Pílula melhora vida sexual de uma a cada três usuárias

Camila Neumam, do R7

Pesquisa realizada em cinco capitais avalia relação entre contracepção e sexualidade

Pesquisa Ibope realizada pela Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), divulgada nesta terça-feira (13), concluiu que uma a cada três brasileiras que usam a pílula anticoncepcional acredita que o método afeta de maneira positiva sua vida sexual. Além disso, 29% das brasileiras dizem que a frequência das relações também melhora.

A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 20 de maio de 2009 com 500 mulheres, entre 15 e 45 anos, das classes A e B, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife.

Quando o assunto é a libido, 11% das entrevistadas acreditam que a pílula aumenta o desejo sexual, enquanto 72% dizem que a pílula não interfere. Já 16% acham que o método diminui o desejo sexual e 1% das mulheres não souberam responder.

Segundo o presidente da Febrasgo, Nilson Roberto de Melo, o uso da pílula não afeta apenas a contracepção, mas também a estética feminina e a sexualidade.

– Hoje a mulher posterga a maternidade por causa do mercado de trabalho e o uso da pílula passa a ser mais prolongado entre faixas etárias maiores. Além disso, a mulher sabe que o uso da pílula pode deixar a pele e os cabelos mais bonitos. Por isso não dá pra dissociar contracepção de sexualidade.

A opinião é compartilhada pelo ginecologista e sexólogo Gérson Lopes, presidente da Comissão Nacional de Sexologia da Febrasgo, que afirma ser uma tendência tratar o uso da pílula junto à sexualidade feminina.

– A preocupação hoje é com a qualidade de vida. E é inadmissível falar disso sem abordar a sexualidade. Hoje a contracepção tem que oferecer segurança e uma sexualidade prazerosa.

De acordo com Melo, a pílula anticoncepcional é o método contraceptivo mais usado no Brasil. Segundo a pesquisa, 86% das entrevistadas usuárias disseram que não pretendem parar de usar o anticoncepcional, enquanto 70% não têm intenção de mudar de método. Outros 72% afirmaram ouvir mais comentários positivos do que negativos sobre o anticoncepcional.

Contraindicações

O que faz a brasileira optar pela troca da pílula são os efeitos colaterais que ela pode causar. Segundo a pesquisa, 84% das entrevistadas optam pela troca por causa dos efeitos colaterais. E 45% delas a fazem por medo de engordar.

No entanto, os médicos advertem que reações podem acontecer dependendo do caso, não por via de regra. De acordo com Melo, a chance de mortalidade por uso da pílula, por exemplo, em mulheres abaixo dos 35 anos, é muito pequena, cerca de 1 para cada 77 mil mulheres.

Informação

Para se informarem sobre o método anticoncepcional, 61% das mulheres entrevistadas disseram recorrer ao médico, enquanto 26% procuram pela internet e 12% consultam-se com amigas.

 


Tire suas dúvidas sobre o uso da pílula do dia seguinte

Especialistas dizem que o medicamento é seguro, não abortivo, e sem contra-indicações

Camila Neumam, do R7

A contracepção de emergência, mais conhecida como pílula do dia seguinte, ainda é motivo de incerteza para muitas mulheres. Dúvidas sobre como ela deve ser tomada, se é eficaz, ou mesmo se tem efeitos colaterais são comuns entre elas. Para acabar com o “diz que me diz” a respeito, o R7 consultou especialistas que desvendam os mitos acerca da pílula e explicam sua verdadeira utilidade.

A pílula do dia seguinte é indicada para mulheres que fizeram sexo sem nenhum tipo de método anticoncepcional por parte dela ou do parceiro. O intuito é evitar a gravidez. Mas, diferente do que pode parecer, ela não é um método anticoncepcional e nem deve ser usado como tal, segundo os especialistas.

Uma pesquisa realizada em 2008 revelou que 20% das jovens paulistas usam a pílula do dia seguinte regularmente para evitar a gravidez, mas desconhecem os efeitos de sua utilização contínua ou os problemas que isso pode causar.

– O nome já diz, deve ser usado em casos de emergência, usado em uma situação especial. O uso da pílula tem que ser encarado como qualquer medicamento e não pode ser substituído pelo uso do preservativo. O uso tem que ser racional e sempre da maneira correta. O uso incorreto, claro, pode causar problemas, diz a especialista em saúde e direitos reprodutivos, Margareth Arrilha, diretora-executiva da CCR (Comissão de Cidadania e Reprodução).

Para o ginecologista Jefferson Drezett, médico ginecologista do Centro de Referência da Saúde da Mulher do Hospital Pérola Byington, vale frisar que o medicamento é “extremamente seguro e não tem contra-indicações” e ao contrário do senso comum não é uma “bomba de hormônios”.

– Não é uma bomba hormonal como dizem. A pílula do dia seguinte do modelo mais moderno corresponde a 30% de hormônios contidos em uma cartelinha de anticoncepcional de baixa dose.

Abaixo listamos as principais perguntas sobre o uso da pílula junto com as respostas dos especialistas.

É necessário receita médica para ter acesso à pílula?

Drezett – Formalmente sim para mostrar na farmácia como qualquer medicamento, mas na prática não. A receita é dada geralmente por um ginecologista.

