Uma ajuda para a dor de abortar

LETÍCIA SORG – revista ÉPOCA

As doulas, de quem a Isabel já falou aqui no Mulher 7×7, são conhecidas por ficar ao lado das parturientes. Elas ajudam na dor e na emoção do parto. Mas e a dor e a emoção do aborto?

 

A revista Bust retratou em uma reportagem um grupo de doulas que decidiu ampliar o conceito de gravidez e assistir também as mulheres que decidiram colocar um fim a ela.

O grupo, que tem 20 voluntárias, trabalha em um hospital público de Nova York. Elas fazem companhia para as mulheres e aplicam técnicas de relaxamento na hora do aborto. A fundadora do projeto, Lauren Mitchell, defende que a ideia é importante para o bem-estar das mulheres: “[O aborto] é procedimento desconfortável, que mexe com as emoções e compreende vida, sexo e morte. É intenso.” Para Lauren, qualquer cirurgia é um tanto assustadora e, no caso do aborto, é preciso adicionar um grande tabu cultural e social. Por isso a ajuda é bem-vinda.

Além de confortar a mulher e, às vezes, até contar piadas para descontraí-la, a doula explica o que está acontecendo no corpo durante o procedimento. Segundo Lauren, mesmo as pacientes que tinham receio de aceitar a presença da doula agradecem depois. O simples fato de ter alguém ao lado, alguém para segurar sua mão, pode ajudar. Imagino que, ao fazer um aborto, muitas mulheres optem por estar sozinhas. Muitas vezes porque seu círculo de convivência não apoia sua decisão.

Entre as doulas há quem condene esse trabalho durante o aborto, como relata uma matéria do site Slate. No siteAlldoulas.com, o projeto de Nova York gerou muito debate. Uma das participantes escreveu: “Assim como acredito que a mãe tem o direito de escolher como será seu parto, o bebê também tem o direito de viver. Quando eu era nova nesse trabalho de doula, comecei achando que a maioria seria pró-vida. Foi muito difícil para mim entender como doulas poderiam ser pró-aborto.”

Até entendo a posição da mulher no debate. Para alguém que trabalha todos os dias com o nascimento, optar por um aborto pode parecer estranho. Mas acho interessante a atitude do grupo de Nova York, que decidiu que o bem-estar da mulher vem primeiro, não importa a sua escolha. O que vocês acham?

Bom, no Brasil precisamos ainda discutir os direitos das mulheres, antes de pensar nas formas de minimizar a dor e o trauma…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *