Do G1, em São Paulo
Governo atribui alta ao maior acesso das mulheres ao serviço Ligue 180. Proporcionalmente à população feminina, DF, TO e PA tiveram mais queixas.
O serviço de denúncia Ligue 180, específico para receber queixas de violência doméstica contra a mulher, registrou alta de 112% de janeiro a julho deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (3) pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, que criou a central em 2005.
O disque-denúncia registrou 343.063 atendimentos nos sete primeiros meses de 2010 contra 161.774 nos mesmos meses de 2009 – veja no quadro acima o total de ligações por estado.
Para o governo, o crescimento da busca pelo serviço “reflete um maior acesso da população a meios de comunicação, vontade de se manifestar acerca do fenômeno da violência de gênero, ao fortalecimento da rede de atendimento às mulheres e ao empoderamento da população feminina local”.
A busca de informações sobre a Lei Maria da Penha, lei 13.340/2006, corresponde a 50% do total de informações prestadas pelo Ligue 180. A Lei Maria da Penha completa quatro anos de sanção nesta semana.
Na semana passada, o G1 visitou um abrigo em que moram mulheres vítimas de violência doméstica. Elas contaram que sofreram agressões por vários anos, mas decidiram denunciar seus ex-companheiros e hoje vivem em locais sigilosos. Confira ao lado vídeo com depoimentos de algumas mulheres.
Dos atendimentos registrados neste ano pelo Ligue 180, a maioria se deveu a crimes de lesão corporal. Em seguida, vieram as ameaças, conforme dos dados do balanço. Juntos, os dois tipos de queixas somaram 70% dos registros do Ligue 180. A Secretaria de Políticas para as Mulheres informou que esses crimes também são os mais registrados por mulheres nas delegacias.
Na avaliação da secretaria, o total de registros de ameaças – em 8.913 situações – mostra que é preciso atenção a esse tipo de queixa. “A voz de uma mulher que reporta estar sendo ameaçada tem de ter credibilidade. Pois só a vítima é quem tem a real dimensão do risco que corre”, disse em nota a subsecretária Enfrentamento à Violência contra as Mulheres Aparecida Gonçalves.
Os relatos de violência somaram 62.301 registros, sendo que 36.059 foram de violência física; 16.071 de violência psicológica; 7.597 de violência moral; 826 de violência patrimonial; e 1.280 de violência sexual. Foram registrados 239 casos de cárcere privado.
O balanço mostra também que em 68,1% dos casos a violência contra a mulher é presenciada pelos filhos. Além disso, em 16,2% das situações o filho sofre a violência junto com a mãe.
Os atendimentos mostram ainda que 39,6% das mulheres dizem sofrer violência desde o início da relação. Outras 57% afirmaram que são agredidas física ou psicologicamente todos os dias. Em mais da metade dos casos, as mulheres disseram correr risco de morte.
Perfil de agredidas e agressores
O perfil de quem agride é parecido com o de quem é agredida. A maioria das mulheres que ligou para a central tem entre 25 e 50 anos (67,3%) e nível fundamental de escolaridade (48,3%). Nas queixas, a maioria apontou que os agressores têm entre 20 e 45 anos (73,4%) e também nível fundamental de escolaridade (55,3%).
Das mulheres que entraram em contato com a central, de acordo com a secretaria, 72,1% vivem com o agressor, sendo que 57,9% são casadas ou têm união estável. Outros 14,7% prestaram queixa contra o ex-namorado ou ex-companheiro.
Por estado
Considerando a quantidade de ligações por estado, São Paulo teve o maior registro, seguido por Bahia e Rio de Janeiro. Quando a análise é feita considerando a quantidade de ligações a cada 50 mil mulheres de cada estado, o Distrito Federal fica em primeiro com 267 ligações a cada 50 mil mulheres. Em seguida, estão o Tocantins, com 245 queixas a cada 50 mil mulheres e o Pará, com 237 queixas a cada 50 mil mulheres.
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Perfil da violência doméstica a partir do balanço semestral da Central de Atendimento à Mulher
SPM
Os relatos de ameaça e a não dependência financeira de seus agressores são os principais destaques do perfil da violência doméstica da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). Os dados são inéditos e correspondem aos atendimentos de janeiro a junho
deste ano. Nesse período, o Ligue 180 registrou 343.063 atendimentos – um aumento de 112% em relação ao mesmo período de 2009 (161.774).
As ameaças foram verificadas em 8.913 situações. É a segunda maior manifestação de crime relatado pelas cidadãs que acessam a Central, precedida apenas pelo crime de lesão corporal. Das pessoas que entraram em contato com o serviço, 14,7% disseram que a violência sofrida era exercida por ex-namorado ou ex-companheiro, 57,9% estão casadas ou em união estável e em 72,1% dos casos, as mulheres relatam que vivem junto com o agressor. Cerca de 39,6% declararam que sofrem violência desde o início da relação; 38% relataram que o tempo de vida conjugal é acima de 10 anos; e 57% sofrem violência diariamente. Em 50,3% dos casos, a mulheres dizem correr risco de morte. Os crimes de ameaça somados à lesão corporal representam cerca de 70,0% dos registros do Ligue 180. Dados da Segurança Pública também apontam estes dois crimes como os de maior incidência nas Delegacias. O percentual de mulheres que declaram não depender financeiramente do agressor é de 69,7%. Os números mostram que 68,1% dos filhos presenciam a violência e 16,2% sofrem violência junto com a mãe.
“A voz de uma mulher que reporta estar sendo ameaçada tem de ter credibilidade. Pois só a vítima é quem tem a real dimensão do risco que corre”, declarou a subsecretária Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, da SPM, Aparecida Gonçalves.
Ranking nacional – Em números absolutos, São Paulo lidera o ranking com 47.107 atendimentos, seguido pela Bahia com 32.358. Em terceiro lugar aparece o Rio de Janeiro com 25.274 dos registros. A procura pelo Ligue 180 é espontânea e o volume de ligações não se relaciona diretamente com a incidência de crimes ou violência. A busca pelo serviço reflete a um maior acesso da população a meios de comunicação, vontade de se manifestar acerca do fenômeno da violência de gênero, ao fortalecimento da rede de atendimento às mulheres e ao empoderamento da população feminina local.
Tabela
UF |
LIGAÇÕES |
UF |
LIGAÇÕES |
SP |
47.107 |
AL |
5.722 |
BA |
32.358 |
RN |
5.104 |
RJ |
25.274 |
PB |
4.465 |
MG |
22.951 |
SC |
4.023 |
PA |
17.454 |
MT |
3.957 |
PR |
15.436 |
SE |
3.849 |
PE |
12.213 |
MS |
3.494 |
RS |
11.490 |
TO |
3.156 |
MA |
10.133 |
RO |
1.795 |
GO |
8.939 |
AM |
1.620 |
DF |
7.151 |
AP |
998 |
CE |
7.083 |
AC |
678 |
PI |
6.484 |
RR |
408 |
ES |
5.922 |
– |
– |
População feminina – Quando considerada a quantidade de atendimentos relativos à população feminina de cada estado, o Distrito Federal é a unidade da federação que mais entrou em contato com a Central, com 267 atendimentos para cada 50 mil mulheres. Em segundo lugar aparece o Tocantins com 245 e em terceiro, o Pará, com 237.
UF |
População Feminina |
Ligações a cada |
UF |
População Feminina |
Ligações a cada |
DF |
1.338.000 |
267 |
PR |
5.463.000 |
141 |
TO |
644.000 |
245 |
PE |
4.518.000 |
135 |
PA |
3.687.000 |
237 |
MT |
1.474.000 |
134 |
BA |
7.373.000 |
219 |
RO |
756.000 |
119 |
PI |
1.6 06.000 |
202 |
PB |
1.965.000 |
114 |
SE |
1.062.000 |
181 |
MG |
10.236.000 |
112 |
AL |
1.633.000 |
175 |
SP |
21.089.000 |
112 |
ES |
1.764.000 |
168 |
RS |
5.584.000 |
103 |
AP |
311.000 |
160 |
RR |
203.000 |
100 |
RN |
1.601.000 |
159 |
AC |
346.000 |
98 |
MA |
3.207.000 |
158 |
CE |
4.349.000 |
81 |
RJ |
8.314.000 |
152 |
SC |
3.102.000 |
65 |
GO |
2.967.000 |
151 |
AM |
1.716.000 |
47 |
MS |
1.214.000 |
144 |
– |
– |
– |
Lei Maria da Penha – Do total de informações prestadas pela Central (67.040), 50% correspondem à Lei Maria da Penha (33.394). Durante os quatro anos de existência, o Ligue 180 registrou 1.266.941 atendimentos. Desses, 30% correspondem a informações sobre a legislação (371.537).
Tipos de violência – Dos 62.301 relatos de violência, 36.059 correspondem à violência física; 16.071, à violência psicológica; 7.597 à violência moral; 826 à violência patrimonial; e 1.280 à violência sexual, além de 229 situações de tráfico e 239 casos de cárcere privado.
Perfil das mulheres – A maioria das mulheres que ligam para a Central têm entre 25 e 50 anos (67,3%) e com nível fundamental (48,3%) de escolaridade.
Perfil dos agressores – A maioria dos agressores têm entre 20 e 45 anos (73,4%) e com nível fundamental (55,3%) de escolaridade.
Veja os dados da central por estado
Comunicação Social da SPM