Jornal do Commercio
A estudante Milena Patrícia da Silva, 23 anos, que foi arrastada por um veículo CrossFox, no dia 29 de maio, na BR-101, no bairro da Guabiraba, no Recife, faleceu na noite desta quarta-feira (9), após passar por cirurgia para amputação da perna direita. Ela encontrava-se na sala da UTI para adultos nº 1 do Hospital da Restauração (HR), no Derby, Zona Central da cidade.
A operação começou por volta das 14h. Segundo os familiares, Milena teria falecido no início da noite, por volta das 19h. Até o fim da noite, o corpo da jovem continuava no necrotério do HR aguardando a presença dos profissionais do Instituto de Medicina Legal (IML). Até o momento, o hospital não confirmou a causa da morte.
De acordo com advogado Jefferson Timóteo, que é tio e padrinho do condutor da moto, Telmo Henrique, toda a família sabia que o risco de infecção era gravíssimo, o que tornava o estado de saúde dela bastante delicado. Telmo, que também ficou ferido no acidente, esteve no HR para acompanhar a saída do corpo de sua companheira, mas evitou contato com a imprensa (abaixo, fotos da família de Milena no HR).
Durante toda a semana, a estudante passou por sessões diárias de trocas de curativos, na Unidade de Queimados do Hospital. A expectativa era de que em dois meses houvesse a cicatrização total da lesão. Depois desse prazo, esperava-se que a jovem passasse por cirurgias de enxertos.
Com a morte da estudante, o procedimento de reconstituição do acidente, que envolveu o CrossFox do eletricitário Ernane Carvalho Neres, marcado para esta quinta (10) foi adiado, sem outra data prevista para acontecer. Telmo Henrique Timóteo, o condutor da moto que colidiu com o veículo, já havia confirmado sua presença na simulação que foi adiada.
Segundo o titular da Delegacia de Delitos do Trânsito, Newson Motta, com a situação da morte, pode haver mudança na tipificação. “A pena pelo crime deve ser agravada. No entanto, vamos continuar seguindo nossa metodologia. Precisamos reconstituir o fato, conversar com outros peritos, com a Polícia Rodoviária Federal, com a Polícia Civil e Militar, além é claro de aguardarmos o resultado da necropsia, para checarmos com os resultados do laudo traumatológico”, explicou o policial responsável pelo caso.
Mesmo com esse agravante, a estratégia de defesa do condutor Ernane Carvalho não será modificada. “A linha não pode mudar. Somos coerentes com a versão apresentanda desde o início. O meu cliente não foi culpado pela colisão com a moto. A causa do acidente foi dado pelo namorado da jovem. A fuga do senhor Ernane foi motivada pela aproximação de motos no local. Ele temeu por represálias”, afirmou o advogado contratado pelo eletricitário, Marconi Dias.
O advogado ainda fez outra revelação que pretende usar na defesa de Ernane. “Os leitores de revistas especializadas de carro devem saber disso: o CrossFox é um dos veículos onde existem mais pontos-cegos próximo ao carro. O senhor Ernane não viu nada pelo retrovisor, e não percebeu que estava arrastando a menina“, concluiu.
O CASO – Milena foi arrastada por quase um quilômetro na BR-101, no bairro da Guabiraba, Recife, no último dia 29, após a moto em que estava ter colidido com o CrossFox Prata, devido a uma possível ultrapassagem (a moto encontrava-se por trás de um caminhão que trafegava na outra faixa). Na colisão, a estudante caiu da garupa do veículo e ficou presa ao parachoque do carro. Ela foi arrastada por cerca de 1 km, enquanto já se encontrava presa nas ferragens do carro, próxima ao cano de escape.
A moto era conduzida por Telmo Henrique Timóteo, seu companheiro, que também ficou ferido no acidente. A estudante teve queimaduras graves e escoriações em variados graus.
A Polícia Civil identificou o homem que dirigia o carro, por conta de imagens da placa do veículo gravadas de uma lombada eletrônica. Ele foi indiciado e responderá ao processo em liberdade. Segundo depoimento à imprensa, o eletricitário Ernane de Carvalho Neres, 58, disse que não sabia que uma pessoa havia ficado presa embaixo do seu carro durante a colisão. E o motivo da fuga foi o medo que o condutor teve por conta do cerco que motociclitas fizeram na BR.