Mulheres no topo

Maria Paula 


Estamos vivendo um fato inédito na história do Brasil: a possibilidade de duas mulheres, Marina e Dilma, disputarem o segundo turno das eleições presidenciais. É uma alegria enorme e, com certeza, servirá como fonte de inspiração a todas nós. Até bem pouco tempo atrás, estávamos numa situação tão desprivilegiada que nem o direito de votar tínhamos! Concorrer à presidência, então, nem se fala. Pois, agora, a maré virou para o nosso lado e devemos aproveitar para imprimir novos conceitos de modernidade.  

É muito simbólica essa escalada aos cargos de poder. Era a última fronteira a se conquistar, uma vez que já somos maioria nas universidades, no mercado de trabalho e na população — em termos numéricos, é claro. Agora, queremos ver as mulheres ocupando cargos estratégicos: mulheres cientistas, escritoras, intelectuais, enfim, extrapolando a realidade que ainda tem como maioria mulheres no emprego doméstico. 

Tenho a honra de participar de uma campanha muito significativa do ponto de vista social, que, acredito, vai consolidar nosso espaço tão merecido. A convite da ministra para assuntos da mulher, Nilcea Freire, estou na linha de frente na batalha pela igualdade de gênero. Estamos abrindo a discussão para acabarmos de uma vez por todas com disparates que não fazem o menor sentido, tais como, salários inferiores aos dos homens e outras formas injustas de discriminação a que somos constantemente submetidas. 

Um prêmio foi criado, há cinco anos, pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, para incentivar jovens de todo o país a escrever teses sobre o tema. Mais informações poderão ser obtidas no site www.igualdadedegenero.cnpq.br. É imprescindível que a sociedade entenda que o papel da mulher é fundamental para construirmos uma nação mais equilibrada e saudável, capaz de cuidar de seu povo com delicadeza e responsabilidade. A experiência da maternidade expande a consciência da mulher e essa consciência pode abraçar os mais diferentes nichos da sociedade. 

Vamos resgatar o poder do feminino, que foi soterrado pela sociedade de consumo e talvez, em breve, possamos entender que devemos dar mais valor ao tempo, à inteligência, à afetividade e à energia que gastamos para criar nossos filhos, que são, literalmente, o nosso futuro.

revista do jornal Correio Braziliense, 11/7/2010

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