Estudante é atacada e maltratada por alunos da Universidade Bandeirante, em São Bernardo do Campo, porque usava minissaia

Não foi um fato isolado, nem um exemplo qualquer de mau humor estudantil. É um caso sério e exemplo do que está acontecendo na sociedade brasileira, reflexo de uma campanha ultra-conservadora, da direita fundamentalista e machista, da ação das cúpulas religiosas patriarcalistas e misóginas.  São culpados os deputados pregam a violência contra as mulheres e querem fazer um cadastro nacional das grávidas, para controlá-as, ou quando acham que estupro é algo feio, mas o aborto permitido pela legislação nesses casos, um crime hediondo. Esses parlamentares e religiosos católicos e grupos espíritas que defendem isso acabam promovendo uma cultura de intolerância, de raiva contra as mulheres. E só podem gerar esse comportamento violento que se viu em São Bernardo do Campo.

A ditadura chilena mandava bater em mulheres que andassem de calças compridas. No Brasil policiais e militares estrupavam militantes de esquerda. Os estados teocráticos islâmicos mandam apedrejar mulheres que não se cobrem, em algum casos determinam que se cubra o corpo todo (com as Burkas). Mas isso, como estamos vendo, não são esquisitices de uma direita raivosa longe de nosso país. Está acontecendo aqui.

Não podemos permitir que esse comportamento ganhe corpo e progrida. Logo teremos a junção de cabeças raspadas com a TFP, com a Opus Dei e setores de igrejas que olham com admiração as ideias nazi-fascistas se unirem contra as mulheres, as lésbicas e gays. 

A criminalização de movimento sociais tem no Congresso Nacional um campo de expressão muito forte. Lá as ONGs estão sendo perseguidas, o Movimento dos Sem Terra também, e as mulheres que fizeram aborto ou que não desejam ser somente reprodutoras porque têm essa capacidade biológica estão sendo perseguidas e criminalizadas, discriminadas e oprimidas, como se estivéssemos nos tempos em que uma Inquisição (Santo Ofício) pudesse se sobrepor ao Estado e a Sociedade.

Repudiar o que fizeram em São Bernardo do Campo com a estudante de minissaia é o mínimo. Devemos exigir que a Universidade promova programas de educação cidadã para a paz e incentive reuniões de movimentos sociais com os estudantes, discuta os direitos sexuais e reprodutivos, direitos humanos das mulheres e outros temas que ajudem à reflexão sobre a tolerância e o respeito à igualdade entre gêneros.

Não podemos dar passos para trás. Em matéria de direitos humanos, só é admissível o caminho à frente. Devemos exigir que o Congresso Nacional e as instituições da República parem com as campanham contra as mulheres e que promovam leis que ampliem os direitos das mulheres e de todos os setores discriminados. É assim que se produz uma sociedade que venera a paz e não se guia pela raiva, pelo preconceito e por tabus misóginos.


Uso de minissaia gera reação violenta de estudantes em SP

Garota foi xingada por colegas e faculdade diz que vai investigar; especialista vê “falência da educação” no caso

Do R7

Uma universitária do curso de Turismo da unidade de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) da Uniban (Universidade Bandeirante) resolveu assistir aula na última quinta-feira (22) vestida com uma minissaia e outros estudantes a xingaram. Ela só conseguiu sair do local após vestir um jaleco branco cedido por alguém da universidade e com a ajuda de policiais militares que ela mesma acionou. O R7 não conseguiu identificar quem ela é e a universidade não divulgou o seu nome.

 

A Polícia Militar confirmou que foi chamada para atender a uma ocorrência de tumulto entre alunos. No local os policiais constataram que teriam de escoltar a estudante porque ela usava uma roupa curta. O caso não foi levado para nenhuma delegacia, informou a PM.

Os próprios estudantes filmaram o que aconteceu e disponibilizaram no site Youtube, que já o retirou. A direção da Uniban informou em nota que no dia seguinte ao fato abriu uma sindicância para investigar o que aconteceu. Alunos, professores e seguranças e a aluna serão ouvidos. A instituição disse que pretende aplicar “medidas disciplinares aos causadores do tumulto”. A universidade informou que sua “posição é de total repúdio a qualquer manifestação de preconceito de gênero e qualquer forma de difamação ou violência”.

A Uniban informou que não houve agressões à garota e a violência se restringiu a “manifestações verbais de caráter ofensivo”.

