Segundo Delegado Edson Moreira, ‘ídolo’ agiu como ‘monstro’. Responsáveis por morte de Eliza serão indiciados mesmo sem corpo.
O delegado Edson Moreira, um dos responsáveis em Minas Gerais pelas investigações sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, disse, em entrevista nesta quinta-feira (8), que o goleiro Bruno teria acompanhado a ex-amante Eliza para sua morte. “Ele estava junto. É a conclusão a que se chega”, diz Moreira. Veja ao lado a íntegra da entrevista.
O delegado afirma, com base em depoimentos, que Bruno ficou com Eliza o tempo todo e que demonstrava tranquilidade. Uma das principais testemunhas, um menor de idade, prestou depoimento na terça-feira (6), no Rio. O “Jornal Nacional” obteve acesso à integra do depoimento que o menor deu no Rio. No depoimento, o menor diz que ouviu Bruno pedir para ‘resolverem o problema’ com Eliza, mas não diz que o goleiro acompanhou Eliza para a morte (saiba mais).
O delegado Edson Moreira, em parceria com o também delegado Wagner Pinto, analisou declarações do menor no Rio de Janeiro e relatos feitos pelo adolescente no local em que teria ocorrido o crime, em Vespasiano (MG). Peritos estiveram no imóvel na quarta-feira (7), acompanhados pelo menor. Segundo os delegados, grande parte das informações do adolescente coincide com depoimentos de outras testemunhas ouvidas anteriormente pela polícia mineira.
Na noite de quarta-feira, o então advogado de Bruno, Michel Assef Filho, disse que o atleta nega o crime. Assef Filho disse ainda que o goleiro Bruno está “estarrecido” e afirmou desconhecer os fatos contados em depoimento pelo menor ouvido na terça. Nesta quinta, Michel Assef Filho deixou o caso alegando que trabalha para o Flamengo e, como o clube decidiu pela suspensão do contrato de Bruno, há um “conflito de interesses”. O advogado Ércio Quaresma assumiu a defesa de Bruno.
Eliza Samudio está desaparecida desde o início de junho. Nascida em Foz do Iguaçu (PR), ela se mudou para São Paulo e posteriormente para o Rio. Em 2009, teve um relacionamento com Bruno. Depois, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é Bruno. O filho nasceu no início de 2010. Desde então, busca na Justiça o reconhecimento de paternidade por parte de Bruno.
Na quarta-feira (7), Bruno teve a prisão temporária decretada no Rio. A polícia fluminense diz que ele é suspeito de ser o mandante do sequestro de Eliza. Em Minas, Bruno é investigado pelo homicídio da ex-amante.
Bruno no sítio
Na entrevista concedida nesta manhã, o delegado Edson Moreira disse: “Estavam no sítio do Bruno, em Esmeraldas (MG), quatro pessoas, além de Eliza e a criança. Três pessoas [Macarrão, o adolescente e Bruno] saíram com Eliza e o bebê do sítio sob a alegação de que eles seriam levados para um apartamento alugado. Nesse caminho, certamente o bebê foi levado para outro lugar e Eliza, Bruno, o adolescente e Macarrão foram para a casa do ex-policial. Em seguida, Bruno, Macarrão e o menor voltaram para o sítio apenas com a mala de Eliza, que foi queimada”.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, dono da casa em que estaria o corpo de Eliza Samudio, em Vespasiano (MG), seria o responsável pela execução, morte e desaparecimento da jovem, segundo o delegado Moreira. Ainda segundo o delegado, ele teve a prisão temporária solicitada pela polícia.
Segundo o delegado, “Bruno estava lá na casa [do ex-policial] e viu a mulher toda estourada. Acompanhou, segundo testemunhas, Eliza para seu sacrifício, para sua morte”. “Um ídolo como o Bruno, de um grande time, e um monstro pelo que fez com essa moça. O crime foi planejado e friamente executado. Podemos concluir que Eliza está morta”, diz Moreira.
De acordo com a polícia, Eliza e seu filho, de 4 meses, teriam sido levados do Rio de Janeiro para Belo Horizonte, de carro, com o menor e Macarrão. O carro que levou a jovem foi apreendido em 8 de junho e Eliza foi levada, em 9 de junho, para a casa em Vespasiano (MG), onde teria sido morta. Antes de ser executava, Eliza teria ficado no sítio do goleiro Bruno, em Esmeraldas.
Segundo o delegado Wagner Pinto, Macarrão, Bruno, o menor e Marcos estão diretamente envolvidos na morte de Eliza. “Fazendo o cruzamento das provas objetivas e subjetivas, como os depoimentos, podemos dizer que tudo aponta para a ocorrência de homicídio. O importante para nós é, a partir de agora, juntar todos esses elementos que indicam a efetiva participação do Macarrão, do Bruno e desse adolescente na trama criminosa, juntamente com o policial civil Marcos”, diz.
