Mortalidade materna diminui muito lentamente

Por Marguerite A. Suozzi, da IPS

Nova York, 16/4/2010 – Junto com governantes e outras autoridades, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, anunciou o Plano de Ação Conjunta para acelerar melhorias em matéria de saúde materna e alcançar o quinto dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio em 2015. Das oito metas da ONU acordadas em 2000 por 189 governantes, a que menos avançou é a que fala em reduzir a mortalidade materna em dois quartos, entre 1990 e 2015, disse Ban ontem, ao anunciar a iniciativa mundial.

 

Os demais objetivos são reduzir pela metade a proporção de pessoas que vivem na indigência e sofrem fome, educação primária universal, promover a igualdade de gênero, reduzir a mortalidade infantil em dois terços, lutar contra a expansão do vírus HIV (causador da aids), a malária e outras doenças, assegurar a sustentabilidade ambiental, e gerar uma sociedade global para o desenvolvimento entre o Norte e o Sul.

“Sabemos que as mulheres são o motor do progresso”, disse Ban. “Nos países mais pobres elas cuidam das crianças, cultivam e mantêm coesa a comunidade. Elas concebem, e não apenas os bebês. Se as ajudarmos poderemos ter um mundo melhor”, acrescentou. O secretário-geral também pediu esforços para facilitar o acesso das mulheres a serviços de emergência e a parteiras qualificadas porque só assim será possível reduzir a mortalidade materna em três quartos. Mas para isso é preciso fortalecer a infraestrutura médica e encontrar a melhor forma de atrair a assistência ao desenvolvimento.

“São necessárias novas formas para envolver as comunidades locais, governos e instituições internacionais”, disse Ban. “Significa levar a última tecnologia a lugares distantes. Temos que poder medir os avanços, saber o que funciona e o que não funciona, e criar programas efetivos e sustentáveis”, acrescentou. O presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete, concordou com o secretário-geral e destacou a necessidade de distribuir vacinas e outros medicamentos imprescindíveis para salvar as vidas de mães e filhos. “Com apoio dos países industrializados, estou certo que conseguiremos cumprir os objetivos quatro e cinco”, insistiu.

Por sua vez, o primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, destacou os avanços nessa área. A mortalidade infantil caiu em mais de um milhão de crianças por ano, nos últimos três anos. Se os números da revista médica The Lancet estão corretos, o mesmo ocorre com a mortalidade materna em todo o mundo, acrescentou. Mas nem tudo é cor-de-rosa. “A má notícia é que estamos atrasados. O avanço é muito lento. Resta muito por fazer. É inaceitável morrerem tantas crianças e por causas fáceis de prevenir”, acrescentou.

Na qualidade de presidente, este ano, do Grupo dos Oito países mais poderosos, a ministra de Cooperação Internacional do Canadá, Beverly Oda, disse que seu país “impulsiona uma grande iniciativa de apoio às nações em desenvolvimento para melhorar a saúde materna e de menores de cinco anos”. Os “compromissos que forem alcançados na Cúpula de Muskoka (Canadá), em junho deste ano, poderão significar uma diferença considerável e serão uma contribuição fundamental para a iniciativa do secretário-geral da ONU”, acrescentou.

Por sua vez, a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, detalhou as características de países que conseguiram diminuir a mortalidade materna como um exemplo positivo a ser seguido. “Essas nações têm um bom plano de ação, com bons indicadores que medem os êxitos de seu investimento”, além de uma sociedade civil e dirigentes políticos comprometidos com o objetivo, acrescentou. As autoridades “reúnem todos os recursos disponíveis para investir em iniciativas rentáveis e as vinculam entre si”, afirmou Chan.

O programa para evitar a transmissão do vírus HIV de mãe para filho é um “exemplo perfeito de união da atenção médica à saúde materna com a do recém-nascido, assim como a prevenção” da aids, entre outras enfermidades, acrescentou. Os governantes coincidiram em que a redução da mortalidade materna está relacionada com o êxito dos objetivos quatro – reduzir a morte de menores de um ano – e seis, combate ao HIV, a malária e outras doenças. “É algo que temos e podemos fazer”, assegurou Ban. “Há milhões de vidas em jogo”, ressaltou. IPS/Envolverde

(IPS/Envolverde)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *