Uma corte da África do Sul condenou à prisão dois homens acusados de envolvimento no estupro coletivo, agressão e assassinato da jogadora de futebol lésbica Eudy Simelane.
A condenação de Themba Mvubu, de 24 anos, à prisão perpétua, e de Thato Mphithi, de 23, à 32 anos, na terça-feira, foi classificada como "um avanço" por ativistas de defesa dos direitos dos homossexuais que acompanharam o julgamento em Delmas, nos arredores de Johanesburgo.
Outros dois homens foram inocentados de participação no crime por falta de provas, mas o juiz do caso, Ratha Mokgoathleng, disse a eles que "Deus irá julgá-los".
Simelane, de 31 anos, era atacante da seleção feminina sul-africana e ficou conhecida por ser uma das poucas mulheres do país a assumir publicamente sua homossexualidade.
Apesar de a corte ter rejeitado o argumento de que houve uma ligação entre o crime e o fato de Simelane ser lésbica, ativistas usaram o julgamento para tentar chamar a atenção para o aumento de casos no país do que chamam de "estupro corretivo", que teria por objetivo punir a vítima ou "curá-la" de sua orientação sexual.
Aumento de crimes
Ainda na terça-feira, o Serviço Policial Sul-Africano divulgou seu relatório anual, segundo o qual o número de crimes sexuais disparou no país, com um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.
Além disso, um estudo realizado no início do ano em algumas regiões da África do Sul mostrou que um em cada quatro homens admitiu já ter forçado uma mulher a fazer sexo contra sua vontade.
O caso de Simelane voltou à tona quando o país ainda debate o tratamento dado à atleta sul-africana Caster Semenya, cujo gênero sexual foi contestado pela Federação Internacional de Atletismo após ela ter conquistado a medalha de ouro nos 800 m no Mundial de Atletismo realizado em julho, em Berlim.
O ministro dos Esportes da África do Sul, Makhenkesi Stofile, afirmou que Semenya foi tratada de uma maneira “nojenta e antiética”. Segundo a imprensa do país, Semenya estaria agora recolhida e sob estado de grande estresse emocional.