Lançamento do livro “Luta, substantivo feminino” emociona e lota auditório na PUC-SP

Com a presença dos ministros Paulo Vannuchi e Nilcéia Freire, as Secretarias de Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres da Presidência da República, em parceria com a Caros Amigos Editora, lançaram, nesta quinta-feira (25), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o livro “Luta, substantivo feminino: histórias de mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura”.

 

 

Cerca de 400 pessoas lotaram o auditório da universidade – muitos ficaram em pé, sentados no chão ou do lado de fora. Os 300 exemplares disponíveis para a distribuição se esgotaram rapidamente. As mulheres que contribuíram com seus depoimentos para a composição do livro participaram do lançamento. Elas receberam homenagem especial do ministro Vannuchi, além de terem sido muito aplaudidas pelo público. 

“As mulheres sempre tiveram papel muito importante nas lutas travadas no Brasil. O livro mostra isso, elas resistiram à ditadura, na época da invasão da PUC a reitora era uma mulher e resistiu bravamente”, afirmou Vannuchi. Agora ele tem a expectativa de que as mulheres também apóiem a Comissão da Verdade e entrem nessa luta pela disputa da memória.  A ministra Nilcéia Freire também enfatizou a importância das mulheres ao longo da história do país.

A professora de Direito da PUC-SP, Flávia Piovesan, destacou em sua intervenção que o Brasil já avançou na reparação dos crimes da ditadura, mas não na preservação da memória e na divulgação da verdade. “O Brasil ainda tem essa dívida com as pessoas que sofreram na ditadura e o livro é uma forma de enfrentar isso”, disse. 

Além dos ministros e de Flávia Piovesan, participaram da mesa de debates que se seguiu ao lançamento: o diretor da Faculdade de Direito, Marcelo Figueiredo; a vice-presidente do Comitê da Organização das Nações Unidas para Eliminação da Discriminação contra a Mulher, Silvia Pimentel; e a representante dos familiares de mortos e desaparecidos, Rosalina Santa Cruz. 

Também estiveram presentes ao lançamento o presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Antônio Barbosa, e a socióloga Maria Victória Benevides.

Luta, substantivo feminino – O livro reúne os perfis de 45 mulheres assassinadas e desaparecidas por agentes da ditadura militar no Brasil (1964-1985), cujos casos foram julgados pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos em quinze anos de atividade. A obra ainda traz informações sobre as circunstâncias em que essas mortes e desaparecimentos ocorreram. 

Em praticamente todos os casos relatados as vítimas morreram em decorrência das torturas, foram executadas ou passaram a ter seu destino desconhecido por seus familiares e amigos. Para não deixar que tais horrores caiam no esquecimento e contribuir para a elucidação desse terrível episódio de nossa história, o livro “Luta, substantivo feminino” apresenta também depoimentos corajosos de 27 mulheres que sobreviveram às torturas. 

O objetivo da publicação é trazer à luz fatos essenciais para se restabelecer a verdade histórica. Na apresentação do livro, o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, destaca que “a leitura desta publicação jogará novas luzes sobre uma história que o Brasil não deve apagar da memória. (…) como passo necessário para uma reconciliação nacional pautada no respeito a todos os direitos humanos”. 

A ministra Nilcéia Freire, da Secretaria das Mulheres, destaca a relevância desta publicação para o resgate do papel da mulher em momentos importantes da história brasileira, como na luta pelo restabelecimento da democracia no país. “Se nos impuséssemos o exercício de mapear os dez nomes que mais aparecem nos livros de história, dificilmente aparecerá um de mulher entre eles. (…) O relato oficial sobre a nossa trajetória como nação é estritamente masculino; nos retratos oficiais, nossos heróis têm, quase sempre, barba e bigode”.

Direito à Verdade e à Memória – O livro “Luta, substantivo feminino” é a terceira publicação originada a partir do livro-relatório Direito à Memória e à Verdade, lançado pela SEDH em agosto de 2007, com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O livro-relatório apresentou todos os casos julgados pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, desde que foi criada pela Lei 9.140, de 1995, para reconhecer a responsabilidade do Estado brasileiro na morte ou desaparecimento de pessoas durante o regime militar.

Como desdobramento do livro-relatório, a SEDH lançou, em junho de 2009, uma publicação com a história de quarenta afrodescendentes que morreram na luta contra a ditadura. O projeto foi realizado em parceria com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Em dezembro de 2009, foi a vez do livro Histórias de meninas e meninos marcados pela ditadura, que focaliza violações de direitos humanos cometidas pelo aparelho da repressão política contra crianças, bem como casos de adolescentes torturados e mortos nos mesmos porões. 

fonte: SEDH

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