A reportagem do R7 ouviu a psicanalista e doutora em educação pela USP (Universidade de São Paulo) Lisandre Maria Castelo Branco sobre o fato. Ela criticou de modo geral o sistema de educação e disse que as pessoas estão cada vez mais apelativas no “sentido da disposição do corpo, de tatuagem e isto obviamente tem sido cada vez mais tolerado e quem se escandaliza é chamado de careta, quadrado ou coisas do tipo”.

Lisandre disse que os educadores formais, professores, e os informais, os pais, a família, perderam o seu lugar e espaço e que atos têm consequência.

– O que aconteceu foi fruto de uma incompetência formal e informal da educação quando você não educa, e, neste caso é

bem um caso você não tem como lidar com as consequências a não ser chamando a polícia. 


"Linchamento" da estudante reflete problemas sociais

Fernanda Aranda – O ESTADO DE S. PAULO

O "linchamento moral" sofrido pela estudante da Uniban reflete dois problemas sociais, avaliam especialistas. O primeiro é o machismo que justifica a agressão contra a mulher por uma suposta falha. O outro é a invasão da violência nas instituições de ensino.

"O episódio pode mostrar a bagagem que estes alunos trazem da fase escolar", acredita Charles Martins, assessor de educação da Plan, entidade internacional que trabalha contra violência nas escolas. "Toda forma de violência tem histórico e o nosso mostra que a quebra de valores começa na escola."

A coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Eloísa de Lasis, também afirma que o caso da Uniban não pode ser encarado de forma isolada. "Enxergar e debater o ocorrido como um sintoma social pode nos ajudar a entender como um espaço de ensino se torna um espaço de violência", conclui.


Aluna é vítima de assédio em massa

Ela foi acuada em universidade em São Paulo por um grupo de estudantes por causa do vestido que usava

Ana Bizzotto – O ESTADO DE S. PAULO

Uma estudante do 1º ano de Turismo do período noturno do câmpus ABC da Universidade Bandeirantes de São Paulo (Uniban), em São Bernardo do Campo, foi xingada e acuada por um grupo expressivo de estudantes no prédio onde estuda por causa do comprimento do vestido que usava. O fato ocorreu no dia 22 e ganhou repercussão nesta semana pelo YouTube, onde foram publicados vídeos que registraram o episódio. O conteúdo foi retirado a pedido da universidade.

Segundo as cenas e os depoimentos de presentes, o tumulto começou quando a aluna subia por uma rampa até o terceiro andar e os alunos começaram a gritar. Ela ficou trancada em uma sala e, com a ajuda de um professor e colegas, chamou a polícia, que a escoltou até a saída da universidade. A estudante, de 20 anos, pediu para que seu nome não fosse divulgado.

"Costumo usar vestidos curtos e calças apertadas, assim como outras meninas. Naquele dia, tinha pegado ônibus, andado na rua e ninguém disse nada", contou a estudante. "Eles estavam possuídos, fiquei com muito medo", relatou.

A Uniban, em nota, disse que instaurou sindicância. "Alunos, professores, seguranças e também a aluna estão sendo ouvidos individualmente", informou. A universidade "pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o regimento interno".

O comandante da 2ª Companhia do 6º Batalhão da PM, capitão Cotta, informou que a polícia foi chamada porque a estudante "estava sendo impedida de sair da sala". Quando os policiais chegaram, a aluna já estava com um jaleco branco que tampava a roupa que usava. "Ela não quis registrar boletim de ocorrência nem ir à delegacia, só queria ser acompanhada até sua casa. A Uniban também não solicitou ocorrência."

"Ela veio com um vestidinho rosa da pesada, daqueles que se usa com calça legging, só que sem a calça", disse o estudante de Matemática Pedro Adair, de 23 anos. "Os três andares da faculdade subiram atrás dela. O pessoal parecia estar no tempo das cavernas, só faltou arrastá-la pelos cabelos", completou Pedro, que considera que o episódio foi uma "brincadeira que passou dos limites".

Uma estudante de Pedagogia que se identificou como Simone estava no prédio na hora. "Eles ficaram gritando "puta" para ela. Fui lá ver também e até tomei spray de pimenta que a polícia jogou", contou.

VIOLÊNCIA DE GÊNERO

Especialistas ouvidos pela reportagem disseram que, se tivesse ficado nua, a estudante poderia ter cometido crime de atentado ao pudor. "Mas nada justifica a reação exagerada. Isso retrata violência de gênero, culpar a mulher pela agressão", afirma a coordenadora executiva da ONG Rede Mulher de Educação, Vera Vieira.

De acordo com Charles Martins, assessor de educação da ONG Plan Brasil, que estuda a violência nas escolas do país, "ainda que a estudante tenha quebrado padrões de conduta, não pode ser aceitável a agressão como resposta".

O episódio motivou a criação de fóruns na internet. Entre comentários, pessoas dizem que a aluna foi vítima de intolerância.

Alunos relataram ainda que no início do ano uma outra confusão aconteceu no mesmo câmpus. Uma aluna teria sido agredida por não ter aceitado participar de um protesto contra a mudança nas avaliação da universidade.


Taleban na faculdade

Em universidade de São Bernardo, multidão de alunos persegue colega de microvestido, que só consegue sair escoltada pela PM

LAURA CAPRIGLIONE e MARLENE BERGAMO – FOLHA DE S. PAULO


Pu-taaa! Pu-taaa! Pu-taaa! Cerca de 700 alunos da Uniban, Universidade Bandeirante de São Paulo, campus de São Bernardo, pararam as aulas do noturno para perseguir, xingar, tocar, fotografar, ameaçar de estupro, cuspir. Tudo isso contra uma aluna do primeiro ano do curso de turismo, 20 anos, 1,70 metro, cabelos loiríssimos esticados e olhos verdes, que compareceu à escola em um microvestido rosa-choque, pernas nuas com pelinhos oxigenados à vista, salto 15, maquiagem de balada, na quinta-feira da semana passada (22).

Michele Vedras (nome fictício inventado por ela em um blog) só conseguiu sair da escola sob escolta de cinco soldados da PM, duas mulheres inclusive, que tiveram de usar spray de pimenta para conter os mais exaltados e abrir caminho entre a massa. Vídeos do ataque circulam pela rede, um deles intitulado "A Puta da Uniban".

O microvestido rosa-choque de Michele, naquele dia, andou de ônibus -no total, a moça gasta duas horas para ir e voltar da faculdade. Mereceu elogios -"Gostosa!"- durante o trajeto. O mesmo vestido foi usado na festa de aniversário da sobrinha de Michele, uma festinha em família. Mas, na Uniban, onde a moça chegou às 19h45, o tempo esquentou.

Estudantes de outros cursos que não os de turismo, entrevistados pela Folha anteontem, criticaram Michele. "Ela veio provocar." "Ela andava rebolando." "Deixou cair uma carteira, de propósito, só para ter de se agachar." "Aquilo não é roupa de vir à faculdade."

Estudantes do curso de turismo ouvidos pela Folha defenderam a colega. "Ela sempre anda assim, de um jeito ousado." "Ela faz esse estilo mulherão

mesmo." "Ela é avantajada, sim. Mulheres com a autoestima lá embaixo morrem de inveja." "É uma vergonha para a escola ter alunos assim. Parece que esses caras nunca viram uma mulher."

Desfile na rampa

O prédio da faculdade de turismo tem um átrio central cercado de rampas por todos os lados. Quando Michele chegou à escola e começou a subir uma rampa, os rapazes ficaram paralisados. Alguns conseguiram se mexer. Mas para ir ao prédio vizinho, chamar colegas para ver também. A pequena multidão, até aí, tinha cerca de 200 pessoas, segundo um estudante. Muitos assobiavam.

Michele achou melhor sair da rampa no segundo andar e usar a escada para chegar ao terceiro, onde fica a classe dela.

As aulas começaram. Às 20h30, a jovem resolveu ir ao banheiro. Uma colega de classe fez questão de acompanhá-la, receando algum problema. "Eu estava com receio, mas nem podia imaginar o que viria daí para frente", disse Kelly Andrezzi dos Santos, 19. De repente, algo como 20 garotas de outros cursos invadiram o banheiro. Queriam obrigar Michele a vestir uma calça, xingavam-na, diziam que ela estava provocando, "causando".

A confusão foi a senha. Rapazes saíam de suas salas e se aglomeravam na porta do banheiro das mulheres. O professor Rubens, de Desenvolvimento Gerencial, que dava aula para a classe de Michele, teve de sair da sala em operação de resgate. Foi acompanhado por colegas de turma.

"A gente teve de distribuir tapas nas mãos dos meninos, que tentavam enfiar o aparelho celular no meio das pernas [da Michele], para tirar fotos", lembra a amiga Amanda de Sousa Augusto, 19, aluna da mesma classe. "Foi uma agressão, uma injustiça. A Michele é uma superboa pessoa."

A turma do professor Rubens voltou para a sala e se trancou nela. A essa altura, a maioria dos garotos dos dois prédios da Uniban já tinha saído de suas classes. Eles revezavam-se no visor da porta, pulavam para alcançar uma janela mais alta.

O coordenador de curso subiu até a classe sitiada. Pediu que Michele fosse embora. Que ela vestisse o jaleco dele ao sair. E foi-se. Michele não quis sair.

O namorado ia buscá-la no fim do período de aulas -iriam juntos a uma festa.

Presos na sala de aula, a turma e o professor ouviam os estudantes lá fora gritando. "Solta ela, professor! Deixa pra nós." "Vamos estuprar!" Colegas de classe colaram folhas de fichário por dentro da janela, para evitar os olhares.

A essa altura, Michele chorava, desmanchando a maquiagem. Um chute na porta, a maçaneta voou. Machucou o professor. Três seguranças se apresentaram na sala. O mais graduado dirigiu-se à moça: "Bonito, né… Vir à faculdade dessa maneira". Ele queria que Michele saísse naquele momento, mas a representante de classe não permitiu. Achava que a colega corria risco. Chamou o 190.

"Seus coxinhas [PMs], vão levar a gostosa?", um aluno uivou no ouvido de A., um dos policiais que atendeu ao chamado.

Quando Michele passou, escoltada, na frente da sala dos professores, uma docente fez questão de sair. Com uma careta, perguntou: "É essa a fulana?".

Na catraca da escola, sempre sob a escolta policial, Michele viu entre os que a agrediam uma menina com o celular na mão, fotografando a sua vergonha: "Ela pega o ônibus comigo todo dia. Sempre quietinha.

Mas naquele dia, ela atacava irada: pu-ta, pu-ta. Não entendi por que tanta raiva".

Filha de uma dona de casa e de um supervisor de serviços, ambos apenas o primário completo, Michele tem um irmão de 32 e duas irmãs (30 e 16). O pai é quem paga os R$ 310 de mensalidade. Mora em um bairro popular em Diadema. Já trabalhou em um mercadinho.

Michele não pretende abandonar a faculdade. Hoje, ela comparece pela primeira vez à Uniban, desde o episódio, para depor em uma sindicância que apura o ocorrido. A jovem tem ficado reclusa. "Sempre ando arrumada, salto alto e maquiada. É assim que me vejo. É assim que eu sou. Mas, desde aquela quinta-feira, não consigo mais ser quem eu era. Só me visto de calça e camiseta e a maquiagem ficou na gaveta", disse.

Frases

"Este vestido que causou tanto escândalo, fui com ele no aniversário da minha sobrinha e ando com ele no ônibus. Na faculdade, achei que as pessoas seriam sensatas"

MICHELE VEDRAS

"Ando arrumada, salto alto e maquiada. Mas desde aquela quinta, não consigo mais ser como era. Só me visto de calça e camiseta e a maquiagem ficou na gaveta"

MICHELE VEDRAS

Universidade vai ouvir os envolvidos

DA REPORTAGEM LOCAL

REPÓRTER-FOTOGRÁFICA

A Uniban instalou na sexta-feira, dia 23, uma sindicância para apurar o que ocorreu no campus de São Bernardo. Segundo nota oficial, alunos, professores, seguranças e também a aluna Michele (nome fictício) serão ouvidos individualmente pela universidade, que "pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o seu regimento interno, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa".

A nota da universidade manifesta "total repúdio" a qualquer manifestação de preconceito de gênero e qualquer forma de difamação ou violência.

Ontem, segundo o site G1, a Uniban mantinha quatro funcionários rastreando vídeos divulgados no YouTube com cenas das agressões à aluna. O objetivo desse trabalho era pedir ao site YouTube que removesse as imagens. (LC e MB)



‘Perdi a dignidade’, diz estudante humilhada em universidade

Por medo de ser reconhecida, jovem que sofreu assédio coletivo por usar vestido curto afirma não sair de casa

Gabriel Pinheiro, do estadao.com.br

 

Aluna deixa Uniban escoltada por policiais

Reprodução

Aluna deixa Uniban escoltada por policiais

SÃO PAULO – "Perdi a dignidade, nem do portão da minha casa eu passo com medo de ser reconhecida na rua". Para a estudante de turismo de 20 anos que teve de deixar a universidade escoltada pela polícia sob gritos e ameaças dos colegas na semana passada, a humilhação ainda está longe de acabar. "Estou na frente do computador há dias, minha mãe está em choque", desabafou a jovem, bastante emocionada e se esforçando para segurar o choro, em entrevista ao estadao.com.br. Tudo porque ela escolheu ir à aula com um vestido curto.

