Elas se tornaram um dos alvos prediletos da publicidade do tabaco
O Dia Mundial sem Tabaco de 2010 será celebrado nesta segunda-feira 31 de maio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu como tema “Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres”, com o objetivo de alertar sobre as estratégias que a indústria do tabaco utiliza para atingir o público feminino e os males que o cigarro causa à saúde e ao meio ambiente.
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) desenvolveu peças promocionais para uma campanha com o slogan “Mulher, você merece algo melhor que o cigarro!”. As peças trazem a imagem de flores como um contraponto ao cigarro: as flores representam proteção ao meio ambiente, beleza e qualidade de vida, contrastando com o cigarro, sinônimo de desmatamento, envelhecimento precoce e problemas de saúde.
O INCA estima que o tabagismo seja responsável por 40% dos óbitos nas mulheres com menos de 65 anos e por 10% das mortes por doença coronariana nas mulheres com mais de 65 anos de idade. Uma vez abandonado o cigarro, o risco da doença cardíaca começa a decair – após um ano, reduz-se à metade e, após dez anos, atinge o mesmo nível de quem nunca fumou.
Entre as mulheres que convivem com fumantes, principalmente seus maridos, há um risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão em relação àquelas cujos maridos não fumam. Além disso, o risco de infarto do miocárdio, embolia pulmonar e tromboflebite em mulheres jovens que usam anticoncepcionais orais e fumam chega a ser dez vezes maior que o das que não fumam e usam esse método contraceptivo.
As gestantes também devem ficar alertas. Abortos espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso, mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a placenta e episódios de hemorragia ocorrem mais frequentemente quando a mulher grávida fuma. Tais problemas se devem, principalmente, aos efeitos do monóxido de carbono e da nicotina exercidos sobre o feto, após a absorção pelo organismo materno.
Os riscos para a gravidez, o parto e a criança não decorrem somente do hábito de fumar da gestante. Quando é obrigada a viver em ambiente poluído pela fumaça do cigarro, ela absorve as substâncias tóxicas, que, pelo sangue, passa para o feto. Quando a mãe fuma durante a amamentação, a nicotina passa pelo leite e é absorvida pela criança.
A mulher e o cigarro – Com a participação cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, seu papel social também foi se alterando rapidamente. Ela passou a ter mais poder, tanto aquisitivo, quanto de decisão dentro da sociedade.
Em decorrência de todas essas mudanças, a mulher tornou-se um dos alvos prediletos da publicidade da indústria do tabaco, que passou a divulgar o cigarro como símbolo de emancipação e independência. Isso fez e continua fazendo com que o número de mulheres fumantes aumente cada vez mais.
Veja mais no hotsite do 31 de maio.
fonte: Ministério da Saúde
Exposições marcam o Dia Mundial Sem Tabaco
Duas exposições na Câmara lembram os males do tabagismo para marcar o Dia Mundial Sem Tabaco. Uma delas traz peças publicitárias veiculadas pela mídia norte-americana nos anos 50, que mostram a estratégia de convencimento da indústria do tabaco. Imagens de noivas, médicos e até bebês eram usadas para atrair o maior número possível de pessoas para o consumo do cigarro. A segunda exposição mostra ao público todos os malefícios do fumo passivo.
Propaganda usa imagem de médico para convencer a fumar
Nos anos 50, bebês, Papai Noel, noivas e até médicos eram usados para vender cigarros em campanhas veiculadas pela mídia nos EUA. Este é o tema da exposição “Propagandas de Cigarro – Como a Indústria do Fumo Enganou as Pessoas” que será aberta na segunda-feira (31) na Câmara, marcando a passagem do Dia Mundial Sem Tabaco.
A mostra revela estratégias da indústria do cigarro para atrair fumantes desde o início do século passado. São peças impressas e filmes comerciais das marcas de cigarro veiculados entre as décadas de 1920 e 1950 nos Estados Unidos. O material mostra a utilização de recursos de convencimento envolvendo bebês e crianças e até um Papai Noel fumante. O material da exposição foi reunido pelos médicos Robert Jackler e Robert Proctor, professores da Universidade de Stanfor (EUA).
Mulher e a indústria do cigarro
Para a mostra em Brasília, que será aberta no Dia Mundial Sem Tabaco, a curadora Bia Pereira optou por acrescentar à exposição um novo painel com peças voltadas às mulheres. “Será a oportunidade para mostrar o interesse que a indústria do fumo tinha e continua a ter nas mulheres, que representam um mercado de maior potencial de crescimento que os dos homens”, diz. De acordo com a curadora, a indústria do tabaco no início do século XX, percebeu que o público feminino era um mercado de grande potencial. A mulher passava a conquistar novos espaços sociais, e as companhias não tardaram em se utilizar de símbolos como a sensualidade e o glamour para atraí-las e convencê-las a tornarem-se fumantes. Fumar passaria a ser um símbolo de emancipação e de independência feminina.
