Diario de Pernambuco (29/4/2010)
Brasília – Quase dois anos depois de publicar portaria para autorizar o Sistema Único de Saúde (SUS) a realizar cirurgias de readequação sexual, conhecidas como mudança de sexo, o Ministério da Saúde atendeu só 27 pessoas, sendo 12 no Rio Grande do Sul, dez no Rio de Janeiro e cinco em Goiás. Todos os contemplados foram homens submetidos a procedimentos para se tornarem mulheres. O baixo número e a não inclusão das pessoas do sexo feminino que desejam passar para o sexo masculino revoltaram Silvio Lucio Nóbrega. Denominado homem trans, mulher que assume a condição de homem, ele interrompeu a entrevista que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, concedia ontem durante o lançamento de uma campanha de combate ao preconceito contra travestis, e cobrou do representante do governo federal mais atenção aos transexuais.
Funcionário público da pequena Pacatuba (CE), Silvio, 46, relatou ao ministro que o segmento é maltratado e que a rede pública não está preparada para realizar cirurgias de mudança de sexo. Estiveaqui em Brasília, em 2008, na I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais e o senhor assinou uma portaria autorizando o SUS a pagar as cirurgias. Mas, na prática, não atende, questionou. Temporão tentou sair da saia justa respondendo a uma pergunta anterior. Vamos ter que corrigir os problemas enfrentados pelos travestis nos serviços de saúde . Os profissionais devem chamá-los pelos nomes sociais e não pelos de registro.
Silvio luta há dois anos para que o SUS pague sua cirurgia de readequação sexual. A portaria não proíbe a realização do procedimentos em mulheres que querem se transformar em homens, mas também não deixa clara essa possibilidade, lamenta. Para manter os trejeitos masculinos, Silvio admite que toma testosterona há um ano e meio, a cada três meses. Cresce pelos e ajuda a retirar os traços femininos, diz ele.
matéria extraída de: www.ccr.org.br