Segundo a estudante, que pediu para não ser identificada, o episódio começou "como uma grande brincadeira". Vestida para uma festa que iria na

quele noite, ela conta que no início arrancou muitos elogios com seu visual, mas a situação aos poucos inverteu. No intervalo das aulas, um "verdadeiro coral ridículo de gritos de puta" a acompanhou até que deixasse o prédio. O incidente ganhou proporções ainda maiores quando as filmagens da jovem sendo ofendida no campus da Uniban de São Bernardo caíram na internet

"Conforme foi passando o tempo, os alunos foram se aglomerando na porta da minha sala. Eu não podia sair. Eles a chutavam, pedindo ao professor que liberasse a loira gostosa. Alguns gritavam: ‘tira ela do cativeiro’", relata a estudante. "O professor não saiu da sala em nenhum momento, minhas amigas cobriram as janelas e o coordenador do curso chegou com um jaleco, pedindo que eu vestisse."

Depois de algum tempo, a jovem afirma que os seguranças da universidade chegaram. Mas, em vez de ajudá-la, tentaram lhe passar "lições de moral". "Eles foram os primeiros a me recriminar, perguntaram: ‘você acha que é bonito o que está fazendo? Então comecei a chorar." Finalmente, uma amiga resolveu chamar a polícia. "Quando soube que polícia estava vindo, um segurança mandou minha amiga calar a boca, disse que não era para ela ter feito aquilo. Um aluno acabou indo para cima dele, deu confusão."

Por fim, de acordo com a estudante, os policias chegaram, dispersando o tumulto com spray de pimenta. "Sai de lá escoltada por seis homens, o mais rápido que pude. Mulheres colocavam celulares na minha cara, corriam atrás de mim, para filmar meu rosto chorando. Os policiais tiveram que me levar até a minha casa." Ela ainda acusa funcionários e professores da universidade de terem a ofendido. "Vi alguns dizendo que eu mereci. Quando passei pela sala dos professores também vi dedos apontados para mim, funcionários da limpeza me xingando. Não foram só os alunos."

Nesta sexta-feira, a estudante terá uma reunião com a reitoria da Uniban para discutir o incidente. Ela, porém, revela que não pretende desistir do curso. "Eu paguei, pretendo voltar."

A Uniban, em nota, afirmou que instaurou sindicância. "Alunos, professores, seguranças e também a aluna estão sendo ouvidos individualmente", informou. A universidade "pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o regimento interno".

Veja também:

link Aluna é vítima de assédio em massa

link ‘Linchamento’ da estudante reflete problemas sociais

link ‘Fiquei muito assustada, chorei, entrei em desespero’


‘Costumo usar vestidos curtos e calças apertadas’, diz aluna hostilizada no ABC

‘Eles estavam possuídos, fiquei com muito medo’, afirmou estudante.
Tumulto aconteceu no dia 22; estudante teve que ser escoltada pela PM.

Do G1, com informações da Agência Estado

 

Estudante mostra vestido que usou na quinta-feira (22) e causou polêmica na faculdade (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)

"Costumo usar vestidos curtos e calças apertadas, assim como outras meninas. Naquele dia, tinha pegado ônibus, andado na rua e ninguém disse nada", contou a estudante de 20 anos do curso de turismo hostilizada por alunos na quinta-feira (22) por usar roupa curta na Uniban, em São Bernardo do Campo, no ABC.

A Polícia Militar foi chamada por colegas da jovem para conter o tumulto e permitir que a garota deixasse a faculdade. Muitas pessoas filmaram a cena e divulgaram as imagens no site de vídeos YouTube, na internet. A universidade pediu para que o conteúdo fosse retirado.

 A garota lembra que saiu coberta por um avental branco. "Eles estavam possuídos, fiquei com muito medo", afirmou uma semana depois do ocorrido. Em nota divulgada na quinta-feira (29), a Uniban afirmou que instaurou uma sindicância. "Alunos, professores, seguranças e também a aluna estão sendo ouvidos individualmente", informou a universidade.

A Uniban "pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o regimento interno".