Margareth – É possível comprar em fármacias sem receita, mas a contracepção de emergência faz parte da lei de planejamento familiar e nossa constituição estabelece que homens e mulheres tenham acesso a todos os contraceptivos para uso pelo sistema público.

Há um limite na quantidade de pílulas que podem ser tomadas ao longo da vida?

Drezett – Não tem. A gente garante toda essa segurança no uso quando ele é eventual. Quando é usado de forma racional e sem abuso é extremamente bem tolerado e extremamente seguro. Você pode ver problema no abuso de Novalgina, mas não desse remédio. Quando o uso se repete é que algo está errado na vida dessa pessoa. Quanto menos a mulher precisar usar, melhor.

Margareth – Não existe. É logico que é importante que a gente note que o nome do medicamneto é anticoncepcional de emergência. Mas todas as pesquisas realizadas no Brasil têm mostrado que as mulheres não abusam. Temos só que incrementar a responsabilidade.

O uso frequente altera a fertilidade?

Drezzet – Não há nenhuma evidência sobre isso ou em outra parte do trato genital.

Margareth – Não, de maneira nehuma ela vai deixar de ser fértil. A gente apenas recomenda que se pelas experiências sexuais dessa mulher isso vem acontecendo várias vezes, de repente seja mais interessante usar um mé

todo de uso contínuo, de forma que as deixem mais seguras.

Desregula o ciclo menstrual?

Drezzet – não, de forma nenhuma.

Margareth – Não desregula o ciclo, ao contrário, as pesquisas mostram que a medicação que foi ingerida não interfere na constituição básica do ciclo reprodutivo e faz a menstruação vir na data certa.

É abortivo?

Drezzet – Não é. É importante que a mulher saiba que não está fazendo um aborto, está usando um método legal, como qualquer outro.

Margareth – A pílula não é abortiva. Essa é a objeção maior. O uso da pílula pode evitar que um aborto venha se suceder. Se a relação sexual foi desprotegida, isso significa que não se deseja uma eventual gravidez. Nesse caso é possível evitar uma abortamento sabe-se lá em qual situação.

Causa sangramento? Se sim, é preocupante?

Drezzet – Não existe um sangramento imediato. De acordo com os dados da OMS, em quase 70% das mulheres que usam concepção de emergência o sangramento menstrual vem na data certa. [ Elas] não vão ter nenhuma mudança de padrão na menstruação, só em 15% vem com atraso.

Margareth – O sangramento pode ocorrer e é super normal. Pode ainda haver reações como vômitos, dores nas mama, cólicas, mas todos passam em 24 horas. A mulher tem que entender que ela está ingerindo hormônios que vão provocar pequenos efeitos colaterais.

Há contra-indicação?

Drezzet – Não existe nenhuma restrição. A OMS classifica todos os medicamentos com chances de causar transtornos e contra-indicações. A contracepção de emergência não tem nenhum tipo de contra-indicação, só se a mulher estiver grávida, e adotamos isso no Brasil. O medicamento é de elevada segurança.

Não restrição nem para adolescentes a medida que já tiveram a primeira menstruação e começaram a vida sexual. Essa menina pode usar com a mesma segurança e com as mesmas indicações. A dose de medicamento é plenamente aceitável para adolescentes.

Margareth – Não há. [A pílula] é uma alternativa contraceptiva a mais e muito importante para evitar uma gravidez indesejada e possivelmente um aborto.

Pílula anticoncepcional completa 50 anos

Uma pesquisa revela que até hoje ela é a preferida para evitar a gravidez.

 

13/04/10 – 13h48 – Atualizado em 13/04/10 – 14h00

Pílula anticoncepcional completa 50 anos

 

 

 

No Brasil as pílulas anticoncepcionais são distribuídas de graça nos postos de saúde de todo o país. Hoje mais de cem mil mulheres usam o método para evitar filhos, em todo o mundo. 

“A pessoa que usa o método corretamente, a chance dela engravidar e quase zero. Mas a mulher ainda usa muito por contra própria, como a vizinha falou, a amiga falou”, diz Ana Flavia Coleo Lopes, assistente social.

 

Uma pesquisa feita pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia em cinco capitais, Recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte constatou que 43% das entrevistadas que usam a pílula tem entre 26 e 35 anos, e que é maior o número de mulheres que tomam o comprimido há mais de dez anos entre as cariocas e gaúchas. 

Oitenta e cinco por cento das mulheres que usam a pílula, segundo a pesquisa, pretendem continuar com o método. A maioria, mais de 60% disse que o uso não interferiu no desejo sexual, mas 84% das que decidiram, trocar o contraceptivo se queixaram de dores de cabeça, enjoo e principalmente aumento de peso 

O vice-presidente da Comissão Nacional de Sexologia diz que há remédios antiandrogênicos que diminuem os efeitos colaterais. 

“Menos cefaleia, dor de cabeça, menos mastalgia (dor na mama), menos humor depressivo”, explica Dr. Gerson Lopes, ginecologista e presidente da Comissão Nacional de Sexologia da Febras-GO. 

Apesar da confiança nos efeitos da pílula, sempre ficam algumas dúvidas. No vídeo, uma especialista tira outras dúvidas dos telespectadores.

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