Ele afirma que as buscas pelo corpo de Eliza vão continuar. “Nós temos que buscar o cadáver, mas se não encontrarmos, com todos esses elementos, certamente as pessoas envolvidas serão devidamente indiciadas e apresentadas à Justiça como autoras desse homicídio e pela ocultação do cadáver”, diz. Segundo a polícia, as investigações irão apontar outros locais em que, eventualmente, o corpo pode ter sido desovado.
Ex-policial teria executado Eliza
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos seria o responsável pela execução de Eliza, segundo Moreira. Ainda segundo o delegado, ele teve a prisão temporária solicitada pela polícia.
Na quarta-feira, policiais entraram, por volta das 15h20, na casa em que estaria o corpo de Eliza. As equipes chegaram ao local orientadas pelo menor que prestou depoimento, na terça-feira (6), no Rio de Janeiro. Segundo a polícia, ele acompanhou os agentes durante a vistoria no local.
“O menor nos acompanhou nas buscas pela casa e chorava compulsivamente lembrando a cena do crime. Fomos ao local para verificar a versão apresentada pelo adolescente. A investigação está praticamente chegando a uma conclusão. Cerca de 80% do depoimento do adolescente é verdadeiro”, diz Moreira.
Dentro da residência, segundo a polícia, nada de interesse investigativo foi encontrado. Um carro de propriedade do ex-policial foi apreendido. “Aparentemente havia manchas de sangue no carro. O carro foi conduzido para o Instituto de Criminalística para a realização do exame que vai definir se é sangue, se é de natureza humana e se é da Eliza. Esse laudo sairá rapidamente, mas não há data definida”, diz o delegado Wagner Pinto.
De acordo com o delegado, que esteve no local com o menor, o adolescente descreveu com riq
ueza de detalhes o interior da casa, antes da entrada das equipes no imóvel. “Ele mencionou que havia vários cães da raça rottweiler no local e que o executor teria jogado parte do corpo de Eliza para os cachorros. Quando chegamos na casa, o menor apontou o local e ficou abalado”, diz.
Ainda segundo as investigações, há indícios de que alguém estaria na casa e teria fugido ao perceber a chegada da polícia. “Percebemos que alguém estava na casa quando a polícia chegou. Um circuito externo de câmeras estava ligado, monitorado por uma televisão, que também estava ligada. A pia estava molhada e a janela estava aberta”, diz Pinto. O delegado Moreira afirmou que há uma rota de fuga na casa.
Morte de Eliza
“O que é certo é que o menor disse que teria ido com Macarrão e Eliza para uma residência, onde houve a execução da Eliza por asfixia mecânica. Marcos teria estragulado, matado e desovado o corpo. Ele fez o estrangulamento, com o braço, pelas costas de Eliza. Depois da execução, Neném solicitou que o menor e outro homem que estava com eles saíssem para que ele providenciasse a desova do corpo”, afirma Wagner Pinto.
O jovem teria explicado, segundo a polícia, a mecânica do crime. Segundo relato do menor, Eliza tinha as mãos atadas e as pernas amarradas quando foi morta. Depois do crime, ainda de acordo com o que diz o adolescente, o ex-policial teria ficado sozinho com o corpo de Eliza Samudio, na casa em Vespasiano.
Delegado Edson Moreira: ‘Bruno é um monstro pelo que fez com Eliza’
Policial conta detalhes do crime cometido em Minas Gerais e solta o verbo: ‘Este crime é realmente chocante’
O DIA-RJ
Belo Horizonte (MG) – Em entrevista coletiva, realizada nesta quinta-feira em Belo Horizonte, o delegado Edson Moreira, um dos responsáveis pelo Departamento de Investigação de Homicídios da Polícia Civil de Minas Gerais, afirmou que o goleiro Bruno é um monstro pelo que fez com Eliza Samudio. “Este crime é realmente chocante. Um ídolo de um grande time e um monstro pelo que fez com ela (Eliza Samudio)”, disse Edson Moreira.
Delegado Wagner Pinto (E) e Dr. Edson Moreira, chefe do departamento de investigação, durante entrevista coletiva | Foto: Deisi Rezende / Agência O Dia
O delegado afirmou também que agora sim a polícia pode considerar que a estudante esteja morta. “A materialidade indireta está comprovada. Agora sim podemos dizer que a Eliza está morta”, completou.
Delegado conta detalhes do assassinato
Demonstrando estar emocionado, o delegado Edson Moreira contou detalhes do crime. Ele afirmou que Eliza foi morta com requintes de crueldade e que 80% do que foi dito pelo menor J., apreendido na casa de Bruno no Recreio dos Bandeirantes, pode ser considerado verdade.
Na versão da polícia de Minas, Eliza foi estrangulada, asfixiada, morta e ainda teve o corpo desovado. O responsável direto pela morte foi o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Marquinhos Paulista ou Bola – ele teria beijado, cheirado as mãos de Eliza e, em seguida, amarrou os braços da jovem para trás dando uma gravata.