Pelas cenas e depoimentos de presentes, o tumulto começou quando a aluna subia por uma rampa até o terceiro andar e os alunos começaram a gritar. Ela ficou trancada em uma sala e, com a ajuda de um professor e colegas, chamou a polícia, que a escoltou até a saída da universidade. A estudante pediu para que seu nome não fosse divulgado.

Saia curta

Anderson Araújo de Oliveira, colega de classe da jovem, disse ao G1 que quando chegou à aula, um pouco atrasado, encontrou vários alunos aglomerados na porta de sua classe, tirando fotos e gravando vídeos com o celular. Ao entrar na sala, disse que queria ligar para a Polícia Militar.

“Ela estava com uma roupa meio insinuante, o pessoal da faculdade ficou perseguindo para vê-la. Quando eu cheguei, já estava uma confusão. Ela estava lá dentro, com os outros alunos e o professor”, contou o estudante.

De acordo com Oliveira, a estudante estava com um
vestido “muito curto, rosa, bem curto”. Segundo o estudante, a universidade não procurou os alunos coletivamente para comentar o caso ou fez alguma punição.

 

saiba mais

  • Aluna com pouca roupa provoca tumulto em universidade e vídeo cai na web

    Aluna é insultada por usar vestido curto

    Os colegas fizeram vídeos e fotos e agrediram a estudante verbalmente. Ela teve que sair da universidade escoltada por policiais.

    JORNAL HOJE

    Uma estudante teve que sair da faculdade escoltada pela Polícia, enquanto era vaiada pelos colegas. A moça usava um vestido curto e acabou sendo hostilizada pelos outros alunos.

    As cenas estão na internet e mostram o que aconteceu na universidade na noite de 22 de outubro. Os alunos se aglomeram em frente a uma das classes que está com a porta fechada. Vários gravam imagens e tiram fotos com celular.

    Pouco depois, a Polícia Militar chega e escolta a moça para fora da universidade. De cabeça baixa e usando o avental de um professor, ela atravessa um corredor de estudantes que gritam palavrões.

    Uma foto mostra a estudante assistindo às aulas com o vestido que provocou toda a confusão. Em outra imagem, ela aparece em pé e, em outra, entrando na sala.

    O caso chamou a atenção de especialistas em educação. Para Mário Sérgio Cortella, nada justifica a atitude agressiva dos alunos.

    “A jovem tem o direito de utilizar a roupa que deseja, desde que ela não ultrapasse aquilo que é a norma coletiva, a convivência. Aqueles que reagiram de forma absolutamente exagerada, podiam tê-la reprovado do ponto de vista estético, se não desejavam a roupa daquele modo, mas, jamais, do ponto de vista ético, que é a agressão, a brutalidade, a violência, o desrespeito, a intolerância”, diz o educador.

    Em nota, a universidade informou que abriu uma sindicância para apurar o que realmente aconteceu, mas confirma as manifestações de caráter ofensivo sofridas pela estudante.

    Na tarde desta sexta-feira, a aluna vai se reunir com representantes da universidade.
    No encontro, será decidido o que vai ser feito daqui pra frente. Há uma semana, a estudante de turismo não freqüenta as aulas, mas já disse que quer voltar à faculdade.

    “Numa escola, onde a lógica é você poder debater, trazer a reflexão, aceitar aquilo que não é idêntico para poder crescer e criar, isso implica numa intolerância num lugar que chama universidade, onde se acolhe tudo o que é diverso”, diz o educador Mário Sérgio Cortella.

.DISCUTIR SE ESTAVA COM "ROUPA APROPRIADA" OU NÃO OU SE ESTAVA COM VESTIDO MUITO CURTO É UMA FORMA DE TRANSFERIR PARA ELA A CULPA DA VIOLÊNCIA …. É O MESMO QUE DIZER QUE ELA SERIA CULPADA POR ESTUPRO POR SER BONITA OU POR ESTAR COM "PROVOCANTE" … É MACHISMO, É VIOLÊNCIA!

Jovem hostilizada em faculdade quer punição por insultos

Ela terá uma reunião na tarde desta sexta-feira com a reitoria da universidade

Do R7

A estudante que foi insultada pelos colegas por usar uma minissaia muito curta durante uma aula na Uniban disse nesta sexta-feira (30) que espera que alguém seja responsabilizado pelos xingamentos. A jovem, que se identificou somente como Geise, vai ter uma reunião com a reitoria da universidade nesta tarde e só depois ela vai decidir se vai processar alguém.

