REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE
União homossexual é válida apenas no território da capital do país, governado por um partido de esquerda, que também legalizou o aborto
Um mês depois da lei que permite a união entre pessoas do mesmo sexo ter entrado em vigor na Cidade do México, a capital registrou a realização de 88 casamentos homossexuais.
Foram 50 casais de homens e 38 de mulheres, a maioria entre 31 e 40 anos, embora também tenham sido registradas uniões entre menores de 20 anos.
A norma, que tem efeito apenas no Distrito Federal, foi impulsionada pelo Governo de esquerda da cidade e provocou rejeição, principalmente do governista Partido da Ação Nacional (PAN). Vários estados governados por este partido apresentaram controvérsias constitucionais perante a Suprema Corte, que foram desprezadas pelos magistrados. A Promotoria federal também se opôs, e a impugnação segue sob o exame do alto tribunal.
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A lei aprovada na Cidade do México permite aos casais diferenciar o regime legal de seu casamento, como podem fazer os casais heterossexuais: a maioria optou pelo regime de comunhão de bens (59), e os outros 29 pelo de separação. O Registro Civil da metrópole tem 37 bodas entre pessoas do mesmo sexo pendentes marcadas para abril, maio e junho.
A capital mexicana é o estado do país onde a comunidade homossexual se manifesta mais abertamente, apesar dos líderes ativistas considerarem que ainda existe uma homofobia considerável e que é preciso trabalhar mais pela conquista de direitos. Em outros estados do México, particularmente aqueles rurais e de governo conservador, a situação dos homossexuais está pior, segundo os coletivos gays.
Nos últimos anos, o Executivo da capital aprovou uma série de leis que tiveram uma forte rejeição da direita, como a criação das sociedades de convivência (precursoras dos casamentos gays) e a do bom morrer. A mais polêmica foi a descriminalização do aborto em 2007 e sua prática em hospitais públicos, que contrasta com a tendência contrária que se vive em mais da metade dos estados do país, que optaram por penalizar esta prática.