Por Correio do Brasil, com agências internacionais – de Roma
Um dia após pedido de desculpas do papa Bento XVI à Irlanda, o mais forte já pronunciado por um pontífice sobre o abuso sexual em crianças, cometido por padres da Igreja Católica, e o tema torna-se ainda mais devastador para a instituição, por toda Europa. Em comparação com o passado, bispos de diversos países elogiaram a carta como sendo uma condenação corajosa contra os clérigos que cometeram os abusos. As vítimas a compararam com o que eles esperam ver no futuro – sanções contra os bispos que eles acusam de ter ajudado a esconder o problema.
A distância entre os dois pontos de vista é tema de discussões públicas sobre os abusos de menores cometidos por clérigos. Cada nova revelação dá às vítimas mais munição e pressiona ainda mais a Igreja para que mudanças dolorosas, que ela tem evitado, aconteçam.
– Eles ainda não percebem que não se trata apenas de alguns casos isolados, mas que é um problema geral estrutural (da Igreja). Essa carta ainda não significa uma grande mudança – disse Chirstian Weisner, do movimento laico da Alemanha We Are the Church (Somos a Igreja).
O que a crítica quer é transparência e punição aos culpados, a revelação dos abusos cometidos e demissão dos bispos cúmplices. A carta de Bento XVI atendeu aos seus pedidos parcialmente, ao expressar "vergonha e arrependimento" pelos "atos criminosos e pecaminosos" que as vítimas irlandesas sofreram. Ele ressaltou que os bispos não poderiam ter escondido os casos de abuso da polícia e ordenou que seja feita uma investigação em algumas dioceses irlandesas.
No entanto, ele não mencionou os escândalos que sacudiram a Alemanha, Áustria, Suíça e Holanda, nem sugeriu que os bispos se demitam por terem falhado nas funções de liderança que ele tanto criticou.