Os insultos ocorreram no dia 22, no campus de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Geise contou que, além dos alunos, ela foi recriminada por professores e funcionários da universidade. Apesar de todo o constrangimento, a estudante afirma que vai voltar a estudar. 

— Se eu não voltar, vou estar assumindo a culpa. 

 

 


‘Aqui é o Oriente Médio?’, pergunta pai de aluna humilhada por usar roupa curta

Metalúrgico afirma que nunca censurou roupas da filha.
Para ele, pouca vergonha foi humilhação que ela sofreu.

Do G1, em São Paulo

 

Olhos da jovem hostilizada por usar vestido curto (Foto: Marlene Bergamo/Folha Imagem)

O pai da estudante de turismo da Uniban que foi hostlizada por colegas na quinta-feira (22) após ir à faculdade com um vestido rosa curto comparou o incidente aos que ocorrem em países onde mulheres são obrigadas a cobrir todo o corpo. "Estamos no Oriente Médio?", perguntou o metalúrgico Severino Filho, de 55 anos. 

Funcionário de uma montadora em São Bernardo, Severino disse que recebeu solidariedade dos amigos no trabalho. "Todo mundo viu. Ficaram sabendo hoje (sexta)."

"As pessoas acham isso uma baixaria, uma pouca vergonha. Onde já se viu uma coisa dessas? Você vai estudar e junta gente… A gente está no Oriente Médio?" 

Pai de três mulheres e um homem, Severino Filho disse que não tenta impor à filha de 20 anos um modo de vestir. "Não adianta. Quando quer, não adianta. Na realidade, o pai e a mãe não proíbem. Tem gente que gosta mesmo e não adianta", afirmou.

Severino criticou a administração da universidade, que para ele deveria ter mais estrutura para impedir incidentes deste tipo. "A primeira coisa é que tinha que ter segurança lá e ninguém tomou providência. Teve que a polícia ir para resolver o negócio. O que é isso? A escola tem que dar segurança", afirmou.

A Uniban instaurou uma sindicância para apurar o caso e disse que pretende "aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o seu regimento interno".

Nesta sexta, a mãe da jovem se reuniu com representantes da universidade para discutir o assunto.

A confusão na universidade ocorreu em razão da roupa considerada curta por colegas da faculdade, que a xingaram e provocaram um tumulto pelos corredores. A Polícia Militar foi chamada por amigos dela para conter a confusão e permitir que a garota deixasse a faculdade a salvo. Muitas pessoas filmaram a cena e divulgaram as imagens no site de vídeos. A universidade pediu para que o conteúdo fosse retirado.

 

“Me senti um bicho, uma criminosa”, diz estudante da Uniban

Geisy Vila Nova Arruda foi hostilizada na faculdade porque foi assistir às aulas de minivestido

Eduardo Marini, do R7

Geisy Vila Nova Arruda, 20 anos, 1,70 metro, loira, olhos verdes, é a terceira dos quatros filhos de um casal de classe média baixa de Diadema, cidade do ABC paulista. Estuda no primeiro ano de Turismo da Universidade Bandeirante, campus São Bernardo do Campo, também no ABC. Na quinta-feira (22), ela foi vítima de um dos mais insanos atos coletivos de que se tem not

ícia nos últimos tempos. Centenas de estudantes, inclusive mulheres, a atacaram com palavrões, termos chulos e ameaças de agressão e de estupro pelo simples fato de ela usar um minivestido. Nesta entrevista – concedida ao R7 na sexta-feira (30) com o mesmo vestido usado no episódio que ganhou as páginas do YouTube -, Geisy lembra que sentiu “medo e vergonha”. E alerta: “vou processar muita gente”.

loira-vestido-r7-tv-20091030

Veja o vídeo feito por alunos dentro da universidade.

R7 – Os gritos e palavrões começaram assim que você chegou ao campus?
Geisy Vila Nova Arruda – Não. Cheguei por volta de 19h50 e fui direto para a sala. Na entrada, ouvi um ou outro comentário, um “gostosa” aqui, um outro ali, mas nada grave ou fora do aceitável. A coisa começou a ficar feia quando fui ao banheiro, por volta de 20h40. Meninas me olharam muito feio no banheiro. Se alguma disse algo, não ouvi. Mas, na volta para a sala, começaram com os palavrões. Alguns tentaram colocar o celular embaixo do meu vestido para fotografar.

