Todos os encontros e seminários feministas realizados nos últimos anos no Brasil têm apresentado, em suas conclusões, o reconhecimento unânime de que a formação e educação são carências que precisam urgentemente ser tratadas pelas entidades feministas como meio de promover o empoderamento das mulheres e maior capacidade de ação das organizações feministas.
O que fazer?
Uma grande quantidade de entidades feministas tem procurado, com muito esforço individual, criar e manter programas de formação e atividades educativas. Apesar da dedicação de várias militantes feministas, os orçamentos exíguos das entidades e movimentos não permitem investimentos em educação de forma a produzir efeitos que promovam impactos significativos e observáveis na qualidade da atuação feminista e na quantidade de pessoas mobilizadas.
Esse reconhecimento fez o Centro Feminista de Estudos e Assessoria – CFEMEA elaborar um projeto de organização coletiva de uma instituição que consiga congregar, catalisar e fomentar ações educativas, formativas, de pesquisa e de mobilização criativa no espaço político e organizacional da Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB. Nasceu acima idea de criação da Universidade Livre Feminista, nos moldes das antigas universidade livres europeias (que também estão sendo retomadas agora em vários países, a exemplo da Espanha).
A proposta é organizar um espaço político, acadêmico, educacional e institucional, mantido e coordenado pelas próprias feministas que se associarem a este projeto. A Universidade Livre Feminista, nesse contexto, é e será um espaço de ensino-aprendizagem que articula novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) com processos presenciais e tradicionais de educação e mobilização; um ambiente de estímulo à pesquisa e à investigação sobre questões de gênero e feminismo; um repositório de documentos, de livros, vídeos e pesquisas; um divulgador e comunicador de ideias, ações e eventos do movimento feminista e um espaço de articulação de debates, trocas e intercâmbios de conhecimento.
O que começou a ser feito?
Dessa forma, mesmo sem recursos financeiros e contando somente com o trabalho voluntário de algumas pessoas em Brasília, foi criado um sítio na internet para divulgação da proposta e articulação de entidades para levar a diante o projeto (www.feminismo.org.br e www.feminista.org.br ). Esse sítio, ao mesmo tempo em que reúne notícias e matérias sobre temas de interesse das feministas brasileiras (e latinoamericanas), serve como elemento mobilizador de entidades e militantes. Não à toa recebe atualmente uma média de 5.300 visitas ao dia.
Junto ao sítio de informação e comunicação, a Universidade Livre Feminista tem mantido uma biblioteca, BIBLIOTECA FEMINISTA, com o intuito de conservar e colocar à disposição das feministas textos, documentos, teses acadêmicas, livros e relatório das organizações que mantêm a Universidade e de feministas que colocam ao público suas produções. A Biblioteca foi iniciada como parte do sítio da Universidade, mas seis meses após sua implantação sofreu um “ataque” de crackers que a destruiu e obrigou a se refazer todo o sistema. Atualmente a Biblioteca está sendo refeita no endereço www.bibliotecafeminista.org.br e em breve será transformada também em um sistema de indexação de acervos físicos de entidades feministas. A média de visitas a Biblioteca é de 2.000 por semana, o que resulta em uma coleta de quase 4.000 arquivos semanais.
Com a Biblioteca, foi criada igualmente a a TV FEMINISTA, uma biblioteca de vídeos que devem servir de suporte e estímulo a debates e a programas educativos (curso, rodas de discussão etc.). A TV Feminista reúne produções de entidades brasileiras e pessoas do exterior em português, inglês, castellano, francês e italiano. Atualmente são mais de 3.000 vídeos que são consultados mais de dez mil vezes ao dia e assistidos, na íntegra, por metade desses/dessas consulentes. Só em português há mais de 1.000 vídeos.
Cursos
O primeiro curso oferecido, começou com um pouco mais de 500 participantes. O curso Trilhas Feministas na Gestão Pública foi elaborado pelo Cfemea para auxiliar as ativistas feministas que participam de conselhos e de organismos públicos de gestão de políticas a entenderem e articularem sua ação política, compreender o orçamento público e as lógicas administrativas governamentais. Inaugurando a plataforma de educação a distância (www.nota10.org.br) este curso está servido de meio para testagem do sistema Moodle de educação a distância e para a formação de uma base técnica na Universidade para a produção e veiculação de outros cursos.
Outro curso está em preparação, sobre violência contra a mulher e feminismo. E um foi colocado à disposição das participantes da Universidade Mulher e Participação Política, preparado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Articulações
Além das articulações e entendimentos nacionais, o Cfemea tem agido em plano internacional para estabelecer ligações da Universidade Livre Feminista com redes latinoamericanas e europeias para criar oportunidades de apoio técnico e financeiro para o desenvolvimento de cursos e atividades afins.
A partir dessas iniciativas, um grupo de entidades feministas e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres apresentaram, em 2010, ao Unifem (atual ONU Mulher) um projeto de financiamento que contempla a realização, em 2011 e 2012, de cursos e ações que devem apoiar a institucionalização da Universidade Livre Feminista em fins de 2011.
Esse projeto foi aprovado e agora em 2011, e também nos dois anos seguintes, várias entidades feministas estarão trabalhando de forma articulada. Alguns produtos desse trabalho serão veiculados pela Universidade Livre Feminista e outros terão nela sua base de educação.
Como participar?
Há várias formar de participar desse projeto. Certamente sua entidade tem o desejo de promover um curso sobre algum tema feminista com o quel trabalham, mas têm alguma dificuldade em fazê-lo, ou falta de experiência com a tecnologia da informação, ou porque nunca fizeram um antes etc. Nós estamos aqui para ajudá-la a realizar o curso. Podemos ajudar desde o planejamento até a execução.
Se você e sua entidade quiserem ajudar no enriquecimento da BIBLIOTECA FEMINISTA. É muito fácil, podemos criar um login e uma senha para que façam o armazenamento de textos e documentos na Biblioteca.
Se sua entidade tiver alguma coleção de vídeos próprios ou que possam tornar público, podemos fazer como fizemos com o Cfemea e com o Instituto Patrícia Galvão, podemos criar um canal de TV para vocês e todos os vídeos que colocarem lá poderão ser vinculados também com a TV FEMINISTA.
Fóruns e redes podem manter na Universidade Livre Feminista espaços de debates (abertos ou restritos), para fomentar a discussão sobre temas de interesse dos movimentos feministas. Quer criar e animar um desses fóruns. Entre em contato que lhe daremos todo o apoio necessário.
No ano de 2009, a ideia da Universidade Livre Feminista foi debatida no Cfemea e com várias entidades feministas. Concordamos em levar adiante o projeto, com os poucos recursos existentes.
Em 2010, foi lançado o primeiro curso da Universidade, orientado a gestoras, part
icipantes de conselhos de mulheres e ativistas feministas. Haverá um livro impresso e um curso na internet, na plataforma Moodle, instalada na Universidade Livre Feminista (www.nota10.org.br/curso). Até este momento, a Universidade Livre Feminista tem sido mantida pelo trabalho voluntário e dedicação de algumas pessoas que acreditaram desde o início em sua proposta e tem recebido apoio financeiro do Cfemea.
Em 2011, além de mais dois ou três cursos, vamos avançar em todas essas frentes. No final desse ano pretendemos inaugurar formalmente a Universidade.
Venha com a gente nessa aventura!
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