Algumas centenas de pessoas estiveram acompanhando com entusiasmo a 5ª Caminhada Lésbica de Brasília, realizada neste sábado (29/8) na tarde e início da noite. A manifestação política e cultural dos movimentos feministas e de lésbicas de Brasília foi para dar visibilidade social à luta contra a lebofobia, uma crítica direta ao patriarcado e ao machismo, que caracterizam nossa sociedade.
O preconceito e toda carga misógina da sociedade que se abate contra as mulheres é muito maior contra as mulheres que amam outras mulheres. Na Igreja Católica, por exemplo, vê-se uma grande tolerância da hierarquia com respeito ao homossexualismo masculino, não só porque exista um percentuai grande de padres, bispos e cadeais gays, mas principalmente porque o reino machista não permite às mulheres o amor sexual, o prazer e o orgasmo. Um frio na espinha corre quando esses hipócritas pensam nas mulheres se amando. O mesmo acontece em outras igrejas e religiôes, que acabam colocando a mulher como símbolo de tudo o que é ruim e que causa dano.
Esse tipo de visão distorcida e misógina percorre a sociedade como um todo. Nos últimos anos, ela tem se aberto um pouco mais à aceitação do relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas, mesmo assim, as lésbicas são muito reprimidas e desrespeitadas todos os dias.
O que esta caminhada quis mostrar é que a luta contra essa sociedade machista tem nas mulheres sua principal frente de luta. E fortalece essa luta. Em número de pessoas que sipatizam com a causa e em qualidade política.
Outra coisa que chama a atenção, pelo menos nos movimentos de Brasília, é que as lésbicas não se inclunaram pelo caminho de manifestação “comerciais”, que acabam dando mais ênfase a aspectos pitorescos e figurativos da condição lésbica e homossexual. A Caminhada deu ênfase à condição real de luta contra a sociedade capitalista, machista, que usa a mulher como mercadoria, que precisa manter a mulher sob regras estritas de comportamento, negando-lhe o prazer, o amor e a liberdade.
As lésbicas ainda têm um caminho longo à frente. No campo institucional, com novas leis que venham a limpar nossa legislação do preconceito e da lesbofobia reinantes. No campo cultural e ideológico, para fazer nascer uma sociedade com outro olhar para o amor das mulheres, garantindo-se a liberdade sobre seu corpo e prazer. No campo político, fazendo com que os homens saibam repartir e compartilhar o poder com as mulheres.
Brasília – Quinta edição da Caminhada Lésbica na capital federal marca o Dia da Visibilidade Lésbica Foto: José Cruz/ABr