Do Portal MS Record
Grupo abordava as garotas em portas de escolas, praças e lanchonetes
A Polícia Federal prendeu cinco pessoas envolvidas com o tráfico de mulheres e meninas para prostituição nesta quinta-feira (15). Os mandados de prisão e de busca e apreensão, expedidos pela 2ª Vara Criminal de Araguaína, em Tocantins, foram cumpridos em Frutal (MG), Uberlândia (MG), Aparecida do Taboado e Paranaíba, em Mato Grosso do Sul, e Araguaína, distante 376 km ao norte de Palmas.
De acordo com informações divulgadas pela Polícia Federal, a principal articuladora do grupo criminoso é a dona das casas de prostituição e seu filho é o encarregado de falsificar os documentos e auxiliar a mãe na administração dos bordéis. A quadrilha aliciava adolescentes em portas de escolas, praças, lanchonetes e mulheres em bares e boates.
As vítimas têm em comum o fato de morarem em locais de periferia, sem perspectivas de ascensão social ou profissional. Para algumas mulheres, o grupo oferecia empregos e para outras propunham a prostituição abertamente. Para as menores de idade, geralmente enganadas, falsificavam documentos com o objetivo de despistar as autoridades durante a viagem e não levantar suspeitas dos frequentadores nos bordéis.
Ainda segundo as investigações, as propostas sempre envolviam ganho fácil e, como atrativo, davam passagens, alimentação e dinheiro até Minas ou Mato Grosso do Sul. Os aliciadores ganhavam um percentual por cada garota que conseguiam levar para o bando.
Houve relato de uma garota que ao sofrer um aborto, apanhou da gerente e foi expulsa da casa onde se prostituía. Uma maneira de segurar as garotas nos bordéis é o rodízio que fazem entres as casas de prostituição de Frutal, Aparecida do Taboado e Paranaíba. Isso também serve para oferecer aos frequentadores daqueles locais garotas sempre diferentes.
Por causa da rotatividade, estima-se que a cada semana a quadrilha aliciava uma nova garota para fins de exploração sexual. O que dá uma média de quatro garotas por mês, quase 50 por ano. Calcula-se que, desde o início do ano, passado mais de 80 garotas foram exploradas. As que vão ficando mais velhas e passam também a aliciar, são expulsas, entregues à própria sorte, sem quaisquer condições de voltar. Outras que voltam ameaçam denunciar a quadrilha, que paga a passagem de retorno e manda as garotas embora novamente.
A polícia suspeita de que a organização criminosa possa estar envolvida no assassinato de um de seus integrantes. Para os policiais, foram fornecidas sobre a maneira de atuação da quadrilha e sobre o esquema de falsificação de documentos. Depois disso o cadáver do informante foi encontrado às margens do lago Azul, em Araguaína, alvejado por tiros de arma de fogo.
Agora, a polícia trabalha para levar as mulheres adolescentes para suas casas. Isso está sendo feito para se cumprir à convenção da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o crime organizado transnacional. E, ainda, para colocar em prática as intenções do Protocolo de Palermo, do qual o Brasil faz parte, que previne o tráfico de pessoas, seja para fins de exploração laboral ou sexual, dentro ou fora do País.
Às meninas maiores de idade será oferecida a possibilidade de retorno a seus lares. As menores terão sua situação avaliada pelo Juizado da infância e Juventude, Conselho Tutelar e demais autoridades competentes dos locais onde se encontram as casas de prostituição.