Mulheres Digitais

Martha Mendonça – Revista Época

Em 2007, fiz para ÉPOCA uma matéria sobre o movimento das mães na internet. Em blogs confessionais, elas falavam, boa parte de forma anônima, sobre a maternidade, suas delícias e agruras. Blogs como o americano True Mom Confessions passaram a ter milhares de visitas todos os dias. Similares foram criados no mundo inteiro. A internet virou ponto de encontro das mães.

 

fotodigitalmom-231x300Três anos depois, o grupo das “mães digitais” se transformou em um mercado economicamente poderoso. Há três meses, aconteceu em Nova York o seminário The Digital Lives of Power Moms (As vidas digitais das mães poderosas). Por quê? Existem mais de 70 milhões de mulheres com filhos nos Estados Unidos. E são elas, segundo pesquisas (que não são de hoje) que dão a palavra final em 8 de cada 10 decisões de compras da família – desde os produtos para as crianças até o carro. Soma-se a isso a presença maciça dessas mulheres nas novas redes sociais e o que temos? Cerca de 2 trilhões de dólares a serem consumidos, só nos Estados Unidos, nas mãos dessas mulheres. É poder ou não é?

Uma pesquisa feita em 2009 pela Microsoft Advertising no Reino Unido mostrou que, naquele país, as mães já utilizam pessoalmente a web, em média, durante 10 horas por semana. Tanto lá quanto nos Estados Unidos, as pesquisas mostraram que, ao contrário da geração anterior, essas mulheres não pedem mais ajuda dos maridos (ou dos filhos) quando se trata de novas tecnologias. Com seus smartphones e laptops, elas transitam facilmente pela web 2.0. Nesses contatos mãe-a-mãe, elas promovem uma troca de impressões sobre produtos e serviços cujo efeito é infinitamente maior do que qualquer propaganda formal. Um comentário de uma mãe, positivo ou negativo, sobre um produto, liga o sinal verde ou vermelho de milhares de outras mães. Claro que isso sempre acontece em portas de escolas do mundo inteiro. Mas. em tempos de internet e com as novas mídias, a agilidade e o alcance dessa opinião adquirem uma dimensão gigantesca.

Redes sociais específicas para mães, como o CafeMom – a maior delas, com cerca de 15 milhões de visitas por dia e 60 mil grupos dos mais diversos assuntos -, são monitoradas de perto pelo mercado. Nelas, empresas como Walmart, Unilever e Johnson & Johnson são patrocinadoras e podem interagir com as internautas/consumidoras.

Ano passado, a Moms Central, uma empresa de consultoria com foco em mães consumidoras, fez uma pesquisa sobre as motivações das mães online. Embora haja bastante interesse em informações sobre maternidade e educação, o que elas mais querem mesmo é ter contato social. Os dados mostraram que mães de todas as idades usam a internet para afastar a solidão, ter mais amigos e trocar ideias sobre fatos da vida e apoio familiar.

– 58% das mães dizem que se sentem sozinhas, em especial as que têm crianças com menos de 5 anos e não trabalham – e aquelas com filhos de 14 a 18 anos;

– 61% querem fazer novos amigos;

– 70% falam com outras mães em fóruns e comunidades online;

– 55% dizem que conversam pouco com o parceiro;

– 55% dizem que o parceiro não divide a responsabilidade na criação dos filhos.

Entre minhas amigas e também quando participo de eventos na escola dos  meus filhos, percebo que a tribo das mães geeks, com seus “brinquedinhos”, é cada vez mais numerosa. Embora tenham a maternidade como uma liga entre elas, essas mulheres não querem compartilhar apenas informações sobre filhos – mas sobre tudo e qualquer coisa. No Brasil, a prática em cima da percepção desse poder feminino ainda engatinha. Mas virá, certamente.

Você, que é mãe, participa de redes sociais? Por quê? O que você extrai dessa companhia virtual para a sua vida real?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *