Agência Patrícia Galvão
Folha de S.Paulo – Em sua coluna publicada no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, o psicanalista Contardo Calligaris reflete sobre as abordagens feitas sobre a modelo Eliza Samudio no caso que investiga a participação do goleiro Bruno Fernandes no desaparecimento e possivel morte de Eliza.
Calligaris faz referência em especial às declarações de Érico Quaresma Firpe, advogado de Bruno. “Essa moça”, ele disse, “é atriz pornô”. E afirma que Eliza pode estar sumida propositalmente para ver Bruno acusado e preso. O que se ouve das pessoas que comentam o caso não é diferente, principalmente por parte dos homens, Calligaris declara ouvir: Eliza Samudio era “uma maria chuteira”, uma mulher fácil.
Calligaris analisa como os mesmos argumentos usados no caso Eliza são utilizados em casos de estupro, sempre na tentativa de culpabilizar a mulher.
“No processo contra um estuprador, por exemplo, é usual que a defesa remexa na vida sexual da vítima tentando provar sua facilidade e sua promiscuidade, como se isso diminuísse a responsabilidade do estuprador. Em suma, quando a vítima é uma mulher e seu algoz é um homem, é muito frequente (e bem-vindo pela defesa) que surja a dúvida: será que o assassino ou o estuprador não foi “provocado” pela sua vítima?”
O articulista completa a análise incentivando as mulheres a se manifestarem sobre o assunto que diz respeito a elas:
“Seja como for, para protestar contra a observação brejeira do advogado Firpe, mandei fazer uma camiseta com a escrita que está no título desta coluna. Mas o ideal seria que ela fosse adotada pelas mulheres. Podem mandar fazer, sem problema; o advogado Firpe não tem ‘copyright’ da frase.”
Acesse o artigo na íntegra: Eu sou atriz pornô, e daí?, por Contardo Calligaris (Folha de S.Paulo – 29/07/2010)
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