Pedofilia não é igual a homossexualidade

ALFREDO MAIA – Jornal de Notícias (Porto-Portugal)
Estabelecer uma relação entre a pedofilia e a homossexualidade “é claramente estigmatizante para a comuninade homossexual”, alerta o presidente da organização do 10.º Congresso da Federação Europeia de Sexologia, que decorre no Porto até quinta-feira.

 

“Há abusadores que são de orientação homossexual e de orientação heterossexual, pelo que não há qualquer relação causa/efeito”, sublinha o sexólogo Pedro Nobre, que dirige o laboratório de investigação em sexologia da Universidade de Aveiro e preside à Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, criticando “a forma como a Igreja Católica tem confundido pedofilia com homessexualidade”.

Os direitos dos homossexuais são um dos temas principais do congresso, que reúne especialistas de formações distintas – médicos, psicólogos, sociólogos, historiadores, cientistas sociais – oriundos de 32 países, fazendo o balanço de 100 anos de Sexologia e da multidisciplinaridade desta ciência.

O lançamento do debate sobre os direitos dos homossexuais, em particular contra a sua discriminação e perseguição, é aliás contemporâneo do nascimento da Sexologia. Surgiu na Alemanha evoluída do início do século XX, mas sofreu um sério revés com o nazismo, que perseguiu e matou os homossexuais. Mas, tanto tempo depois, “ainda há países árabes onde esta orientação é proibida e onde existe pena de morte”, nota Pedro Nobre.

Outro tema em evidência no congresso é a saúde sexual, da qual se tem falado muito nos últimos anos, também pela positiva, isto é não apenas em relação a problemas como a disfunção, mas também pelos seus benefícios. E saúde tem a ver com satisfação sexual, “factor importantíssimo para a qualidade de vida”.

“Prevalece ainda a ideia de que se estivermos sexualmente satisfeitos é bom, mas se não estivermos, paciência, pois há outras coisas boas na vida, mas o que está demonstrado é que a satisfação é um preditor da qualidade de vida”, afirma Pedro Nobre. Por outras palavras: as pessoas com bons níveis de satisfação sexual têm tendencialmente menos problemas de saúde, por exemplo.

É aqui que entra o terceiro tema – a educação sexual. Para que serve? Para educar para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e de gravidezes indesejáveis, sim. Mas também para acabar com o desconhecimento, a desinformação e os mitos que “continuam a ser muito prevalecentes”, defende o cientista.

Por exemplo, o mito do macho latino: o de que o homem não pode falhar na erecção. Este “falocentrismo” é “irrealista, porque os homens não são máquinas e as máquinas também falham”, diz o especialista, chamando a atenção para os riscos de colocar a expectativa de desempenho do homem num nível elevado.

Mas em relação às mulheres também há ideias erradas e mitos que alimentam até, com a liberalização das ideias, uma pressão sobre a sexualidade feminina – o de que devem ter múltiplos orgasmos e satisfazer completamente os seus parceiros.

Ao contrário do que ensinava Freud e muita gente pensa ainda, a maior parte das mulheres (70% em vários estudos) não atinge o orgasmo exclusivamente pelo coito, pois as paredes da vagina não são o órgão genital mais sensível, mas sim o clítoris, que deve ser estimulado. O desconhecimento de factos como este faz com que muitas mulheres tenham uma vida sexual “extremamente insatisfatória”, observa.

fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1565636

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