EM BRASÍLIA: Mostra de filmes alemães tem temas caros às mulheres

Ricardo Daehn – Correio Braziliense

 

Nove décadas de produção cinematográfica alemã compactadas num conjunto de 12 longas e dois médias-metragens, todos interligados por temas caros às mulheres. A proposta está na mostra, com entrada franca, Agora é que são elas, a partir de hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Produzido um ano antes de Ernst Lubitsch obter reconhecimento internacional em 1919, Eu não gostaria de ser um homem dá partida à programação, contando com elementos típicos do diretor, como a malícia moderada e o apelo erótico implícito. Na trama, uma jovem travestida se apaixona, numa noitada, exatamente pelo tutor dela.

 

Com origens judaica e russa, o mestre do humor refinado comparece com mais dois filmes de 1920: Ana Bolena, que revela as reviravoltas políticas motivadas pela rainha educada na França, e Gatinha selvagem, centrado num amor bandido retratado em país fictício. Na outra ponta cronológica das fitas apresentadas, destacam títulos premiados como Yella (2007), um romance comandado por Christian Petzold, que atende pela renovação do cinema germânico, com direito a três prêmios de melhor filme, em eleição da Associação Alemã de Críticos. Yella, por sinal, faturou o Urso de Prata de melhor atriz para Nina Hoss.

Em Agora é que são elas, o documentário ocupa espaço respeitável, contando com Football under cover (2006), sobre embate das seleções de futebol feminino do Irã e da Alemanha, que arrebatou dois prêmios Teddy (segmento GLBTT do Festival de Berlim): melhor documentário e prêmio do público. A interação com o esporte também pontua Pra frente, meninas — Futebol feminino na Alemanha (2005), um exame do progresso em campo da seleção feminina alemã, fortalecida pela fusão de forças advindas da reintegração da Alemanha Oriental e da Ocidental.

Filme de estreia de Beate Middeke, No final, a morte é que me liberta (2008) desenvolve a temática de suicídio ocorrido em 2001. Centrado na acidentada vida de uma mulher, Querido Fidel — A história de Marita (2000) é outra atração documental. Ainda no registro dramático, A apreensão (1981), sobre uma adoentada psicóloga em crise; O terceiro (1972), em torno de uma emancipada (mas, solitária) matemática e Quatro minutos (2006), multipremiada fita em torno de aprendizado musical dentro de uma penitenciária, são outros títulos acoplados à mostra exibida no CCBB.

AGORA É QUE SÃO ELAS
Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tr. 2, Lt. 22, 3310-7087). De hoje a 9 de maio, com sessões às 16h, 18h10 e 20h30. Hoje, com exibições de Eu não gostaria de ser um homem, de Ernst Lubitsch; O terceiro, de Egon Günther e Richard Wagner e as mulheres, de Andreas Morell (às 16h); Querido Fidel — A história de Marita, de Wilfried Huismann (às 18h10) e Case comigo, de Uli Gaulke (às 20h30). Entrada franca.

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