como um direito de todas as pessoas a uma vida prazerosa, está longe da maioria das mulheres.