Dia Mundial Sem Tabaco 2010
O Relatório sobre a Epidemia Mundial do Tabaco, da Organização Mundial da Saúde (OMS), constatou que hoje 12% das mulheres ao redor do mundo são fumantes. A entidade apurou também que, enquanto o número de homens fumantes estagnou, o de mulheres está em constante crescimento. Segundo a OMS, os riscos à saúde das mulheres fumantes são enormes: elas têm mais chances de desenvolver câncer cervical, osteoporose, abortos espontâneos e doenças cardíacas que as não-fumantes
Ambientes livres do fumo
Também na segunda-feira (31), será inaugurada a exposição “Quem não fuma não é obrigado a fumar”, realizada pela Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), com o apoio da Frente Parlamentar pelo Controle do Tabaco.
A exposição mostra os males causados à saúde pelo fumo passivo nos ambientes de lazer, como bares e restaurantes, não apenas a seus freqüentadores, mas especialmente aos trabalhadores desses locais. Filme, spot para rádio, cartazes, folhetos e outdoor são alguns dos itens que compõem a exposição.
Serviço
Exposição “Propagandas de Cigarro – Como a Indústria do Fumo Enganou as Pessoas“
Visitação: 31 de maio a 11 de junho de 2010, de segunda a sexta, das 9h às 18h.
Local: Espaço do Servidor, Anexo II da Câmara dos Deputados.
Entrada Franca.
Livre para todas as idades.
Realização: NovaS/B
Apoio: Espaço Cultural da Câmara
Acesse o site oficial da exposição .
Exposição “Quem não fuma não é obrigado a fumar”.
De 31 de maio a 2 de junho, das 9h às 18h
Hall da Taquigrafia, no Anexo II da Câmara
Aumento no número de mulheres fumantes preocupa OMS
Esta segunda-feira (31) é o Dia Mundial sem Tabaco e OMS aproveita a data para fazer campanha direcionada às mulheres fumantes – cerca de 17 milhões no Brasil. Na Câmara, a Frente Parlamentar de Controle ao Tabaco tenta aprovar alguns dos 129 projetos que tramitam na Casa para coibir o fumo.
Atualmente existem cerca de 17,1 milhões de mulheres fumantes no Brasil, número considerado alto pelos padrões internacionais. Outro dado preocupante é o aumento do índice de fumantes entre as mulheres no mundo inteiro, especialmente as mais jovens.
Estudo feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) nas escolas públicas do município de São Paulo comprova essa tendência. Os dados revelam que as meninas fumam mais que os garotos: dos cerca de 10% dos alunos fumantes, 61% são mulheres e 31% homens. Foram feitas entrevistas com 2.829 estudantes de 12 a 18 anos dos ensinos fundamental e médio. Entre as alunas, 11% fumam há menos de um ano; 59% entre 1 e 3 anos; 28% entre 4 e 6 anos; e 2%, há mais de 6 anos.
As estatísticas sobre doenças causadas pelo fumo junto ao sexo feminino também são preocupantes. Em 2010, cerca de 9 mil mulheres serão vítimas de câncer de pulmão no Brasil. Os dados constam de estudo divulgado recentemente pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que aponta ainda que o consumo de tabaco é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. Pelos dados do Inca, os fumantes têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver esse tipo de câncer.
Esses e outros números levaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) a escolher a mulher como foco central da campanha deste ano do Dia Mundial sem Tabaco, que acontece em 31 de maio, em mais de 190 países.
Projetos em tramitação
Na Câmara, deputados da Frente Parlamentar de Controle ao Tabaco, criada em 12 de maio, mobilizam-se para tentar aprovar alguns dos 129 propostas em tramitação na Casa que, de alguma forma, coíbem o tabagismo.
O presidente da Frente, deputado Marçal Filho (PMDB-MS), lembra que a criação do grupo ocorreu justamente para agilizar a tramitação dos projetos que tratam do assunto. “Muitos deles foram apensados a outras propostas sobre assuntos diferentes, como o consumo de álcool, e isso atrasa a tramitação”, diz. O deputado teme que esse atraso tenha o dedo dos fabricantes de cigarro. “Sabemos que existe o lobby da empresas e produtores de fumo”, destaca.
O PL 4846/94, que trata de medidas para restringir o consumo de bebidas alcóolicas, por exemplo, tem mais de 145 apensados, e vários deles tratam de medidas contra o fumo. Em maio de 2003, a proposta foi aprovada pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática. Em outubro de 2003, a Mesa Diretora determinou a criação de comissão especial para analisar os projetos, a qual funcionou em 2005 e 2006, mas não votou a matéria. Em 2008, a matéria ganhou urgência constitucional e chegou a ser debatida em Plenário. Em maio do mesmo ano, a urgência foi retirada, mas a comissão especial não voltou a funcionar.
Uma das metas dos deputados da Frente é aprovar proposta que restrinja ainda mais o espaço para fumantes, proibindo de vez os chamados fumódromos em bares e restaurantes, a exemplo do que já ocorreu em alguns municípios e no estado de São Paulo. O Projeto de Lei do Senado 315/08, que estabelece essa proibição, está em fase final de votação naquela Casa e de lá virá para a Câmara.
