MÉXICO: Organizações responsabilizam paramilitares por morte de defensores(as) de Direitos Humanos

Natasha Pitts *

Adital – Há dois dias, uma emboscada e um ataque na região de La Sabana, no México, surpreendeu uma caravana humanitária formada por observadores de direitos humanos, líderes comunitários e comunicadores que se dirigiam ao município autônomo de San Juan Copala, em Oaxaca, para levar mantimentos. O atentado custou a vida de Bety Cariño, integrante da Equipe Nacional de Coordenação da Rede Mexicana de Afetados pela Mineração (Rema) e diretora do Coletivo (Cactus), e do observador finlandês, Tyri Antero Jaakola.


Organizações sociais de dentro e fora do México estão repudiando a ação, que tem como prováveis autores os membro da organização paramilitar denominada União de Bem-Estar Social da Região de Triqui (Ubisort) e do Movimento de Unificação e Luta Triqui (Mult) acobertados e favorecidos por grandes proprietários de terras.

Pela conivência e falta de ação para resolver os problemas e as dificuldades enfrentadas pelas comunidades indígenas da região, também estão sendo responsabilizados pelos atos criminosos Evencio Nicolás Martínez, Procurador Geral de Justiça, Jorge Franco Vargas, secretário de Governo do Estado, Carlos Martínez, candidato a deputado local pelo PRI e o Governador do Estado, Ulisses Ruiz.
Felipe Calderón, presidente do México, também não é esquecido na relação dos culpados pelas mortes e criminalização dos movimentos sociais no país. É o que prova o comunicado do Grito dos Excluídos/as Continental. “E ao governo espúrio deste último não podemos fazer outra coisa que lhe recordar o óbvio: sua natureza criminosa e fascista, que não será nunca esquecida e se despe com cada um dos atos que ensanguentam mais o caminho das lutas populares, fazendo crescer a rebeldia por todos os lados”.

De Honduras, organizações sociais do país repudiam o ataque contra a missão humanitária e os observadores de direitos humanos. Mesmo estando ainda em luta em seu país, fortalecem a luta das entidades mexicanas e pedem que o governo e as organizações paramilitares sejam responsabilizados pelo ato. “Exigimos castigo para os responsáveis deste abominável crime e acusamos diretamente ao governo repressivo de Ulises Ruiz por ser responsável direto por estes atos de lesa humanidade”, exigem e denunciam em pronunciamento as organizações.

Em comunicado público, o Grito dos Excluídos/as Continental denuncia ainda o retorno de torturas, assassinatos, ameaças, desaparições e perseguições, fatos constantes no México contra a população que persiste em se mobilizar contra as forças repressivas que partem do governo mexicano.

“México está em guerra, não contra o narcotráfico nem contra a corrupção dos políticos nem o saque orgiástico das transnacionais e dos grupos de poder: está em guerra contra o povo pobre, contra o povo organizado que luta desde todos os lugares desta terra que foi berço da primeira grande revolução campesina do mundo há exatamente um século e que, desde então, não parou de lutar por sua emanciapação”.

Para responsabilizar o governo pelo ataque na região de La Sabana, a Rede Nacional de Organismos Civis de Direitos Humanos iniciou uma campanha internacional de envio de uma petição. Na página virtual da Rede (http://www.redtdt.org.mx/d_acciones/d_visual.php?id_accion=89) é possível preencher o documento com nome e e-mail e enviá-lo a todos que estão sendo apontados como atores coniventes e acobertadores do atentado.

* Jornalista da Adital

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