Adital – Quando não há água em seus lares, as mulheres rurais, urbanas, mestiças e indígenas triplicam sua jornada de trabalho, pois seguem sendo as encarregadas de abastecer este recurso. Frente a esta realidade, a Comissão Nacional de Água (Conagua) "tem ouvidos surdos", afirmou Brenda Rodríguez Herrera, da Rede de Gênero e Meio Ambiente (Regema), durante o Forum Ecológico "Salvemos ao Planeta e Apresentação da Agenda Latinoamericana 2010".
A multiplicação das horas de trabalho em consequência da escassez da água provoca nas mulheres dores nas costas, nos quadris e estresse, pela preocupação de carecer deste recurso, que além de ser indispensável para realizar as tarefas domésticas também o é para que levem a cabo suas tarefas como produtoras ou artesãs, assinalou hoje Rodríguez Herrera, no forum convocado pela Secretaria Nacional de Comunidades Eclesiais de Base.
Durante o ato, do qual também participaram representantes das organizações Greenpeace e da campanha "Sem Milho não há País", a especialista no tema de mulheres e água acrescentou que quando há em casa pessoas doentes em consequência do consumo de água contaminada, as mulheres se veem afetadas porque são elas que cuidam dos enfermos, pela "reprodução dos papéis de gênero".
Neste sentido, o tema da contaminação da água afeta de forma direta às mulheres, sobretudo às rurais, que com frequência se veem obrigadas a lavar em rios contaminados. Isso lhes provoca "graves" infecções nos olhos, na pele, vaginais, gastrointestinais, entre outros males, explicou Brenda Rodríguez.
Outro aspecto, de igual importância, disse, é que na tomada de decisões e formulação de propostas sobre a gestão deste recurso se siga excluindo as mulheres nos três níveis de governo.
O "grande problema" do abastecimento de água no país reside no fato de que não há "uma boa administração" do recurso, devido à falta de responsabilidade do resto dos setores, como o empresarial, as indústrias e as instâncias de governo. Exemplo do anterior são as campanhas midiáticas dirigidas exclusivamente à cidadania.
Nos meios de comunicação os spots da Conagua referem a imagem das mulheres lavando nos lavadouros, como se isto significasse um desperdício de água quando, segundo a especialista, a população que "menos tem" é a que menos gasta e delas as mulheres são as que mais cuidam da água.
No país, de 100% deste recurso, 75% se destina à agricultura, 10% à indústria e 15% para uso público. No entanto, quem mais gasta são as indústrias, pelos "altos" níveis de contaminação.
A notícia é da Cimac, por Guadalupe Cruz Jaimes
fonte: ADITAL