Reportagem – Roberto Seabra
Edição – Lara Haje
Mundo tenta conter tendência do fumo entre meninas
Pesquisas indicam que garotas experimentam cigarro mais do que os meninos
Felipe Maia, do R7
O índice de brasileiros que fumam vem caindo nas últimas décadas, passando de 33% em 1989 para 15% em 2008, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas um grupo específico preocupa os especialistas: as jovens e adolescentes, que têm experimentado o cigarro mais do que os meninos. Esse cenário não se limita ao Brasil, tanto que a OMS (Organização Mundial da Saúde) escolheu o assunto Gênero e Tabaco com Ênfase no Marketing para Mulheres como tema para o Dia Mundial Sem Tabaco, que acontece nesta segunda-feira (31).
A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, diz, em comunicado, que a tendência em alguns países é “extremamente preocupante”. Apesar de, historicamente, os homens fumarem mais que as mulheres, que representam apenas 20% dos fumantes, há indícios de que em certas regiões o problema cresce mais entre as meninas. Em metade dos 151 países analisados pela OMS, as garotas já fumam tanto quanto os garotos, diz Chan.
– O uso do tabaco não é libertador ou glamouroso. É viciante e mortal.
No Brasil, uma pesquisa feita pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) com 2.829 alunos de escolas públicas de São Paulo mostra que as meninas já estão fumando mais que os meninos. O levantamento apontou que 10% dos estudantes dos ensinos Fundamental e Médio fumam – desse total, 61% são garotas e 39%, garotos. E 59% delas usavam o produto no período entre um a três anos.
Silvia Cury, do comitê antitabaco da Sociedade Brasileira de Cardiologia e coordenadora da pesquisa, aponta diferenças na motivação para começar a fumar: enquanto eles aderem ao tabagismo para fazer parte do grupo ou pelo modelo que têm em casa, em geral elas colocam o cigarro na boca por questões pessoas e para lidar com fatores como ansiedade e estresse.
– O cigarro libera substâncias que aumentam o prazer, então se ela está triste ou chateada o fumo é uma forma de ficar mais alegre. Elas fazem essa associação, mesmo que não percebam.
O problema é que, por razões hormonais, as mulheres estão mais sujeitas às doenças relacionadas ao tabaco. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), as fumantes correm risco de problemas como infertilidade, câncer de colo de útero, doenças cardiovasculares e respiratórias, menopausa precoce, cólicas menstruais e problemas durante a gravidez.
Além disso, as mulheres estão sujeitas a uma combinação perigosa, do uso de cigarro e pílula anticoncepcional, que o pneumologista José Miguel Chatkin, da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), classifica como “bomba relógio”. Esses dois produtos aumentam a viscosidade do sangue, facilitam a formação de coágulos e tornam as usuárias mais suscetíveis a problemas graves como trombose e acidente vascular cerebral.
– A mulher tem que fazer uma escolha: ou ela fuma ou usa anticoncepcional. É uma mistura explosiva.
Cigarro fica mais feminino
Na campanha deste ano, a OMS critica principalmente
as estratégias de marketing das fabricantes de tabaco, que estariam apostando principalmente nas mulheres para conter a perda existente entre os homens. Isso acontece mesmo nos países que restringem fortemente a propaganda desses produtos, como é o caso do Brasil.
Uma das estratégias, diz a organização, é investir no lançamento de cigarros do tipo “light”, “baixo alcatrão” ou “suave”, que são mais usados pelo público feminino, sob a justificativa errada de serem mais “seguros” – esse tipo de produto tem a mesma quantidade de alcatrão, nicotina e outras substâncias, apresentando os mesmos riscos para a saúde. Também há incentivo para a fabricação de cigarros mais finos, coloridos e embalagens mais chamativas, diz a OMS.
– As mulheres são os principais alvos da indústria. Isso porque menos mulheres fumam ou mascam tabaco: apenas 9% delas fumam, enquanto o índice entre eles é de 40%. Dos mais de 1 bilhão de fumantes no mundo, apenas 200 milhões são mulheres. Com os homens, a indústria não tem mais espaço para crescer.
A pneumologista Cristina Cantarino, chefe do Centro de Tratamento de Tabagismo do Inca, diz que é importante combater a prática entre as mulheres em razão da importância e da influência que elas têm sobre a família. Isso porque a chamada “fumaça de segunda mão”, que expõe não fumantes aos malefícios do cigarro, também tem efeitos graves sobre a saúde.
– Normalmente elas têm mais contato com as crianças, o que faz com que os pequenos fiquem mais expostos à fumaça do tabaco. Muitas mulheres só fumam dentro de casa quando as crianças não estão, mas isso também é prejudicial à saúde, porque a fumaça fica impregnada.
Um estudo divulgado no começo desse ano indicou que a nicotina liberada em forma de fumaça pode ficar depositada por meses nas paredes, móveis e cortinas. Quando a nicotina residual reage com o ácido nitroso do ambiente, forma substâncias cancerígenas.