R7 – Você voltou para a sala de aula?
Geisy – Sim. E trancamos a porta. Foi quando a situação começou a sair de controle. Eles chutavam a porta, batiam na janela, tentavam filmar tudo com os celulares. Gritavam: “puuu-ta, puuu-ta”, “deixem ela com a gente”, “nós vamos estuprar”, “vamos linchar” e outras coisas terríveis. Tive medo e muita vergonha. Era como se eu fosse um bicho, uma criminosa. Fiquei em estado de choque. Não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo. Ainda estou assustada. Diga-me uma coisa: se eu fosse prostituta, existiria uma justificativa para me agredirem? Então está correto sair pelas ruas identificando prostitutas para bater ou cometer estupro só pelo fato de elas serem prostitutas? Claro que não. Isso é preconceito, retrocesso, burrice, estupidez. Uma falta total de civilidade. 

R7 – Este seu vestido me parece normal. Diante do que é possível ver em algumas faculdades urbanas brasileiras, diria que é até comportado…
Geisy – É o que eu penso.

R7 – Você já foi à aula com roupas semelhantes?
Geisy – Claro. Com vestidos até mais decotados e ousados. Tenho fotos no Orkut com roupas bem mais curtas. Eu me visto dessa forma. Gosto de ser assim. É um direito que tenho.

R7 – E aí?
Geisy – A faculdade cometeu vários erros. Demorou muito a mandar seguranças para a sala. Um deles, em vez de pensar em como resolver a situação, passou a me repreender. Fazia perguntas do tipo “francamente: isso é roupa para vir estudar?” e “você não tem vergonha?”. Imagine a situação: as pessoas da sala com medo e os caras pensando em repreensão, em falso moralismo. O que eles têm a ver com a maneira como me visto? Quero lembrar duas coisas importantes. Primeiro: a polícia foi lá para proteger a minha vida, a do nosso professor e a dos meus colegas de turma, e não para me expulsar do campus, como muitos disseram. Segundo: minha turma toda ficou ao meu lado. Ninguém apoiou aquela loucura.

 

R7 – A coisa piorou mesmo na saída da sala, não é mesmo?
Geisy – Isso. Deram-me um jaleco para vestir. Enquanto eu andava escoltada pelos policiais, o pessoal gritava feito louco. Um detalhe curioso: os homens ficaram mais descontrolados e as ofensas verbais aumentaram quando as mulheres se aproximaram e fizeram críticas. Acho inveja de mulher, quando quer competir ou criticar outra mulher, a pior coisa do mundo. Nada é mais terrível. Muitas das que gritaram pareciam estar era colocando para fora uma inveja pelo meu jeito livre e alegre de ser. Uma das mais enlouquecidas era uma menina que, inclusive, pega ônibus comigo. Berrava de forma descontrolada. O mais curioso é que, no ônibus, ela sempre fica quietinha.

R7 – E os rapazes?
Geisy – Eles pareciam possuídos. Tinham maldade nos olhos. Gritavam: “vamos filmar e colocar no YouTube”. Naquela noite, quando cheguei em casa, fui direto para Internet. Não deu outra: estava lá, no YouTube.

R7 – Quem você vai processar?
Geisy – Já tenho advogado. Vou processar e pedir indenização a todos os que colocaram essa coisa na Internet, com aqueles títulos deploráveis, palavrão e tudo o mais. Eles postaram lá para me humilhar, mas a imprensa virou o jogo e agora estão todos com medo das consequências. E elas, se Deus quiser, serão duras. Se meu advogado julgar oportuno, deverei processar a Uniban, os alunos que forem identificados por minhas testemunhas e até professores que disseram o que não deveriam ter dito. Como me chamar de fulana e de outras coisas piores.

R7 – Como era seu relacionamento na Uniban antes do caso?
Geisy
– Normal. Nunca tive nada grave com ninguém.

R7 – Acha que fariam isso contigo se você fosse de família rica ou filha de alguém influente na universidade?
Geisy – De jeito nenhum.

R7 – Você agora ficou conhecida. Deverá receber convites…
Geisy – Já entendi o que você quer saber. Posar nua eu não aceito. Reality show, para mim, seria monótono. Não agüento ficar muito tempo trancada. Mas, se for algo bom, quem sabe?

R7 – Como espera ser recebida de volta na faculdade?
Geisy – Não preciso que as pessoas me peçam desculpa, mas queria voltar de cabeça erguida e ser respeitada. Se por acaso alguém me aplaudir, vou gostar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *