Jovem africana agredida em campus na Paraíba

O GLOBO
Estudante foi chutada por vendedor e xingada de “negra cão”

JOÃO PESSOA –  A estudante de Letras Kadija Lu, de 23 anos, natural de Guiné Bissau, foi agredida a chutes e xingada de “negra cão” dentro do campus da Universidade Federal da Paraíba, na noite de anteontem. Kadija Tu estuda na universidade graças a um convênio entre Brasil e Guiné Bissau. O agressor, um vendedor de cartões de crédito, foi ouvido pela polícia e liberado.

Segundo testemunhas, a estudante africana andava por um corredor do Centro de Educação do campus quando foi abordada pelo vendedor. Ele teria dado uma cantada na estrangeira e, depois, feito gestos obscenos para ela. A jovem exigiu respeito e se indignou, e o homem partiu para agressões verbais e xingamentos racistas, que culminaram na agressão física.

Estudantes intervieram e acionaram o setor de segurança da UFPB. Kadija precisou ser levada ao Hospital de Emergência e Trauma. Ela levou chutes no abdômen e está em observação.

O agressor foi detido pela PM e levado à 4ª Delegacia Distrital.

Mas a delegada Juvanira Holanda, da 4ª Delegacia, disse que o acusado não iria responder por racismo nem por lesão corporal. Segundo Juvanira, uma testemunha afirmou que o acusado disse “pega essa negra cão” durante a confusão que se formou no campus, quando a estudante foi tomar satisfação com o vendedor. A delegada disse que não houve racismo: – Para caracterizar racismo tem de ter uma série de coisas.

Não é só falar “sua branca”, “seu negro” ou “seu negro safado”. Só caracteriza racismo quando, por exemplo, você impede o acesso de um negro à educação.

O Comando da Polícia Civil na Paraíba substituiu a delegada e encaminhou o caso para a Delegacia da Mulher, onde estará sob a responsabilidade da delegada Renata de Almeida Matias. O acusado negou ter chamado a estudante de negra, pois diz também ser negro.

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