Roberta Lopes -Repórter da Agência Brasil
Brasília – Desastres naturais como os terremotos ocorridos no Chile e no Haiti podem ser oportunidades de se reorganizar políticas voltadas para as mulheres. A conclusão é de especialistas que participaram do debate Haiti e Chile: (Re) Construir a Igualdade, parte da programação da 11ª Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e o Caribe. O evento ocorre em Brasília desde terça-feira (13) e vai até amanhã (16).
Segundo Sergia Galván, diretora executiva da entidade Coletiva Mulher e Saúde, da República Dominicana, país vizinho ao Haiti, o terremoto evidenciou ainda mais a desigualdade entre homens e mulheres. Nos acampamentos montados pela Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), que está no país desde 2004, mulheres e meninas acabaram se dedicando às funções de cuidado das crianças e dos doentes e da limpeza dos acampamentos.
Ela previu que as mulheres terão dificuldades de acesso aos empregos que serão gerados com a reconstrução do país. “É necessário o fortalecimento das capacidades produtivas das mulheres para os empregos que irão surgir”, afirmou. Sergia considera fundamental o fortalecimento institucional do Ministério da Mulher haitiano para que se possa implementar políticas que garantam o direito das mulheres.
A subdiretora do Serviço Nacional da Mulher, do Chile, María Paz Lagos, disse que seu país usou a tragédia do terremoto para melhorar o acesso das mulheres aos empregos que surgiram com a reconstrução. Em janeiro, o Chile foi atingido por um terremoto de 7 graus na escala Richter e por ondas gigantes, as tsunami, que destruíram várias cidades.
María Paz disse que, em situações como a de um país pós-terremoto, em que todo tipo de necessidade é urgente, as mulheres se tornam praticamente “invisíveis”. Mas, segundo ela, são essas próprias emergências que podem oferecer oportunidades de tornar as mulheres mais visíveis. Para isso, no caso do Chile, a mulher foi colocada como o foco da reconstrução chilena. De acordo com María Paz, o governo distribuiu bolsas de estudo para as mulheres e 60% dos empregos gerados com a reconstrução foram reservados para elas.
Edição: Lana Cristina
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