Antes de morrer, Eliza apanhou muito e chorava compulsivamente. Poucos antes de morrer, disse: ‘Não aguento mais apanhar’. Marquinhos Paulista teria respondido: ‘ você não vai apanhar mais, você vai morrer’. Após o crime, o ex-policial teria jogado partes do corpo para um cão Rottweiler.
Bruno ao chegar na Delegacia de Homicídios, na Barra. Ele não prestou depoimento | Foto: João Laet / Agência O Dia
As investigações mostram que Bruno estava na casa de Marquinhos paulista na hora da execução de Eliza e saiu para beber cerveja logo após o crime. O filho de Eliza e Bruno, Bruninho, presenciou o crime na casa de Marquinhos Paulista, no município Vespaziano. No período em que manteve Eliza em cárcere privado, o goleiro mandava a jovem ligar para as amigas e dizer que estava tudo bem – ele usava um aparelho de som que ficava próximo à piscina em volume máximo para parecer que a ex-amante estava em uma festa.
Participação de Dayanne fica para depois
A polícia acredita que no dia em que as autoridades estiveram na casa de Marquinhos Paulista, na tarde de quarta-feira, uma pessoa estava na casa e teria fugido após perceber a movimentação policial – a pia desmonstrava uso recente e a janela estava aberta. O delegado Edson Moreira disse ainda que durante as investigações a polícia vai descobrir outros pontos onde o restos mortais podem ter sido jogados.
Perguntado sobre o destino de Dayanne de Souza, esposa de Bruno, que continua presa em Belo Horizonte, Edson More
ira não quis dar mais detlahes. “Sobre a Dayanne vamos ver isso depois. Agora é a hora de olharmos para os outros”, disse o delegado.
Bruno e Macarrão vão para Bangu
Bruno e Macarrão passaram a noite em celas separadas na Delegacia de Homicídios da Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Eles dormiram em colchões e com cobertores levados por seus advogados. Ele não comeram nada durante a noite e, antes de dormir, ainda conversou sobre futebol com policiais. Após ter o pedido de transferência para Minas Gerais negada, a dupla será transferida para o presídio de Bangu 2, em Bangu, na Zona Oeste. Um avião da Polícia Civil está no aeroporto Santos Dumont caso a Justiça dê parecer favorável à transferência deles.
Avião da Polícia Civil está à disposição para levar Bruno e Macarrão para Minas Gerais | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Eliza está desaparecida desde o dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a teria agredido para que ela tomasse remédios abortivos para interromper a gravidez. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para provar a suposta paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza teria sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estaria lá.
A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante o depoimento dos funcionários do sítio, um dos amigos de Bruno afirmou que ela havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa. Contudo, foi colocada em liberdade logo depois. O bebê foi entregue ao avô materno. O goleiro do Flamengo e a mulher negam as acusações de que estariam envolvidos no desaparecimento de Eliza e alegam que ela abandonou a criança.
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Foi crime premeditado e friamente executado, diz delegado
Gazeta Press –
Publicação: 08/07/2010 12:27
“Estamos chocados com essa monstruosidade descrita. Há um transtorno, um choque, estamos acostumados a lidar com esse tipo de homicídio”, afirmou o chefe do Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, o delegado Edson Moreira, em entrevista coletiva nesta quinta-feira. “Foi um crime premeditado, planejado e friamente executado”, emendou.
Neste momento, a polícia mineira trabalha na análise de elementos que indicam a participação efetiva de Bruno na morte de Eliza ao lado de seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, do próprio primo do atleta de 17 anos. “É um crime chocante, um ídolo como o Bruno, de um grande time”, reforçou Edson Moreira, claramente angustiado.
Ainda por cima, a polícia mineira fez o pedido da prisão temporária do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido pelos apelidos de Neném, Bola e Paulista, o dono da casa na região de Vespasiano (MG) em que Eliza supostamente foi levada. Ele é suspeito de ter assassinado e desossado a jovem. “A pessoa que fez isso com essa moça é um monstro”, encerrou Edson Moreira.
Mudança e transferência – O goleiro Bruno terá um outro advogado para a sua defesa contra a acusação do desaparecimento de Eliza Samudio. Nesta quinta-feira, Michel Assef Filho anunciou que está fora do caso.
O advogado informou a Bruno de sua decisão na sede da Divisão de Homicídios do Rio (DH), na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Michel Assef Filho alega que tem uma imagem muito forte ligada ao Flamengo. Ércio Queresma, que está na defesa de Macarrão e outros envolvidos no caso, também irá trabalhar com o goleiro do Flamengo.
Aliás, Bruno e Macarrão ainda serão encaminhados para o presídio de Bangu 2, já que a Justiça ainda não deu o aval para a transferência da dupla para prestar depoimento em Minas Gerais. Eles ficarão em uma unidade de presos que não foram condenados.